Estamos chegando na metade de junho de 2023, uma época já tradicional no aumento de doenças respiratórias no Brasil.
Vamos para algumas reflexões em um fio rapidinho sobre o assunto? 🧵 //1
A primeira coisa que é importante lembrar, por mais óbvio que seja:
- Os casos de uma doença que vemos em gráficos são os casos *notificados*, e para ser notificado precisa ser testado em um local que notifica.
Óbvio mas importante, não é? //2
Pois bem: não temos mais uma vigilância diária de covid-19 no Brasil justamente pois temos pouquíssimos testes.
O indicador "casos" já era BEM fraco quando estávamos na emergência sanitária, e agora fica totalmente inviável. //3
Além disso, as vacinas reduzem MUITO o risco de doença grave e de óbito por covid-19 (VIVA!) e com isso, os números de hospitalizações e óbitos também caíram drasticamente em relação ao período de maior emergência sanitária. //4
No gráfico acima vemos os leitos totais (hachura em azul claro) de enfermaria no estado de SP e também as pessoas com confirmação de covid-19 que utilizam estes leitos (a linha azul escura).
Há uma redução, graças às vacinas! //5
Tendo isso em mente, vamos juntar alguns fatores aqui:
- Praticamente não estamos mais usando medidas de redução da transmissão de vírus respiratórios (máscaras PFF2, ventilação ativa, etc.);
- Temos uma redução forte na testagem (e no interesse das pessoas em se testarem); //6
- Estamos com cada vez mais eventos grandes retornando a todo vapor, com aglomerações, enfim, de volta ao "de sempre";
- Temos uma onda anual já tradicional de doenças respiratórias que ocorre bem nessa época do ano.
Aqui já falei sobre isso:
Mas como não estamos mais vendo ondas gigantes de casos e óbitos, isso significa que o vírus (e a doença) sumiu? NÃO!
O SARS-CoV-2 continua entre nós e não está sozinho. Tem a companhia do VSR (Vírus Sincicial Respiratório) e também dos vírus da Influenza (tipo A e B)! //8
Precisamos, também, refletir sobre uma coisa importante: o fato de "seguir a vida" com sintomas gripais. Isso é algo que acaba facilitando o tráfego do vírus pra tudo que é lado.
A @biaklimeck fez um vídeo sensacional falando sobre isso aqui:
Temos uma cobertura vacinal longe do ideal mas que já foi suficiente para colaborar na redução do número de hospitalizações e óbitos ao ponto de a situação nos permitir ligar aquela "chave" do "tá tudo bem", não é? //10
Realmente, em comparação com o passado recente, estamos muito bem! O que precisamos é NÃO ESQUECER deste passado recente.
Esta doença matou 6.947.609 pessoas de 2020 até 12/06/23, e isso sem levar em conta a subnotificação de óbitos que em alguns países é bem significativa.//11
Se esquecermos disso, podemos chegar a um ponto onde a doença vai ficar em uma "linha de base", ou seja, um "piso" mínimo que vai continuar tirando a vida de uma quantidade significativa de pessoas, além do aumento do risco da "covid longa", que é a persistência dos sintomas //12
Aqui neste fio eu falei um pouco sobre "esquecermos" da covid-19 depois que as coisas melhorassem:
Resumindo: há um "caminho do meio", onde temos vacina, disponível pelo #SUS, temos conhecimento sobre a doença e sobre os métodos de prevenção (máscaras PFF2, ventilação), temos redução de casos/óbitos e também temos o vírus ainda ativo e circulante e com "amigos vírus". //14
Por isso: cuidem-se! Vamos usar o conhecimento que adquirimos nesses anos extremamente tristes para podermos seguir nossa vida hoje com responsabilidade, tanto com a nossa própria saúde (se reinfectar toda hora NÃO FAZ BEM) e com a dos outros, ok?
Há alguns dias eu postei um fio falando do ótimo trabalho onde o Bruno Paim e a Marilyn Agranonik calcularam o excesso de óbitos por causas naturais no Brasil em 2020 e 2021.
A @WHO também tem dados de excesso de óbitos, vamos dar uma olhada? 🧵//1
Este primeiro gráfico traz os dados de excesso de óbitos do mundo todo.
