Ponte Jornalismo Profile picture
Mar 31 12 tweets 4 min read Twitter logo Read on Twitter
Há 59 anos, o Brasil adentrava uma das eras mais sombrias de sua história. O golpe civil-militar de 1964 deixou sequelas na construção do país e nas centenas de vítimas que foram perseguidas pelo regime. Apesar disso, a @PMESP exalta o golpe no brasão da corporação desde 1981. 🧶 O símbolo composto de um escudo com 18 estrelas prateadas r
O símbolo composto por 18 estrelas prateadas representa “marcos históricos” da Polícia Militar de São Paulo e traz a figura de um bandeirante e um soldado. Inicialmente, quando foi criado em 1958 pelo ex-governador Jânio Quadros, o brasão tinha 16 estrelas.👇🏿
Passados 23 anos, um decreto do então governador do estado Paulo Maluf incluiu outras duas estrelas em homenagem à 2ª Guerra Mundial e à “revolução de março” de 1964, termo usado pelos simpatizantes da ditadura para se referir ao golpe. 👇🏿
As outras estrelas se referem às ações de destaque da PMSP como na Guerra dos Farrapos, em 1838, na Revolta de Canudos, em 1897, na repressão à Greve Geral de 1917, na participação na Revolução Constitucionalista de 1932 e no apoio ao golpe que instituiu o Estado Novo em 1937. 👇🏿
Até mesmo o site da Secretaria de Segurança Pública do estado (@SegurancaSP) se refere ao golpe de 1964 como “revolução de março” e conta uma versão romantizada do episódio. 👇🏿

📲: ssp.sp.gov.br/institucional/…
Para o advogado Almir Felitte, mestre em Desenvolvimento no Estado Democrático de Direito, os fatos destacados mostram o caráter político da PM paulista. "São atos de combate a revoltas, de repressão a greves e movimentos populares e de participação em golpes de Estado", diz. 👇🏿
Almir Felitte pontua que boa parte das polícias militarizadas brasileiras surgiram por volta de 1830. “Não à toa, esses novos corpos militares seriam usados, essencialmente, para combater movimentos abolicionistas, republicanos e separatistas, além de quilombos", explica. 👇🏿
A socióloga Verônica Tavares aponta que o símbolo também demonstra um caráter racista da corporação e a lógica da polícia que atua para as elites. "Na guerra do Paraguai participou do genocídio da população negra. Em Campos dos Palmas, reprimiu os indígenas", lembra. 👇🏿
Durante o século XX, com a urbanização, a industrialização, a imigração e a abolição, as polícias passaram por um processo acelerado de militarização, explica Almir Felitte. É nesse período que o pensamento autoritário de controle social e estabelecimento da ordem se perpetuam.👇🏿 Blindados ocupam a Avenida Presidente Vargas, no Rio de Jane
A herança da lógica de combater o inimigo está presente em medidas como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO). "É uma lógica da militarização do cotidiano, absolutamente violenta e arbitrária, no sentido do uso excessivo da violência e da falta de acesso a direitos”, diz Verônica.👇🏿
Da mesma forma, a lógica do medo segue no cotidiano da população e é utilizada para "enquadrar" as classes mais populares. A socióloga afirma que, enquanto não houver o reconhecimento do que foram os crimes, "vamos viver sob o risco de que novos momentos assim aconteçam". 👇🏿
Leia mais sobre o assunto na reportagem de @beatriz_drague. #ArquivoPonte #DitaduraNuncaMais
ponte.org/brasao-da-pm-p…

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Ponte Jornalismo

Ponte Jornalismo Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @pontejornalismo

Mar 30
AGORA EM SP: Começa em instantes a reunião da Congregação da Faculdade de Direito da USP (@de_usp) que analisará o pedido para a renomeação da sala Amâncio de Carvalho. Alunos e organizações se mobilizam no Largo de São Francisco em memória e justiça à Jacinta.👇🏿🎥:@gilluizmendes
Amâncio de Carvalho foi professor de medicina legal na USP e autor de um experimento racista que embalsamou e violou o corpo de Jacinta Maria de Santana durante 30 anos. A Ponte contou a história de Jacinta descoberta pela historiadora @jardim_suzane. 👇🏿
ponte.org/principal-facu…
Após a repercussão da reportagem da Ponte, coletivos de estudantes e organizações da sociedade civil se mobilizaram para cobrar que as homenagens ao professor Amâncio de Carvalho fossem retiradas da Faculdade de Direito. 👇🏿
Read 27 tweets
Mar 29
AGORA EM SP: Um ato em memória e justiça por Jacinta Maria de Santana acontece na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, região central da capital paulista. O encontro é organizado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto e o Coletivo Angela Davis.👇🏿
📷: @DanArroyoFoto
Alunos, organizações e movimentos sociais se reúnem para pedir a mudança do nome de uma sala que leva o nome do médico Amâncio de Carvalho, professor que foi responsável por uma experiência racista que violou o corpo de Jacinta. 👇🏿

