Há 195 anos, 5/7/1828, nascia a bailarina Marietta Baderna. Seu comportamento boêmio e o hábito de incorporar elementos da cultura afro-brasileira em sua dança escandalizariam de tal modo a elite carioca que seu sobrenome seria dicionarizado como sinônimo de "confusão".
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Marietta Baderna nasceu na cidade italiana de Piacenza, na região da Emília-Romanha, filha do médico Antonio Baderna. Desde criança, Marietta nutria o sonho de se tornar bailarina, o que se concretizou com sua estreia nos palcos de Piacenza aos doze anos de idade.
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Aprendiz do célebre coreógrafo Carlo Blasis, Marietta não tardou em se destacar dança: ainda adolescente, tornou-se integrante do corpo de baile do Teatro Alla Scala de Milão e, aos 19 anos, viajou para a Inglaterra, onde se apresentou em uma temporada no Covent Garden.
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Se sua carreira profissional deslanchava, o mesmo não poderia ser dito de seus ideais políticos. Marietta e seu pai eram republicanos, partidários do revolucionário Giuseppe Mazzini, derrotado por monarquistas e conservadores austríacos na malsucedida Revolução de 1848.
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Sem subir aos palcos desde que a arte dos teatros fora banida da Itália por determinação dos ocupantes austríacos e sofrendo perseguição política em sua terra natal, a bailarina decidiu se mudar para o Brasil, onde desembarcou com sua família em 1849.
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Estabelecida no Rio de Janeiro, Marietta recebeu convite para se apresentar com sua companhia no Teatro São Pedro de Alcântara. Seu talento encantaria imediatamente a elite carioca, que passou a lotar os assentos da plateia para vê-la dançar.
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A "lua de mel", entretanto, duraria pouco tempo. Os hábitos "transgressores" da bailarina logo se chocariam com os valores da sociedade conservadora e escravocrata do Império Brasileiro.
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Marietta Baderna gostava de festas e, não raramente, saía sozinha à noite para frequentar os bailes populares. Namorava, bebia e dançava madrugadas adentro.
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Mas o comportamento de Marietta que mais escandalizava a burguesia carioca era o fato de que a bailarina fazia amizade com os negros livres e escravizados. Frequentava rituais, dançava nas rodas de lundu e umbigada e interessava-se pela cultura afro-brasileira.
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Marietta passou a incorporar elementos dos ritmos africanos - sobretudo os passos do lundu - em suas apresentações nos palcos cariocas.
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E os populares com quem fazia amizade — trabalhadores braçais, negros escravizados e alforriados, vendedores ambulantes — passaram a frequentar as sessões abertas do Teatro São Pedro para prestigiar a bailarina, desenvolvendo uma forte identificação com suas apresentações.
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Quando Marietta Baderna entrava em cena, seus admiradores — ditos baderneiros — faziam uma algazarra. Aplaudiam, batiam os pés no chão, assobiavam, gritavam o seu nome — chocando a aristocracia na plateia, acostumada à reverência silenciosa dos espetáculos artísticos.
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As manifestações efusivas e a presença de negros, trabalhadores braçais, pessoas do povo na plateia — normalmente reservada ao usufruto da elite carioca — logo começaram a incomodar a sociedade racista e elitista do Império.
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Aos poucos, os convites para a companhia de dança de Marietta Baderna começaram a escassear. Boicotada, a bailarina somente era escalada para papéis secundários no Teatro São Pedro. Seu sobrenome passou gradualmente a ser associado à bagunça, desordem e libertinagem.
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Quatro anos antes de seu falecimento, ocorrido em 3 de janeiro de 1892, o dicionário de Antônio Joaquim de Macedo Soares se tornaria o primeiro a registrar o sobrenome da "bailarina do povo": baderna se tornara, então, sinônimo de "súcia dançante".
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Sugestão de leitura:
"Maria Baderna. A Bailarina De Dois Mundos", de Silverio Corvisieri
Marietta Baderna também foi tema do samba-enredo da Imperatriz Itaocarense em 2021
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José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, retratado por Bruno Bou Haya. Considerado um dos mais importantes dramaturgos e diretores de teatro da história do Brasil, Zé Celso faleceu nessa quinta-feira, 6 de julho de 2023.
