Hoje, as ações da #AMAR3 bateram R$ 0,83, a menor cotação de sua história. Mas, no passado, elas chegaram a valer R$ 14,00.
O que aconteceu nesse meio tempo que fez a empresa chegar no fundo do poço? Quem são os responsáveis?
Vem comigo que te conto nessa thread!
A história da empresa começa em 1948. Nesse ano, Bernardo Goldfarb abriu a primeira loja da empresa na cidade de São Paulo.
Inicialmente, tratava-se de uma loja de bolsas, chamada “Marisa Bolsas”.
Mais tarde foi criada uma ponte de estoques para a empresa: a Marisa Malhas.
A marca começou a, gradativamente, conquistar o consumidor e tornar-se conhecida. Vendo isso, iniciou-se um processo de expansão na companhia.
Assim, todas as lojas já existentes (além das que foram abertas a partir daí) passaram a ter uma mesma denominação, a famosa “Marisa”.
Anos à frente, em 1952, as coisas aceleraram de verdade. A Marisa começou abrir filiais em todo o país.
Depois de 30 anos, a empresa já era amplamente conhecida, tendo lojas em em todo o Brasil. Além disso, também foi dado início a adequação das lojas às novas tendências.
E o processo de ampliação continuou: surfando na onda do momento, foi fundado o braço financeiro da empresa, que fez muito sucesso.
Além disso, também foi lançada a plataforma e-commerce da Marisa, que marcou o início de uma nova era no varejo nacional.
Nesse patamar, a Marisa já fazia parte do cotidiano de toda a população brasileira.
Não tinha mais para onde a empresa correr. Era hora do IPO.
A Oferta Pública ocorreu em 2007 e levantou mais de R$ 450 milhões, que foram investidos na abertura de novos estabelecimentos.
Somente entre 2009 e 2013 foram abertas 180 novas filiais. O mercado estava, definitivamente, empolgado com a empresa.
O grande problema é que todo esse crescimento escondia problemas que nem o investidor mais pessimista e observador imaginaria…
Nesse mesmo período, o varejo de moda passou por profundas transformações no que tange a qualidade e o preço dos produtos.
Esse movimentou abriu as portas para as principais players do setor se consolidarem, como foi o caso da Renner.
A Marisa, em contraponto, só regrediu.
A qualidade dos seus produtos deteriorou e a demanda caiu drasticamente. Isso aconteceu porque eles não se enquadravam mais nas novas tendências vigentes.
Com a ascensão digital, os consumidores passaram a ter uma acessibilidade maior quanto ao leque de produtos disponíveis.
Gradativamente, a Marisa foi deixada de lado e começou a perder mercado.
Mas essa era só a ponta do iceberg…
Naquela época, todo mundo queria ser a “Zara Brasileira”. Com a Marisa não foi diferente.
Sendo assim, eles começaram a, gradativamente, mudar o seu mercado alvo.
Eles aumentaram a qualidade dos seus produtos, o que, ao mesmo tempo, resultou em uma forte alta nos preços.
Só que os consumidores não gostaram muito desse papo não…
A Marisa, que durante toda sua história vendeu para a baixa renda, mudou todo o seu padrão.
No final, eles só afastaram os antigos clientes e aqueles novos consumidores que queriam conquistar.
Uma série de outros fatores agravou toda a situação:
•Crise macroeconômica eclodiu em 2014;
•Atendimento muito ruim dos colaboradores para com os clientes;
•Layout de lojas desatualizado;
•Operações digitais quase inexistentes;
•Centralização familiar no controle…
Com tudo isso, foi só questão de tempo para que esses fatores se transcrevessem em resultados ruins.
A Marisa passou a acumular prejuízos e mais prejuízos. A concorrência, basicamente, a engoliu.
As coisas começaram a mudar quando, em 2016, após 26 anos do filho do fundador como presidente, Marcelo Araújo ingressou na empresa como CEO, propondo uma série de mudanças, que, de fato, deram resultado.
Infelizmente, em 2018, ele renunciou e o filho de Goldfarb reassumiu.
