Thread by @TI_InterBr

Na Guatemala, políticos e empresários presos por corrupção da Odebrecht são soltos e aqueles que os investigaram agora estão sob ordens de prisão. A corrupção sempre contra-ataca e de maneira avassaladora.

Em anos recentes, a Guatemala foi um dos países que mais avançaram na luta contra a corrupção. A Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (#CICIG), com apoio da ONU, investigou e processou empresários e políticos poderosos que sempre gozaram de impunidade no país.

Liderada por @Ivan_Velasquez_, hoje Ministro da Defesa do governo progressista de Gustavo Petro na Colômbia, a CICIG processou políticos de diferentes matizes ideológicos e grandes empresários, em um trabalho reconhecido mundialmente.

Os milhões de dólares pagos pela brasileira Odebrecht foram um dos principais focos de investigação de macrocorrupção na Guatemala, assim como em outra dezena de países afetados pela corrupção da empreiteira, com enorme impacto social e desestabilização democrática.

Sob o governo conservador e populista de Jimmy Morales (também acusado), a reação do sistema de corrupção teve início, unindo políticos de diversos partidos, empresários, militares e agentes judiciários.

A reação do sistema ganhou força com a nomeação de Consuelo Porras, uma Procuradora-Geral submissa aos interesses da classe política corrupta, que desmobilizou a luta anticorrupção, contribuiu para anulação de processos e perseguiu investigadores, jornalistas e ativistas.

Em 2018, Iván Velásquez foi expulso do país e, em 2019, a CICIG foi encerrada, depois de realizar o trabalho mais bem-sucedido de enfrentamento à macrocorrupção e à impunidade na história da América Central. A reação dos corruptos não parou por aí e buscou vingança.

Ano passado, foi preso um dos jornalistas investigativos mais respeitados da América Latina, José Rubén Zamora, fundador de @el_Periodico. Esta semana, procuradores e defensores anticorrupção (incluindo um membro da Transparência Internacional) tiveram ordem de prisão decretada.

Entre os agentes anticorrupção sob ordem de prisão está o próprio Iván Velásquez, provocando uma crise diplomática com a Colômbia e reação da ONU. A juíza que decretou as prisões havia sido investigada por corrupção pela CICIG, sob comando de Velásquez.
elpais.com/america-colomb…

A Transparência Internacional condena a perseguição judicial contra agentes públicos, jornalistas e ativistas que corajosamente enfrentam a corrupção na Guatemala e em tantas outras partes do mundo.
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