📷: @DanArroyoFoto
A Ponte contou a história de Jacinta em 2021. Ela teve o corpo embalsamado, exposto como
curiosidade científica e utilizado em trotes estudantis no Largo São Francisco. Uma reportagem especial destrinchou a pesquisa da historiadora Suzane Jardim.👇🏿
ponte.org/principal-facu…
Read 17 tweets
Mar 29
IMPACTO | Reportagem da Ponte de 2019 que denunciou a prisão sem provas de Vinicius Villas Boas foi citada na decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que o absolveu. 👇🏿
Vinicius ficou preso por quase três anos após passar por reconhecimento irregular. Desembargadores reconheceram provas frágeis e citaram as imagens divulgadas pela Ponte que mostraram contradições na versão da polícia.

Entenda o caso: ponte.org/apos-sete-anos…
Reportagem de @mendoncjeniffer
Read 4 tweets
Mar 28
Chacinas frequentes, impunidade em casos de violência policial e violações de direitos demonstram que o Estado brasileiro tem fracassado no combate ao racismo estrutural e à violência institucional, diz o relatório anual da @anistiabrasil sobre direitos humanos. Entenda no🧵👇🏿 Ilustração: Antonio Junião/...
A morte de Lorenzo Dias, de apenas 14 anos, durante uma operação da Polícia Rodoviária Federal no Complexo do Chapadão, no Rio de Janeiro, no ano passado é um retrato de como a violência de Estado atravessa a vida de jovens negros e periféricos. 👇🏿 ponte.org/bolsonarizada-…
No relatório, a Anistia Internacional chama atenção para a participação da PRF em três operações policiais, em 2022, que resultaram na morte de 37 pessoas. Prestes a completar um ano, a morte de Genivaldo de Jesus em "câmera de gás" é citada no documento.👇🏿ponte.org/a-tortura-coti…
Read 13 tweets
Mar 7
Um estudo do @forumseguranca revelou que uma a cada três mulheres brasileiras com mais de 16 anos já sofreu violência física e/ou sexual de parceiros e ex-parceiros.

Você sabe identificar como esse tipo de violência se manifesta? Vem no fio🧵 que a gente te explica.👇🏿 Ilustração: Antonio Junião/...
A quarta edição da pesquisa “Visível e Invisível”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também apontou que todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no último ano. Foram mais de 18 milhões de mulheres vítimas de violência no Brasil em 2022. 👇🏿
Em entrevista em vídeo à Ponte em 2020, a advogada especialista em gêneros e violências Cláudia Luna explicou o que é a violência sexual e suas diferentes "modalidades". A entrevista completa pode ser acessada no Youtube da Ponte: youtube.com/live/Cl5BpPyD1… 👇🏿
Read 14 tweets
Jan 16
Você sabe o que é o auxílio-reclusão? O benefício previdenciário voltou a ser alvo das fake news nesta segunda (16). Circula nas redes sociais que o presidente Lula "aumentou o auxílio-reclusão para R$ 1.754,18", mas esta informação é falsa ❌.

Siga o fio para entender 👇🏿
O auxílio-reclusão trata-se de um benefício previdenciário concedido a familiares de um cidadão contribuinte que se encontra privado de liberdade.

Apenas pessoas presas de baixa renda que contribuíram para a Previdência Social e que possuem dependentes têm direito ao auxílio.👇🏿
Em 2014, a Ponte já desmentiu boatos sobre o auxílio-reclusão que diziam se tratar de uma "assistência social para bandido". O auxílio é pensado na proteção da família do segurado que não pode também ser punida deixando de receber o benefício.👇🏿ponte.org/auxilio-reclus…
Read 8 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Don't want to be a Premium member but still want to support us?

Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal

Or Donate anonymously using crypto!

Ethereum

0xfe58350B80634f60Fa6Dc149a72b4DFbc17D341E copy

Bitcoin

3ATGMxNzCUFzxpMCHL5sWSt4DVtS8UqXpi copy

Thank you for your support!

Follow Us on Twitter!

:(