Percebam que até 31/12/21 foram confirmadas 5.480.000 mortes por covid-19, mas a OMS calculou 14.910.000, ou seja:
9.430.000 óbitos em excesso ALÉM dos confirmados. //2
Quando filtramos para o Brasil, vemos que o cálculo da OMS fica muito similar ao trabalho feito pelo Bruno e pela Marilyn, ou seja: poucos óbitos em excesso em relação aos dados confirmados por covid-19.
Ou seja: aqui, a covid-19 realmente foi A causa dos óbitos em excesso. //3
O Departamento de Economia e Estatística do @governo_rs, nas figuras do Bruno Paim e da Marilyn Agranonik, publicou um estudo MUITO BOM sobre o excesso de óbitos no Brasil no período da pandemia.
Vamos ver juntos nesse fio? 🧵 //1
Primeiramente, aqui temos todos os responsáveis e também como referenciar o trabalho. Ao fim do fio eu colocarei o link para que todos possam acessar o estudo e lê-lo de forma integral! //2
Tivemos, infelizmente, MUITOS óbitos no Brasil durante a emergência sanitária da covid-19 (continuamos tendo até hoje), e uma pergunta frequente era: "mas quantos óbitos estávamos tendo em excesso?" //3
Que tal um fio com os dados atuais da covid-19 para, juntos, entendermos como a situação vem se mostrando?
Vamos lá! 🧵 //1
Quando olhamos o gráfico de novos casos de covid-19 notificados por dia no Brasil vemos algumas coisas:
- Depois da atualização semanal, o gráfico não fica comparável ao período da atualização diária;
- As notificações parecem estar estáveis, em torno de 55.000 casos/semana.//2
Quando olhamos a fundo, vemos até um leve crescimento nos casos:
- 30/03/23: 53.986 casos;
- 10/04/23: 60.591 casos.
Lembro que uma onda nesse momento já é esperada (é o momento da onda sazonal de SRAG). //3
Pessoal, o Twitter está seguindo um caminho cada vez mais "anti-Twitter", e está bem bagunçado por aqui.
Depois de tentar entender como está funcionando essa bagunça, trago um resuminho muito básico para tentarmos manter o controle do nosso feed.
Mini fio: 🧵//1
A primeira coisa são as abas "Para você" (For you) e "Seguindo" (following).
Na aba "Para você" (For you), os tweets que aparecem são recomendados pelo Twitter. Acredito que a recomendação é baseada na lista de interesses de cada um. //2
Aí vem o questionamento: "mas que lista de interesses?"
Aqui eu ajudo a tentar configurar, mas já aviso que para algumas pessoas simplesmente não aparece nada (como eu disse, isso aqui está uma bagunça): //3
Pessoal, uma informação que é importante lembrarmos: antes da pandemia de covid-19, tínhamos uma sazonalidade bem definida de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no Brasil.
Agora em 2023, como estamos?
Primeiro, vejam a curva do Brasil em 2017, 2018 e 2019: 🧵//1
Aí, quando a pandemia chegou, ela "destruiu" essa sazonalidade, pois a soma de um vírus altamente transmissível com uma população praticamente toda de suscetíveis acabava gerando várias ondas em um ano.
Vejam os anos de 2020 e 2021, como essa curva deixou de ser previsível: //2
Durante quase o ano todo de 2021, praticamente 100% dos casos eram causados pela covid-19. As medidas que adotamos eliminaram outras causas de SRAG, como Influenza e VSR (Vírus Sincicial Respiratório).
Vejam a curva de casos de SRAG por todas as causas em 2021: //3
Olá, pessoal! Vamos ver alguns dados de covid-19 para entendermos juntos como está nossa situação?
Sigam o fio: 🧵//1
Estamos com testagem cada vez mais baixa, e notificações reduzidas também. Agora, na notificação semanal, o gráfico nos mostra que parece que atingimos um "teto".
Percebam as últimas duas semanas com dados (até 18/03/23), como elas estão praticamente iguais: //2
Quando olhamos o gráfico de óbitos, vemos uma média de 300 notificações de óbitos por semana, ou seja, em torno de 40 notificações por dia.
Se essa média se mantivesse durante um ano inteiro, seriam em torno de 14.500 notificações, o que seria um número relativamente baixo. //3