Dentre importantes medidas implantadas por Araújo, podemos citar:
•Fechamento de lojas deficitárias;
•Reestabelecimento no segmento de atuação original (Classe C);
•Seletiva escolha de fornecedores;
•Treinamento de profissionais;
•Remodelagem no layout de lojas…
Com a saída do até então CEO, foi dado lugar a Marcelo Pimentel, em 2019. Com Marcelo, a Marisa parecia estar voltando aos seus tempos de sucesso.
A Receita cresceu, o SSS voltou a subir e o lucro operacional estava recuperando.
Já sabemos o que aconteceu em 2020, né?
No ano seguinte, tudo desandou. A pandemia eclodiu e a Marisa voltou à estaca zero, apresentando um prejuízo de quase R$ 500 milhões. O pior resultado de sua história.
O grande problema é que, em conjunto do cenário adverso, notou-se forte crescimento no endividamento da Marisa
Já não bastassem as operações ineficientes, agora a empresa tinha que lidar com fortes cobranças de juros.
Em 2022, com uma manutenção no cenário macro negativo (taxas de juros altas e inflação), além de decisões precipitadas da gestão da empresa, as coisas só pioraram.
Ainda no mesmo ano, Marcelo Pimentel renunciou diante de uma proposta melhor para assumir o Grupo Pão de Açúcar.
Nesse ponto, o caos já tava instaurado na empresa, que encontrava-se atolada em dívidas e sem muito para onde ir.
Como sabemos, hoje a empresa soltou um Fato Relevante informando que contratará assessoria especializada para a renegociação de dívidas. O CEO, por sua vez, renunciou.
Basicamente, um fator foi levando ao outro. Um verdadeiro efeito dominó.
Essa é a história da Marisa!
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Fazer Valuation por DCF está longe ser uma dinâmica simples. Leva tempo e demanda muita concentração.
Dessa forma, se torna um método inviável para a maioria dos investidores.
Hoje vou ensinar para vocês um método alternativo e simplificado que criei para precificar ações.
Em modelos padrões, normalmente, iniciamos com um preço justo de entrada (calculado previamente) e saímos com um múltiplo de saída.
No método que vou ensinar para vocês, entramos com um múltiplo de entrada e saímos com um preço justo de saída.
Neste método, vamos ter que projetar apenas duas variáveis: o múltiplo P/Lucro de negociação justo da empresa ao decorrer do tempo e o LPA (Lucro por ação) para o mesmo período
Com base no P/Lucro, multiplicamos o valor pelo LPA e chegamos a cotação justa para o ativo.
Quando eu comecei a estudar Valuation, sempre passava por um problema: não conseguia encontrar os conteúdos.
O tempo me ensinou que, no Brasil, os livros ainda são a melhor opção.
Sendo assim, vou compartilhar minha lista com vocês!
O Valuation está longe de ser uma atividade puramente quantitativa. Na verdade, muito pelo contrário. Trata-se de uma técnica que envolve muito mais a análise qualitativa.
Por isso, antes de ir para a teoria matemática, uma série de leituras preliminares é necessária. (+)
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A primeira delas, para o investidor iniciante, é um livro que gosto muito e acredito não ter a visibilidade que merece.
Antes de tudo, temos que entender o que está por trás de um modelo de Fluxo de Caixa Descontado comum.
Basicamente, o DCF define que o valor da ação é pautado na soma de todos os seus fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente por uma taxa de desconto.
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Sendo assim, o método consiste na definição de 3 variáveis:
•FCF: fluxos de caixa gerados ano a ano pela empresa;
•Taxa de Desconto: taxa utilizada para trazer esses “FCF” a valor presente;
•Taxa de Crescimento: taxa a que os fluxos crescem anualmente.
Vocês provavelmente já ouviram falar do famoso FRE.
O Formulário de Referência é o principal documento que um investidor deve ler antes de investir em uma empresa. É nele que temos todas informações sobre o negócio.
Nessa thread, vou explicar como ele deve ser analisado.
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O FRE é um documento MUITO grande, que normalmente chega a ter mais de 500 páginas.
Você, como investidor, obviamente, não vai ler todo ele.
Por isso, separei quais os principais tópicos a se atentar aqui embaixo 👇🏻
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O primeiro tópico que vocês devem se ater é o “Fatores de Risco”.
Nele, basicamente, são ressaltados todos os riscos intrínsecos a empresa, ao setor e a condição econômica vigente.
Além disso, da pra pegar uma boa noção do negócio da empresa analisada.