No #DomingoDecolonial de hoje, vamos lembrar de alguns casos em que gringos roubaram ideias de artistas do sul global, principalmente brasileiros. Europeus e estadunidenses parecem acreditar que africanos e latinoamericanos não acompanham o que acontece no mundo.
O caso mais famoso no Brasil talvez seja o do plágio da música "Taj Mahal", de Jorge Ben, no hit "Da ya think I'm sexy", interpretado pelo escocês Rod Stewart. Em 1979, o Fantástico veiculou uma reportagem a respeito.
Processado, Stewart reconheceu Jorge Ben como compositor de um de seus maiores sucessos e ambos concordaram que o faturamento com os direitos autorais seria doado ao Unicef. aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/alman…
Em 2002, o jornal britânico The Guardian noticiou que o escritor canadense Yann Martel plagiou o argumento do livro "Max e os felinos", de Moacyr Scliar, em seu "A vida de Pi". Martel venceu o Booker Prize copiando Scliar e levou 75 mil dólares. theguardian.com/world/2002/nov…
Enquanto Stewart conheceu a música de Jorge Ben no carnaval do Rio e talvez a tenha copiado inadvertidamente, Martel afirmou ter obtido o argumento lendo uma resenha e ainda afirmou não ter lido Scliar porque não pretendia se sujeitar ao contato com um "escritor menor".
Scliar infelizmente não conseguiu - ou não quis - levar Martel à justiça. Resta o consolo de que o canadense foi obrigado a se explicar sobre o assunto na imprensa muitas vezes. m.folha.uol.com.br/ilustrada/2013…
Como lembrou o @genereporter, recentemente Toninho Geraes decidiu processar a cantora estadunidense Adele por identificar um plágio de "Mulheres" na música "Million years ago". g1.globo.com/pop-arte/music…
@genereporter O #DomingoDecolonial de hoje é inspirado pela série #Netflix1899, contra a qual a quadrinista brasileira @marycagnin tem evidências bastante convincentes de roubo de ideias. Comprem os quadrinhos, leiam e evitem dar audiência a ladrões europeus.
@genereporter @marycagnin Ironicamente, o próprio @NetflixBrasil lançou em 2019 o documentário "ReMastered: o Rei Leão e o músico esquecido", que conta a história de plágio envolvendo uma das músicas mais famosas do século XX, "The lion sleeps tonight". pt.wikipedia.org/wiki/Mbube
A história da música composta pelo sulafricano Solomon Linda, plagiada Peter Seeger e depois tornada trilha sonora do filme "O rei leão" foi contada na Rolling Stone por Rian Malan. Todos os envolvidos ganharam dinheiro, menos Linda, que morreu pobre. rollingstone.com/feature/in-the…
Nos casos de Solomon Linda e Jorge Ben, é possível argumentar que até mesmo o contato entre um artista em Londres ou NY com um compositor no Brasil ou África do Sul era difícil décadas atrás. Já Martel, Adele e os produtores da série "1899" não podem usar a mesma desculpa.
A razão pela qual os produtores alemães não fizeram contato com a quadrinista brasileira para oferecer dinheiro ou, no mínimo, pedir autorização é simples: a Europa ainda não abandonou o colonialismo e, na visão deles, o Brasil e seus habitantes estão aí para ser explorados.
Também devem ter considerado que uma artista publicando quadrinhos via crowdfunding, portanto sem uma grande empresa por trás, dificilmente teria condições de buscar reparação judicial. Mesmo Scliar, sob o guarda-chuva da Companhia das Letras, foi incapaz de fazer Martel pagar.
Portanto, resta aos brasileiros fazerem justiça com as próprias mãos e boicotarem a série #Netflix1899 até que o @NetflixBrasil ofereça uma resposta satisfatória - e, de preferência, monetária - ao uso sem autorização da obra de @marycagnin.
@NetflixBrasil @marycagnin Lembrei de outro caso, porque ontem mesmo assisti à refilmagem de "Rebecca", suspense levado às telas primeiro por Hitchcock, com base no livro homônimo de Daphne du Maurier. Esta obra seria plágio do romance "A sucessora", da brasileira Carolina Nabuco, mas nunca foi provado.
Este romance de Carolina Nabuco, além de inspirar Hitchcock, também foi transformado em uma famosa novela da Globo. amzn.to/3GBygO6

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Sep 20
Hoje os gaúchos fazem cosplay de homem do campo para celebrar a derrota em uma guerra separatista cujo principal objetivo era reduzir impostos para latifundiários e cuja paz foi selada com o massacre dos lanceiros negros, a quem havia sido prometida a liberdade. #20desetembro
Considerando as pesquisas recentes de intenção de voto e o comportamento do agronegócio nos últimos anos, percebe-se que pouca coisa mudou de 1835 para cá. Latifundiários de hoje apoiam um governo autoritário que mata gente não-branca e pobre, em troca de benefícios econômicos.