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Fundador do Teatro Oficina, Zé Celso foi uma figura chave no desenvolvimento do teatro brasileiro contemporâneo, destacando-se por sua produção irreverente e experimental, marcada pela incorporação da contracultura e pela análise crítica sobre realidade social do país.
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Zé Celso nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, em 30 de março de 1937, como um dos sete filhos de Angela e Jorge Borges Corrêa. Influenciado pelo pai, ávido consumidor de livros e filmes, Zé Celso manifestou desde cedo o interesse pelas artes.
O Brasil perdeu nessa quinta-feira José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, um dos mais importantes dramaturgos e diretores de teatro da nossa história. Fundador do Teatro Oficina, Zé Celso foi uma figura chave no desenvolvimento do teatro brasileiro contemporâneo.
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Zé Celso nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, em 30 de março de 1937, como um dos sete filhos de Angela e Jorge Borges Corrêa. Influenciado pelo pai, ávido consumidor de livros e filmes, Zé Celso manifestou desde cedo o interesse pelas artes.
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Ingressou na Faculdade de Direito da USP em 1955, mas não chegou a concluir o curso. A graduação, entretanto, possibilitou o contato com artistas ligados ao Centro Acadêmico 11 de Agosto, ao lado dos quais Zé Celso fundou em 1958 a companhia Teatro Oficina.
Há 116 anos, em 6 de julho de 1907, nascia a pintora mexicana Frida Kahlo. Expoente da arte moderna latino-americana, Frida se destacou por seu estilo original, mesclando elementos da cultura popular, do surrealismo e das vanguardas artísticas mexicanas.
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Frida nasceu em Coyoacán, hoje um distrito da Cidade do México, como uma das quatro filhas do imigrante alemão Guillermo Kahlo e da mestiça mexicana Matilde Calderón. Aos treze anos, Frida contraiu poliomielite.
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A doença — primeira de uma série de infortúnios que enfrentaria no decorrer da vida — causou uma lesão permanente em sua perna direita. Em 1922, Frida ingressou na Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México, onde frequentou aulas de desenho e modelagem.
Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia caminham sobre as capas dos estudantes da Universidade de Coimbra, em meio à cerimônia de outorga do título de doutor "honoris causa", concedido ao ex-presidente pela instituição portuguesa em março de 2011.
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O título "honoris causa" é o grau honorário de doutor concedido por instituições de ensino superior a pessoas eminentes que se destacaram em uma determinada área por suas ações, virtude ou mérito.
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Lula é brasileiro com mais títulos de doutor "honoris causa". O presidente acumula 36 condecorações — uma a mais do que o pedagogo pernambucano Paulo Freire. A maioria títulos foram concedidos por universidades públicas do Brasil.
O então presidente do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa, Marisa Letícia, o presidente da CUT, Jair Meneguelli, e o presidente de Cuba, Fidel Castro, reunidos durante a primeira conferência do Foro de São Paulo, em julho de 1990.
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O Foro de São Paulo é uma entidade internacional que congrega 123 organizações, entre partidos políticos de esquerda, movimentos sociais e organizações sindicais, provenientes de 27 países da América Latina e do Caribe.
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O foro foi criado por convocatória de Fidel Castro e Lula em 1990, como um órgão de concertação política, voltado à promoção da integração latino-americana, à reafirmação da soberania dos países da região, e ao combate às políticas econômicas neoliberais dos anos 90.
A repatriação de fósseis e a volta do manto Tupinambá reacenderam o debate sobre a restituição de bens patrimoniais brasileiros. Mas a ocasião também é propícia para o Brasil atender a uma reivindicação de décadas do governo paraguaio: a devolução do canhão Cristiano.
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O "Cristiano" é uma das mais valiosas relíquias históricas da Guerra do Paraguai. Considerado o maior conflito internacional da América do Sul, a guerra se prolongou por mais de cinco anos (1864-1870) e opôs o Paraguai à aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
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A guerra se converteu em um fator determinante para a evolução das relações geopolíticas no continente e teve consequências devastadoras para o Paraguai, resultando no desmembramento de 40% de seu território e no extermínio de parte substancial de sua população.