"Certa vez queria ler Lacan. Disseram-me, "você tem que ler Freud antes". Então fui ler Freud. Porém, um conhecido me disse "leia Nietzsche. Ele copiou o Freud", então fui ler Nietzsche. Mas o prefácio avisava-me de Kant e Hegel. Fui ler. +
Mas não pude, pois tinha que ler Marx para criticar os idealistas alemães. Antes de Marx tenho que conhecer Bakunin e Proudhon - quem Marx critica. Mas já que estava lendo Bakunin, Proudhon, Marx para saber de Kant e Hegel, tinha que conhecer os gregos que criaram a Matafísica. +
Daí a lista era curta: Platão, Sócrates, Aristóteles, Plotino, Tales de Mileto, Demócrito, Pitágoras, Anaximandro... mas eu não poderia ser tão eurocêntrico, deveria ler autores decoloniais e orientais. Então fui pra Confúcio, Zisi, Lao Zi, Zun Tsu...+
Então tinha que encarar de frente o budismo. Quando ia começar, descobriram uma série de manuscritos raros de povos primitivos que viviam ali. Não adianta, teria que ler todos para saber a influência deles. +
Mas para entender eles, tinha que entender a escrita ocidental, então me tornaria antropólogo para pesquisar sobre isso. Mas a base da antropologia moderna é Lévi-Strauss e eu não entenderia Lévi-Strauss se não lesse Lacan. Percebi então que queria ler Lacan."
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Eu li há uns tempos, por sugestão da @ladyrasta, "A folha dobrada: lembranças de um estudante". Nele, o advogado e professor Goffredo Telles Junior, que foi marido de Lygia Fagundes Telles, relembra os momentos mais marcantes de sua vida na São Paulo. do início do século XX. +
Fala da convivência com ícones do modernismo durante a infância, dos tempos da faculdade de Direito no Largo de São Francisco e de sua luta pela defesa da democracia no Brasil. +
Depois li "Memória e sociedade: lembrança de velhos", da Ecléa Bosi. No livro, ela apresenta retratos em primeira pessoa da São Paulo daqueles tempos, de trabalhadores das classes menos privilegiadas, como seu Amadeu, que nasceu em 1906 no Brás e que era metalúrgico.
Os fantasmas também dormem e acordam. Eu acordo e vou para sala quimérica. Lá tem as quatro cadeiras amarelas. A cadeira da cabeceira da mesa, onde se cercava com uma fé nordestina a boca das loterias; +
a cadeira de macarrão, que ficava na cozinha da casa 20, em que se balançava a ancestralidade; a cadeira da mesa da sala, onde se jogava paciência, com nipônica paciência, com o baralho americano Koji Cards; +
e a cadeira de ferro do pátio, em que se dormia o sono vigilante da lealdade. Eu e os meus fantasmas. Os fantasmas se sentam nas cadeiras e tomam café comigo. Bocejam, deixam cair farelos de pão comprados cedo na taberna do seu Nóbrega.+
Quando a Família Real veio para o Brasil, trouxe em sua comitiva diversos professores de Coimbra. Esses docentes foram colocados na Real Academia Militar. As aulas de Matemática eram o terror dos alunos. +
Até que alguém descobriu que os professores usavam, como base das aulas e provas, o livro de um autor francês chamado Etienne Bezout. Assim, corria entre os alunos a informação que ter o livro do Bezout era fundamental para ter sucesso na matéria. +
Todos queriam o Bezout que passava de mão em mão. Essa é, pois, a origem da expressão com bizu. "Me passa o Bizu", "Vou te passar o Bizu" vêm desde a época de D João VI. +
Plantas parasitas.
Um exemplo de planta parasita é a erva-de-passarinho. Tem esse nome porque suas sementes grudam no bico das aves, quando elas se alimentam de seus frutos. +
Aí, quando as aves se esfregam em galhos de outras plantas para limpar o bico, as sementes se espalham, dando origem a uma nova planta parasita. Outro tipo de planta parasita é o cipó-chumbo. O cipó-chumbo é incapaz de realizar fotossíntese. +
Esse tipo é o que mais prejudica a planta parasitada, pois retira, para consumo próprio, os açúcares produzidos por ela, podendo até matá-la. Li isso e lembrei de pessoas parasitas, que vivem a vida dos outros para satisfazer suas próprias necessidades materiais ou psíquicas. +
DETALHES
Amores e suores. Delícias de enredos a dois. Se fosse um filme, seria um clássico. Se fosse um livro, seria um best-seller. Se fosse uma música, uma do Roberto. Mas foram-se as histórias. Saíram de cartaz. +
A vida seguiu e outros amores vieram para beijar nossa boca, lamber nossa carne, tocar nosso corpo. Evitamos falar qualquer coisa no frenesi do balé dançado nos lençóis com o receio apavorante e real de dizer o nome acostumado sem querer à pessoa errada. +
O breve segundo de consciência sobre quem está encaixado em nós nos a concentração. Desesperados, tentamos artifícios para ir até o fim. Recorremos aos olhos fechados para garantir a presença ausente naquele corpo que agora explora o nosso. +
Vou contar essa história como evangelizador do amor.
Em 2002, eu fiquei todo troncho, roto e arrebentado porque meu casamento havia acabado. Minha ex-mulher resolveu cuidar da vida dela sem mim, me trocando por um índio por quem se apaixonara. Acontece. Shit happens. +
Foi quando eu a conheci, numa história que contando ninguém acredita. Fisioterapeuta, ela cuidou de mim, colocando tudo que estava desconjuntado no lugar, inclusive meu coração desmentido e luxado. Começamos a namorar, eu em Manaus e ela em Campinas. Eu ia e ela vinha. +
Até que em 19 de abril de 2003, eu e ela ficamos noivos em Campinas. No dia 20, ela deixou empregos e família e veio de mala e cuia pra Manaus. Ela me deu muito amor e duas filhas lindas. +