Há 285 anos, em 19/03/1738, nascia o revolucionário peruano Túpac Amaru II. Descendente da linhagem imperial inca, Túpac liderou a maior insurreição anticolonial das Américas, responsável por mobilizar mais de 100 mil indígenas contra o império espanhol e a escravidão.
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José Gabriel Condorcanqui nasceu em Surimana, na região de Cusco, Vice-Reino do Peru. Adotou o nome de Túpac Amaru II em homenagem a seu ancestral — Túpac Amaru, último imperador inca, decapitado em 1572 por conduzir uma revolta contra o domínio espanhol.
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Descendente da nobreza inca, Túpac herdou terras, cabeças de gado e um plantel de mulas utilizadas no transporte de mercadorias. Também herdou o título de cacique de Tungasuca, Surimana e Pampamarca, função que lhe granjeou enorme prestígio entre as comunidades indígenas.
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Egresso de um colégio jesuíta, Túpac ingressou na Universidade de San Marcos, onde estudou a colonização espanhola e teve contato com as ideias iluministas de Voltaire e Rousseau, que ajudaram a ampliar sua percepção crítica acerca da injustiça colonial.
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Após destruírem o Império Inca e dizimarem boa parte das comunidades indígenas, os espanhóis submeteram os nativos à mita — regime de trabalho compulsório análogo à escravidão. A exploração era particularmente brutal nas minas de prata e mercúrio de Potosí e Huancavelica.
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Os indígenas eram forçados a se deslocarem para as regiões mineradoras, onde viviam em condições extremamente insalubres. Africanos escravizados também eram utilizados nas minas peruanas em menor proporção.
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Para além da exploração das comunidades indígenas, as mudanças introduzidas nas colônias espanholas pelos Bourbon causaram grandes prejuízos às camadas médias — a chamada "elite criolla", i.e., descendentes de espanhóis nascidos na América.
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A criação dos vice-reinos de Nova Granada e Rio da Prata resultou no fim do monopólio comercial de Lima, ao passo que a reforma fiscal provocou um forte aumento de tributos. Somava-se ao quadro o descontentamento com a atuação autoritária dos corregedores.
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Respaldado por indígenas e criollos, Túpac assumiu a liderança do movimento em prol da reforma da administração colonial. Encaminhou aos tribunais de Lima uma petição solicitando o fim do trabalho compulsório dos indígenas nas minas, mudanças no regime fiscal...
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...e a substituição do corregedor por prefeitos eleitos. Ignorado, voltou a contatar as autoridades coloniais em Tinta e Cusco, também sem sucesso. Decidiu, então, partir para uma ação mais enérgica, mobilizando as lideranças indígenas em prol de uma insurreição.
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Em 4/11/1780, o corregedor Antonio de Arriaga, infame por sua brutalidade contra os indígenas, foi capturado e enforcado por um grupo de nativos sublevados. Túpac convocou indígenas, mestiços e negros a lutarem contra a dominação espanhola, iniciando a Grande Rebelião.
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Os rebeldes saquearam depósitos e arsenais e distribuíram as armas entre os indígenas. A identificação de Túpac como descendente da linhagem imperial inca facilitou a adesão dos caciques. A rebelião ultrapassou as fronteiras do vice-reino, chegando à Bolívia e à Argentina.
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Em pouco tempo, o exército revolucionário já contava com dezenas de milhares de soldados. Os indígenas marcharam pelo Peru obtendo sucessivas vitórias, tomando em pouco tempo as províncias de Quispicânchi, Tinta, Cotabambas, Calca e Chumbivilcas.
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Tropas coloniais despachadas por Cusco tentaram debelar o levante, mas sofreram uma fragorosa derrota na Batalha de Sangarará. O exército de Túpac marchou por mais de 1.500 quilômetros, angariando em seu ápice mais de 100 mil combatentes.
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À medida em que avançavam, os revolucionários atacavam as propriedades dos colonizadores, destruíam campos de trabalho forçado, libertavam indígenas e negros escravizados e distribuíam para os populares os bens dos colonizadores e fundos do erário real.
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Preocupada com o impacto da libertação dos escravos para os seus negócios, a elite criolla retirou o apoio inicial que dera ao movimento. O rei Carlos III, por sua vez, ordenou o envio de uma gigantesca expedição para debelar o levante indígena.
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Ciente dos reforços enviados por Madri, Túpac adiantou a operação militar contra Cusco, antiga capital do Império Inca. Em dezembro de 1780, 40 mil rebeldes iniciaram a investida ao norte de Cusco, na região de Cerro Picchu.
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A batalha se estendeu por uma semana, mas as tropas espanholas, armadas com canhões e protegidas pelas fortificações de Cusco, obrigaram Túpac a recuar. Após receberem um reforço de 17 mil soldados, as tropas espanholas iniciaram uma campanha para esmagar a rebelião.
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Traído por 2 de seus oficiais, o exército de Túpac foi cercado em abril de 1781 e sofreu uma derrota decisiva. Túpac foi capturado e enviado a Cusco. O líder indígena foi torturado por 35 dias para que revelasse o nome dos outros líderes, mas manteve-se calado até o fim.
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Túpac Amaru II foi condenado a morte e sofreu uma execução cruel. O líder indígena foi forçado a presenciar a tortura e a execução de sua mulher, de seus filhos e amigos. Depois, teve seus membros atados a quatro cavalos dispostos em direções opostas para ser desmembrado.
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A tentativa de desmembramento falhou e Túpac foi então decapitado. Sua cabeça foi cravada em uma lança e exposta à execração pública. Seu corpo foi esquartejado e as partes foram enviadas para serem expostas nas províncias que o exército revolucionário havia conquistado.
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A rebelião indígena ainda prosseguiu por mais 2 anos em duas frentes distintas, comandadas por Túpac Katari e Diego Cristóbal, até ser finalmente debelada em 1783. Milhares de indígenas foram mortos durante a repressão perpetrada pelas autoridades coloniais.
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Túpac Amaru II converteu-se no símbolo máximo da resistência indígena à opressão colonial e inspiração de movimentos emancipacionistas e gerações de líderes revolucionários e anti-imperialistas que o sucederam, de Simón Bolívar a Che Guevara.
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