Ontem fiquei sabendo de um remédio homeopático chamado oscilococcinum. O que é? E esta estranha potência 200K?
Segue um fio com o que encontrei.
Atenção: é inusitado até mesmo para quem já está acostumado com a medicina freestyle que é a homeopatia.
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1. O nome é derivado de uma bactéria (Oscillococcus) que teria sido observada pelo médico francês Joseph Roy no sangue de pacientes que sofriam da gripe espanhola em 1917.
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2. Ele dizia ter encontrado a mesma bactéria no sangue de pacientes que sofriam de reumatismo, tuberculose, sífilis, sarampo e câncer. Seria um "germe universal" (ideia que encontrava alguma ressonância naqueles tempos).
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3. Na homeopatia, vale o princípio "semelhante cura semelhante" - ele partiu na busca da tal bactéria, e achou tê-la visto no fígado e coração de patos-do-mato saudáveis.
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4. Ele definiu o preparo do medicamento (oscillococcinum) a partir de 35 g de fígado de pato + 15 g de coração diluídos em 1 litro de suco pancreático e glucose. Após 40 dias, tem-se a solução de hidrolisado. E agora entra outro princípico-chave da homeopatia: a potenciação.
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5. Por algum motivo, ele decidiu seguir o método Korsakov - e na maior potência possível: 200. Significa diluir o soluto em água na proporção 1:100, depois novamente 1:100, e assim em diante, por 200 vezes. A solução final tem 10^-400 do soluto inicial.
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6. Esta solução é aplicada sobre grãos de sacarose ("globuli"), a forma de apresentação comercial. Notem que isto é uma diluição adicional aos 10^-400.
7. Ocorre que ninguém jamais conseguiu observar a tal bactéria Oscillococcus - era apenas um relato anedótico do Dr. Joseph Roy. Não existia!
Isto não impediu que o novo medicamento fosse usado contra todos os males que ele dizia que a bactéria causava.
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8. Logo ficou evidente que o oscillococcionum era ineficaz contra câncer, sífilis, sarampo e tuberculose - mas por algum motivo continuou sendo receitado contra gripe (ignorando o óbvio: a gripe não é causada por uma bactéria, mas sim por um vírus).
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9. O nome foi registrado pelo laboratório francês Boiron, que teve uma época de vacas gordas - na França, a homeopatia é imensamente popular e o sistema de saúde público reembolsava o valor gasto.
10. Recentemente, o seguro-saúde francês (tardiamente) decidiu deixar de reembolsá-lo e a Boiron sofreu um baque em seu principal mercado, o que a forçou a reduzir o número de funcionários de 2.600 para 1.800. Ainda assim, é uma empresa com vendas de meio bilhão de euros/ano.
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11. Um ponto que merece menção é a diluição ("potenciação) 200K. Significa que, para achar uma única molécula de soluto, seriam necessários 3,4 bilhões de km3 de água - quantidade inexistente na terra. Precisaríamos de toda a água de 2500 terras para achar uma só molécula.
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12. E o tal do Joseph Roy? Apesar de ter lançado um medicamento de enorme sucesso comercial e ter morrido há não tanto tempo assim (em 1978), não há uma única foto disponível - ironicamente, como sua suposta bactéria oscillococcus. 😆
⬇️ deces.matchid.io/id/FRsUaei7nMAj
13. Em suma, o popular oscillococcinum é um remédio obtido a partir de uma bactéria inexistente e diluído no grau mais infinitesimal que existe na homeopatia.
É zero vezes zero.
Vocês lembram do estudo do Cadegiani que dizia que a IVM tinha reduzido a infecção e a mortalidade por Covid em Itajaí?
Um ponto sempre me deixou com a pulga atrás da orelha: como ele conseguira o tamanho preciso da população?
Vem comigo, é interessante:
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1. Quanto ao número de pessoas que receberam a IVM profilática (mas não se sabe se e quando tomaram), é relativamente simples: registros das UBS que distribuíram.
2. Mas e o número dos que NÃO recolheram o vermífugo grátis?
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3. No Brasil, diferente de países desenvolvidos, o cidadão não tem obrigação de registrar sua família como habitante do seu município. Assim, o único número que o poder público possui sobre a população é o Censo.
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Fake News são um fenômeno nesta e em outras redes. Como elas nascem e crescem?
Vem comigo que esmiúço a linha do tempo de um caso emblemático, que envolve uma antiga briga de celebridades, campanha presidencial e, claro, polarização política.
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1. Tudo começa em outubro de 2017. Paula Toller batizou sua turnê solo de “Como eu Quero”, nome de uma música cujos créditos ela compartilha com Leoni, seu ex-namorado e ex-companheiro de banda. Até aqui tudo bem...⬇️ br.nacaodamusica.com/posts/entrevis…
2. Em outubro de 2018, Leoni fez uma paródia de outra canção da ex-dupla (Pintura Íntima, aquela do “fazer amor de madrugada”), que foi usada pela campanha de Haddad para a presidência. Paula Toller pediu à justiça para excluir o vídeo.⬇️ entretenimento.uol.com.br/noticias/redac…
Quer ficar triste? Triste mesmo? Tipo, chorar em posição fetal? Perder a esperança no Brasil? Começar o fim de semana de forma péssima?
Então vem comigo neste fio de 10 partes sobre erradicação do analfabetismo.
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1. Começo em 1988: no artigo 60 das Disposições Transitórias da Constituição Federal, foi estabelecido um prazo de 10 anos para erradicar o analfabetismo.
⬇️ www2.camara.leg.br/legin/fed/cona…
2. Qual a % de analfabetos que tínhamos naquele ano? Não se se sabe ao certo, pois a pesquisa feita naquela época era diferente da atual, os dados não são comparáveis (talvez porque a PNAD não abrangesse 100% da população na época). Estimo ~20%.
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Seguindo uma deixa da @isadosilencio , plotei o índice de homicídios e MVCIs* de mulheres nas capitais brasileiras (dados do Tabnet/DataSUS).
Tem coisa muito errada aí.
*MVCIs: mortes violentas em que o Estado foi incapaz de identificar a motivação que gerou o óbito do cidadão
Notem a absurda diferença entre os óbitos classificados como homicídios e óbitos com motivação indeterminada em São Paulo, Rio e BH (entre outras).
É exagero inferir que seja uma tática de maquiagem de dados de violência por parte das autoridades?
Muitos ainda lembram dos anos Lula 1 e 2 (2013 a 2010) como uma época áurea. Em vez de uma análise sujbjetiva, fiquei curioso em ver o que os dados contam sobre esta suposta época sem igual.
Afinal, Lula foi excepcional?
Segue o fio:
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1. Antes de tudo, escolhi alguns indicadores:
- PIB/capita corrigido pela paridade do poder de compra (muito importante)
- índice de desigualdade GINI
- índice de desenvolvimento humano (IDH)
- % da população em pobreza extrema
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2. Começando pelo PIB/capita: não tem muito o que discutir, Lula se destaca na série histórica recente (lembrando que com ajuste pela paridade de poder de compra é um indicador que só existe de 1990 para cá).
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