Ou seja, era uma tragédia mais que anunciada. E um dos motivos de ninguém ter feito nada, é porque a legislação brasileira, profundamente influenciada por ideologias pós-modernas, vê a criança e o adolescente como vítimas dos adultos, com isso não é possível responsabilizá-los. +
Se o sujeito faz algo que torne possível a sua expulsão, esta não pode ocorrer sem que o(a) diretor(a) encontre outra escola para o indivíduo barbarizar; e não há responsabilização, só a tentativa de mostrar que os adultos (professores, no caso) estão fazendo algo de errado.
A desordem que se instaurou na educação brasileira — algo que só quem está no “chão de fábrica” vê, não os burocratas e pedagogos —, passa pela permissividade absoluta que o ECA, a LDB e a própria Constituição dão, e quando governos estabelecem metas inalcançáveis, e +
assinam tratados internacionais sem a mínima condição de cumpri-los. Atualmente, a burocracia para advertir ou suspender um mau aluno — sim, eles existem! — é tão grande que desencoraja os professores, que ainda podem sofrer sanções se insistirem. Pais ameaçam ir à justiça +
caso seus filhos apareçam em casa com uma suspensão. Eu já vi isso acontecer mais de uma vez, e quem é professor — sobretudo no ensino público — pode confirmar. Tudo, absolutamente tudo é feito para não funcionar, e a escola se tornou um ambiente antipedagógico por excelência. +
40 alunos por sala, celulares e internet à vontade, sem uniforme e sem sinal — pois Foucault disse que isso é coisa de prisão e de controle —, sem necessidade alguma de tirar nota e sem reprovação. Não sei se em todo lugar é assim, mas em São Paulo, é. E o PEI é uma fantasia. +
A educação não se tornou desinteressante porque o aluno tem de “aprender” um monte de coisa que não vai usar ou pela escola ser arcaica, mas porque não oferece a ele um ambiente pedagógico minimamente adequado, e a imensa maioria dos professores está esgotada e sem motivação. +
E a questionável promessa de salários maiores surge às custas de comprometer, com uma burocracia extenuante, o último fio de saúde física e mental que os professores têm. Fora a falta de profissionais e as aulas freestyle que estão inventando para preencher os buracos. +
Ou seja, se o ambiente é anômalo, nenhuma anomalia será notada e a insalubridade é a regra. E enquanto pedagogos e sociólogos usam a escola para testar suas abstrações, a gente segue fingindo e — pior! — confundido e adoecendo cada vez mais nossas crianças e adolescentes.
Quem quiser aprofundar a discussão, segue duas séries de artigos. Essa com 04 textos, começando nesse aqui:
Muito interessante ver intelectuais progressistas finalmente dizerem aquilo que venho dizendo, pelo menos, desde 2018 e sendo ignorado — quando não, enxovalhado — pelo zé povinho que manda na luta antirracista no BR. “Racismo estrutural” é um pseudoconceito e é anticientífico. +
Num artigo de 2018 digo o que está na imagem. Sodré diz: “Mas eu digo que ele não é estrutural. As estruturas aqui são feitas para não funcionar. Por que a única a funcionar seria o racismo?
