A França também está no rol dos grandes beneficiários da Guerra da Ucrânia, basicamente porque o estado francês não se baseia na mera administração para tempos de paz, a França é um país voltado para a guerra, um país que tem uma estrutura armamentista e é exportador de armas \1
... para o mundo, notadamente o continente africano. Diferentemente da Alemanha, com baixos gastos militares, que lucrou com a expansão da sua economia tomando a direção da União Europeia, a França tem agora a sua chance e vai aproveitá-la. Isso explica a rusga diplomática \2
causada pela formação da organização de defesa mútua formada por Austrália, Reino Unido e Estados Unidos (AUKUS, na sigla em inglês) e a preferência dada à compra de submarinos australianos em detrimento dos franceses. Se observarmos as condições francesas, como o comércio \3
externo, a França não tende a ser duramente afetada com o isolamento chinês como decorrência de sua aliança com a Rússia porque ela mantém apenas 5% de suas exportações para o gigante asiático e, outro ponto fundamental, tem uma pequena dependência da importação de combustíveis\4
já que não desativou usinas nucleares como a Alemanha, muito pelo contrário, mantendo sua segurança energética através das usinas nucleares. Como se não bastasse ainda é um exportador de alimentos. Então, a França tem tecnologia, armamentos, alimentos e energia, toda uma \5
combinação que lhe garante segurança, estabilidade e desenvolvimento em tempos conturbados. Ao contrário da Alemanha que se beneficiou de tempos de paz, a França tem uma economia mais controlada, burocrática e menos dinâmica que lhe garante maior estabilidade em tempos de guerra.
Além disso seu excesso de regulamentações impediu que se abrisse à dependência russa, além do que, em sua posição geográfica estratégica, no campo oposto à Rússia no continente europeu, ela pode (e vai) se beneficiar da direção da OTAN contra a Rússia.
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Bem, os Estados Unidos da América foram os grandes vencedores, não apenas pela expansão e galvanização da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas pela situação de dependência de segurança do continente europeu em relação à organização e aos EUA. Poucos anos atrás,\1
...Emmanuel Macron disse que a OTAN sofria de “morte cerebral” e em alguns meses o espírito que criou esta organização militar está mais forte do que nunca. Os europeus acreditaram piamente que a Rússia não seria capaz de invadir a Ucrânia, que os constantes alertas eram \2
...paranoicos, mas assim como Lavrov mentia Putin planejava o ataque com meses de antecedência. Dizer como faziam os europeus que “o cenário da guerra (com a China) está muito distante de nós” para justificar sua neutralidade em relação à contenda sino-americana não faz mais \3
A China sabe que tem a Rússia nas mãos, o isolamento financeiro e fuga de empresas europeias do território russo jogou o país no colo de Pequim, que saberá utilizar esse trunfo para si, contra a Europa e os EUA. A Europa mesmo tentará escapar o mais rapidamente possível da \1
...dependência do gás russo tornando a pátria de Putin um anexo econômico do gigante chinês que continuará seus planos de expansão. Isso atrairá a força militar americana para o teatro de operações asiático, mais do que os ocidentais gostariam, dissipando os esforços de \2
...Washington em dois flancos, o europeu e o asiático. Se antes Moscou vários países com os quais influenciar (e jogar), inclusive financiando candidatos anti-União Europeia, agora tem que lidar com um partido centralizado que acaba de sedimentar o poder de Xi Jinping para \3
Quando vejo alguém como @ViniciusPoit, dep. fed. pelo @partidonovo30 por SP dizer que devemos rejeitar @LulaOficial por "flertar com ditaduras como a da China socialista", a quantidade de erros aí contida é tamanha que nem sei por onde começar, mas vamos lá... \1
Sim, o governo petista tendia ao socialismo, embora nunca o concretizasse, pela dificuldade de implantá-lo em economias já consolidadas como a do Brasil, mas se vc entende "socialismo" como definem as sociais-democracias europeias, então se torna mais difícil ainda porque... \2
uma base econômica bem estruturada e isto subentende elevada produtividade econômica. Do contrário não teremos muito o que partilhar ou o que cobrar para implementar reformas básicas necessárias na estrutura do estado, como educação, saúde pública e segurança eficazes. \3
Qual o problema com o PT? É exatamente o mesmo do "professor" de sociologia que, ao invés de tentar entender o fenômeno, simplesmente veste o uniforme do militante e sai a doutrinar corações e mentes. Exemplo? Porque Obama foi eleito e reeleito em um país que depois elegeria /1
seu rival? Não faz sentido? É porque o sentido não é o mesmo que vc espera. E Trump seria reeleito não fosse pela pandemia.
Analogamente, por que Lula recebeu mais votos até agora enquanto que o mesmo não ocorreu de forma avassaladora com seus apoiadores no legislativo? /2
Dizer que é "burrice do povo" é exatamente a arrogância petista/de esquerda a que me refiro. A grande maioria dos eleitores parece usar o candidato como um representante a la carte (esse me serve para isso, esse não me serve), não tendo um programa a priori para todo e /3
Quando John McCain fez seu discurso da derrota para Obama pediu que não o vaiassem, quando Emmanuel Macron fez seu discurso da vitória contra Le Pen também pediu que não a vaiassem. Ambos foram aplaudidos por sua nobreza. Quando Bolsonaro derrotou Haddad, chamou seus apoiadores
petistas de "vermes" e ameaçou-os expulsar do país. A diferença de um estadista para um governante qualquer é que o primeiro une o país, se sacrifica por ele, mas o segundo quando se vê acuado, usa seu receituário de expiação de um fictício mal absoluto. Enquanto os primeiros
estendem a mão, os demais apontam quem irão acusar. A História está cheia deles, mas muito mais cheia está de vítimas que se sacrificam por déspotas tal como gado que ruma para o abatedouro.
Agora, se vc apontar um defeito nas operações russas está torcendo para a Ucrânia (e não digo que não deva, mas não é este o ponto), mas se depois disso procurar entender porque a Rússia está levando a melhor (ao menos militarmente) e afirmar que mudou algo em sua estratégia irão
te acusar de "defender a Rússia". A insanidade é tanta, que a guerra de narrativas, como tem sido chamada não se limita a seus interessados diretos, mas a uma imensa claque para cada prato a ser consumido, "o seu time" ou "sua igrejinha ideológica". Rapidamente, Putin invadiu,
ele é o bandido ou o criminoso internacional, genocida, como preferirem chamar, mas isto não me exime de tentar entender todo o processo do início ao fim, todos os erros (mesmo os cometidos para defender uma causa maior, como inventar uma história para comover a opinião pública