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Independentemente de ser plágio ou não, o fato é que muitos dos chamados “corinhos de fogo” se assemelham aos pontos cantados nos terreiros de religiões de matriz africana.
Os cultos conhecidos como reteté, com pessoas rodopiando pelo salão da igreja, também nos remetem ao sincretismo com o candomblé e a umbanda. Alguns estão chamando o fenômeno jocosamente de Candombléia. O que tudo isso significa? Puro sincretismo? Fogo estranho?
Influência de outras entidades se fazendo passar pelo Espírito Santo? Ou poderíamos lançar um olhar mais humano e menos preconceituoso sobre o fenômeno? Como é notório, a religião com o maior número de negros no Brasil é a pentecostal.
Muitos dos fiéis são egressos de religiões de matriz africana. Ao ingressar na igreja, trazem consigo sua alma preenchida de afetos viscerais e arquétipos arraigados em seu inconsciente coletivo. Por séculos, esses sentimentos têm passado por um processo de fermentação,
até que chega o momento em que, ao menor sinal, tudo vem à tona. Ao som dos instrumentos de percussão, com seu ritmo cadenciado, tudo isso aflora, sendo, então ressignificado e atribuído à ação do Espírito Santo. É claro que no bojo do movimento, há aproveitadores
que só querem se locupletar. Porém, isso não tira a legitimidade do que ocorre na alma do povo. Por muito tempo, condenei veementemente tais manifestações, por não compreender o processo histórico que o desencadeou.
O que se ouve nas músicas do vídeo acima é a voz de um povo em sua diáspora, expressando um sentimento preciso com o dos hebreus que deixaram a escravidão do Egito sob a liderança de Moisés.
À frente do povo que atravessava o Mar Vermelho ia Miriam com seu tamborim, cantando e dançando o primeiro reteté de que se tem notícia. #reteté #fernandinho #gospel #candomblé #umbanda #pentecostal #intolerânciareligiosa
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