O rei Charles III ostentando o Manto do Estado em sua cerimônia de coroação. Símbolo da nobreza britânica, o manto foi fabricado com a pele de centenas de arminhos esfolados.
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O arminho é um mamífero de pequeno porte pertencente ao grupo das doninhas. Habita sobretudo as zonas temperadas do Hemisfério Norte, mas também pode ser encontrado em áreas mais quentes, incluindo o litoral do Mediterrâneo e a região do Cáucaso.
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O animal povoa o imaginário dos povos da Eurásia há milênios. Era considerado sagrado para o zoroastrismo, inspirou contos do povo Komi e lendas da mitologia irlandesa.
Na Idade Média, o arminho passou a ser associado à abnegação cristã, representando a pureza e a modéstia.
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O vínculo baseava-se na crença de que o arminho abominava a sujeira e se alimentava apenas uma vez por dia. A troca sazonal de cor da pelagem também foi relacionada à redenção pela fé, motivo pelo qual o animal foi associado à figura de Maria Madalena.
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Aos poucos, essa simbologia mística foi substituída por uma interpretação moralizante, baseada em uma antiga lenda. Dizia-se que o arminho, ao ser encurralado por predadores, preferia morrer do que correr o risco de macular sua pelagem atirando-se na lama ou na água suja.
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Por esse motivo, o animal passou a ser utilizado como um símbolo pela nobreza. Tal ideia é ilustrada em uma antiga gravura executada por Henry Peacham no fim do século XVI.
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A gravura representa um arminho imobilizado no centro de um anel de lama. Ao perceber que não poderia escapar sem sujar o pelo, o animal se entrega aos caçadores. Uma inscrição em latim circunda a gravura: "Maio Mori Quam Foedari" — "Antes a morte do que a desonra".
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A associação do arminho à "pureza moral" autoatribuída pelos nobres fez com que a pele do animal se tornasse uma mercadoria de luxo, muito demandada para fabricar vestes e acessórios utilizados pelos aristocratas europeus.
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A pele do arminho passou a ser utilizada na fabricação de casacos, mantos, estolas, forros de capa, revestimento de toucados e coroas. Valorizava-se sobretudo a pelagem branca pontuada pelas manchas pretas, característica da ponta da cauda do animal.
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A pele do arminho era proeminente na moda aristocrática que tornou-se um padrão utilizado em símbolos heráldicos. Em 1316, o arminho foi incorporado ao brasão de armas da Bretanha por determinação de João III. Mais tarde, foi utilizado como emblema de João IV e Luís XII.
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Elevado como símbolo de poder, status e riqueza, a pele do arminho passou a ser um atributo orgulhosamente ostentado nos retratos oficiais da realeza e nas representações de cerimônias de coroação.
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Em Milão, a associação entre o arminho e a aristocracia inspirou um dos retratos mais conhecidos de Leonardo da Vinci — o retrato de Cecilia Gallerani com o animal em seus braços.
O arminho era um dos emblemas utilizados pelo amante de Cecília, o duque Ludovico Sforza.
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Na aristocracia inglesa, as representações de arminhos remontam aos primórdios da retratística oficial, aparecendo já no célebres retratos de Henrique VIII (pintado por Hans Holbein) e de Elizabeth I (atribuído a George Gower).
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Os suntuosos mantos de arminho seguiram sendo utilizados pela nobreza nos séculos seguintes. Foram especialmente admirados pela aristocracia francesa, ganhando amplo destaque nos célebres retratos de Luís XIV. Catarina II da Rússia também os ostentava com frequência.
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A burguesia, por sua vez, se esforçava em copiar a nobreza, emulando o hábito de adquirir as peles luxuosas. Nas primeiras décadas do século XX, a crescente demanda das elites e classes médias europeias fez com que a caça ao arminho aumentasse exponencialmente.
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O atual Manto do Estado britânico foi confeccionado em 1937 para uso do rei Jorge VI. Dezenas de alfaiates trabalharam na confecção do gigantesco manto e de centenas de peças utilizadas pela nobreza. Milhares de arminhos foram abatidos e esfolados para a celebração.
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Filha de Jorge VI, Elizabeth II manteve por toda sua vida o hábito de utilizar a coroa com borda de arminho e os mantos nas cerimônias reais e nas aberturas anuais do parlamento.
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Os integrantes da Câmara dos Lordes também costumavam usar os mantos de arminho nas cerimônias oficiais, mas o uso foi progressivamente abandonado na segunda metade do século XX, diante da pressão de ativistas.
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Boa parte das peças da aristocracia hoje compõe os acervos ingleses, mas a família real segue ostentando seus mantos e acessórios de pele de arminho.
Os arminhos não são os únicos animais sacrificados em prol da pompa aristocrática das cerimonias reais inglesas.
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Os chapéus da Guarda Real britânica também são fabricados com a pele de ursos negros selvagens, que são continuamente abatidos para garantir a reposição das peças. As tentativas de substituí-los por material sintético foram abandonadas — não agradaram a realeza.
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