Uma sugestão de leitura para este 20 de setembro. amzn.to/3DEtgHa
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Jun 16
Há não muitos dias se completaram 20 anos da morte de Tim Lopes. Nem tenho palavras para expressar a raiva, a frustração e o desespero com o Brasil por perdermos mais um jornalista assassinado durante a realização de uma reportagem, justamente nesta efeméride. Trevas.
Ao contrário da morte de Tim Lopes, porém, no caso de Dom Phillips e Bruno Pereira o Estado é cúmplice. As políticas de Bolsonaro e seus apoiadores para a Amazônia e os povos indígenas, de incentivo ao garimpo, à grilagem, ao armamento, levaram a este crime. Aviso não faltou.
Hoje mesmo o presidente sancionou uma lei que na prática legaliza a construção de pistas de pouso clandestinas. A quem interessam pistas sem supervisão da @fab_oficial? Traficantes, garimpeiros, desmatadores, grileiros e o crime organizado em geral. noticias.uol.com.br/colunas/reinal…
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Jun 16
Neste exato momento estou trabalhando na revisão de um artigo sobre como a imprensa brasileira reproduziu desinformação do PR em títulos durante 1 ano da pandemia. Estou decepcionado, mas não surpreso, com o fato do jornalismo ainda não ter se adaptado à desordem informacional.
Como tem muita gente curiosa, vou resumir: analisamos títulos de >100 notícias sobre declarações de Bolsonaro que foram consideradas falsas por checagens, para ver se apenas reproduziam as afirmações falsas, ou faziam algum tipo de qualificação. Adivinham?
~60% apenas reproduziram aspas mentirosas do presidente. 1/4 adicionou algum tipo de contextualização. Menos de 15% colocaram a correção já no título. Não houve diferença significativa entre o 1º e o 2º semestre de 2020, nem entre imprensa tradicional e nativos digitais.
Read 7 tweets
Mar 9
O superintendente foi diretor de Distribuição da CEEE entre 2015 e 2018. A Equatorial comprou a CEEE-D em março de 2021. Hofer foi então para a CORSAN, onde ficou até julho, quando foi contratado pela Equatorial - que por sua vez quer comprar a CORSAN. gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/n…
Seria um escândalo em qualquer país sério um ex-diretor de uma estatal privatizada ir trabalhar para a nova proprietária poucos meses depois da aquisição. Se, ainda por cima, a Equatorial comprar a CORSAN, a AL-RS e o MP precisam ir para cima com tudo.
O mais provável é que os deputados estaduais não façam nada a respeito, porém, já que futricar na CEEE poderia levantar questões complicadas para o PMDB, que governava o RS quando uma fraude foi descoberta - o caso está parado há 26 anos. jornalja.com.br/arquivo/maior-…
Read 8 tweets
Mar 8
De onde vem e para onde vai, também.

A investigação poderia começar pelos empresários que costumam participar dos convescotes do Instituto Millenium, IEE, Fórum da Liberdade...
O pessoal da @agenciapublica já começou o trabalho em 2015. apublica.org/2015/06/a-nova…
@agenciapublica Também pode ser uma boa olhar quem estava no quadro de executivos e conselheiros do Estudantes Pela Liberdade, organização que deu origem ao MBL. O site saiu do ar, mas felizmente existe a @waybackmachine (doem para eles!). web.archive.org/web/2016021105…
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Mar 8
Do Val tem mais talento do que Monark para a contrição: gambiarrou a luz para dar um ar de coitadismo e se fez de vítima com uma suposta ameaça de morte. Prometeu melhorar como pessoa e até admitiu o erro, mas não sem meter um "e o PT? E o Lula?" no final. Uma vez MBL...
A expulsão do MBL, a possível cassação e o opróbrio público ainda são punições muito aquém do necessário para compensar todo o mal que uma das figuras mais perniciosas da esfera pública brasileira causou ao longo de sua carreira, mas já são alguma coisa.
Num dos primeiros vídeos sobre o assunto, Do Val afirmou que as pessoas "precisam aprender a separar palavras de ações". O MBL se construiu distorcendo não apenas palavras, mas também as ações de seus alvos e usando essas falsificações para os crucificarem nas redes sociais.
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