Acho que o racismo funciona exatamente porque ele não é estrutural.” +
Em artigo de 2020, digo o que está na imagem. Sodré diz: “Onde é que está essa estrutura? No Estado? Mas o Estado não tem leis racistas, elas acabaram com a Abolição. Estão na economia? Não conheço leis econômicas racistas, conheço discriminações econômicas, mas não leis.” +
Sou preto, sempre fui e sempre me reconheci como tal. A família preta unida, as festas no chão de terra batido, a “função” — o Adidas Marathon, a pizza na calça… —, a soul music, o partido alto, o samba-rock, o pagode dos 90 e os bailes black moldaram minha negritude. +
O que não vivi diretamente, fui alimentado por meus irmãos e primos mais velhos. Por exemplo: não sou da geração “Palmeiras” e da função, mas do Clube da Cidade, Sunset e Sambarilove (SP rules!). Mas tive, ainda molequinho, uma jaqueta Samira e um Converse trazidos do Paraguai. +
Pois é, não peguei a época de extrema pobreza de meus pais, fui beneficiado por sua consciência afiada e por sua resoluta liberdade individual. Mas nunca deixei de ser preto por um minuto sequer, tampouco de entender os desafios desse reconhecimento. Isso me fez ser quem sou. +
Não é curioso que essa rotulação nunca termine — sobretudo entre esse pessoal que estava clamando por democracia desesperadamente até outro dia? Ou seja, “esse sujeito” do qual discordam deveria ser defenestrado da carreira que construiu porque defendeu a lava-jato +
e editou um livro do Olavo de Carvalho. Acham um absurdo que ainda tenha emprego. Vejam os comentários e sintam o amor dos democratas. Essa gente PRECISA de inimigos, é parte indissociável do que defendem. São os defensores da diversidade caolha e do diálogo com o espelho. +
As mesmas pessoas que demonizam o Olavo de Carvalho por ter sido quem foi — e, de tudo o que podemos chamá-lo, é forçoso admitir que ele, pessoalmente, nunca assassinou ninguém —, são os que amam aquele que disse, cheio de orgulho: “fuzilamos e continuaremos fuzilando”. +
Não, Pedro. Na verdade foram os bolsonaristas que imitaram e superaram os petistas. Só estamos voltando a como as coisas eram antes dos últimos 4 anos. E já adianto: vocês serão alvo também, apesar de acharem que não merecem. Welcome to our life. +
A esquerda petista sempre foi hegemonista e sempre teve uma concepção, para dizer o mínimo, bastante peculiar de democracia. Perseguiram sistematicamente tudo o que não era petismo — lembra do PIG? — e mesmo jornalistas simpatizantes eram perseguidos. Sempre foi assim. +
Agora, curioso é que a esquerda não petista sempre viu a direita não bolsonarista como, no mínimo, excêntrica. Prefere dar voz ao petismo e a figuras cheias de ressentimento, do que ouvir pessoas com as quais é possível dialogar e construir, de fato, uma democracia sadia. +
É curioso que muitos só tenham se convencido de que o Estado brasileiro é imoral e que nossos políticos são uns pulhas porque “cerceou a liberdade de expressão” de fulano ou sicrano. Isso sempre foi assim, e toda vez que você der a cabeça a ele numa bandeja, ele vai cortá-la. +
Aliás, esse é um dos principais motores dos movimentos sociais, a justificativa de que o Estado não só não protege sua população mais vulnerável, como a prejudica. Sim, meus caros, o país não é só ruim porque cobra muito imposto ou retém sua conta no Twitter. +
Há milhões de pessoas que vivem num estado de exclusão permanente, que nunca tiveram sua “liberdade de expressão” assegurada ou seus direitos garantidos. Qualquer pretinho de periferia, que cruza com a polícia vez por outra, sabe disso. Quem precisa de um serviço público, idem. +
Infelizmente os que creem são mais suscetíveis a absurdos retóricos. Isso é um fato. Por isso a boa instrução — que NUNCA existiu na imensa maioria das igrejas brasileiras — é tão importante; por isso as escolas dominicais e catequeses seriam (mas nunca foram) tão importantes. +
As absurdidades propagadas nos púlpitos por décadas prepararam o terreno para a barbárie em que cristãos se envolveram, nos últimos anos, por um político claramente apóstata, vil, de mãos dadas a pastores e padres que, em parte são ignorantes, em parte inescrupulosos.
Os ignorantes povoam os púlpitos da maioria das igrejas periféricas; são pessoas pouquíssimo instruídas que, por meio de uma retórica frágil mas triunfalista, oferecem uma pseudo-esperança a pessoas necessitadas e sofredoras. Usam a Bíblia, que mal entendem, como querem. +