A MBL tocou o berrante ontem e a sua tropa mirim veio defendê-los dizendo que eles não provocam agressão, que eles apenas debatem e fazem perguntas, e se as pessoas partem para a agressão, é porque elas não têm argumento, certo? Errado! Vou descrever esse modus operandi aqui: 🧶
É preciso primeiro apresentar uma das “bíblias” do MBL, um livro que é muito utilizado por seus membros e seguidores (e boa parte da extrema-direita brasileira): “Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão”. Com base neste livro e outros manuais que o MBL pauta seus “debates”.
Pausa para destacar um detalhe: uma edição com “introdução, notas e comentários” de Olavo de Carvalho. Olavo foi um dos precursores desse tipo de comportamento e fez escola. Ele tinha ódio dos acadêmicos porque eles se recusavam a debater com ele, a lhe dar importância.
Então Olavo, como bom charlatão, dizia que os acadêmicos se recusavam a debater com ele porque ele sabia mais do que eles. Quando algum enfim aceitava o debate, lidava com um Olavo colérico, cínico, vulgar e desonesto, um comportamento bem distante do real debate acadêmico.
É importante ressaltar que o debate acadêmico geralmente não busca “vencedores” e “perdedores”. O intuito é a troca de informações, achados, avaliações. E se faz com base na honestidade intelectual, com atenção ao método científico e fidelidade aos dados.
Portanto, quando um acadêmico entra em um debate com um desses moleques, encontra o oposto. Lidam com subterfúgios retóricos que visam desviar o foco e tirar o adversário do sério. O debate do prof. Rudá Ricci com um jovem bolsonarista é simbólico.
Notem parte do índice do livro. Boa parte é dedicada a estratégias de como irritar o interlocutor. Como diz o título do livro, vc não precisa ter razão, basta desestabilizar seu oponente. E quem não conhece essas estratégias acaba caindo nas armadilhas que colocam.
E como eu disse, esse livro não é somente usado pelo MBL. Diversos influenciadores da extrema-direita, como Caio Coppolla, Nikolas Ferreira, e os discípulos de Olavo em geral, fazem uso dessas ideias. Por isso que ninguém suporta debater com essas pessoas. É baixo demais.
No fim, mesmo que vc tenha mais argumentos, o objetivo deles sempre será tirá-lo do sério. E quem não estiver preparado para isso, vai cair na armadilha e “perder a razão”. Tentativa de agressão, então, vira triunfo. Como ocorreu no fim deste debate. youtube.com/live/kZyh2xlEW…
Uma analogia boa é o Zidane e o Materazzi na final da Copa de 2006. Fazem todo tipo de provocações, mentem, deturpam, enganam. Quando o interlocutor perde a paciência e agride, posam de vítimas. Vencer o outro a qualquer custo. Esse é o propósito deles.
Sobre este comportamento e o que ocorreu na UFSC, vale a pena ver este fio:
Alguns membros da patrulha mirim do MBL vieram me atacar porque eu disse que é um movimento de extrema-direita. Pois bem, não disse como xingamento, eu reafirmo: o MBL é um grupo político de extrema-direita. E justifico pelos motivos os quais exponho abaixo: 🧶
De acordo com Norberto Bobbio, o que caracteriza um partido ou movimento ser de extrema-esquerda ou extrema-direita é o seu caráter antidemocrático. E o MBL sempre se comportou de maneira antidemocrática. E ser antidemocrático não significa apenas defender um golpe de Estado.
Ser antidemocrático passa também por não reconhecer a legitimidade dos seus adversários. O MBL, pelo contrário, fez toda a sua “carreira” política na base da tentativa de intimidação e ridicularização de seus oponentes. E quando isso não era suficiente, recorreram a fake news.
1) Um influenciador fez uma análise sobre a viagem dele para a Cuba. Porém, como era de se esperar, dado o seu viés ideológico p/ a direita, em diversos momentos faltam dados reais e sobra militância. Como já fui a Cuba também, vou escrever um curto contraponto. Segue o 🧶:
2) Em primeiro lugar, ressalto que, apesar de ser de esquerda, estou longe de ser um “comunista” e não apoio o regime cubano. Viajei de cabeça aberta, sem expectativas. É o que recomendo pra qualquer um que faça a viagem. Eis o link pro fio dele:
3) Ressalto também que viajei em 2015/2016. É provável que o país esteja numa situação mais precária hoje, dada a pandemia e a dependência do turismo, que inevitavelmente sofreu um baque. Então minha experiência não pode ser generalizável ou atemporal (nenhuma é).