Imagens de Kherima — múmia egípcia de uma mulher que viveu em Tebas entre os séculos I e III. Considerada uma das múmias mais raras do mundo, Kherima integrava o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, até ser destruída no incêndio ocorrido há 5 anos, em 02/09/2018.
1/19
Não se conhece a verdadeira identidade da múmia ou detalhes sobre sua vida. Sabe-se que era uma jovem que tinha entre 18 e 20 anos quando faleceu, por causas indeterminadas. O corpo não apresentava lesões ou vestígios de doenças e os dentes estavam todos preservados.
2/19
Os cabelos eram curtos e escuros e os traços étnicos a aproximavam das populações mediterrâneas. São as características do processo de mumificação de Kherima, entretanto, que a tornavam um exemplar extremamente raro.
3/19
Em contraste com o costume egípcio de "empacotar" as múmias, envelopando os corpos com bandagens largas de tecido, a múmia Kherima teve todos os seus membros enfaixados individualmente.
4/19
Os mumificadores tiveram até mesmo o cuidado de pintar as unhas da falecida e enfaixaram um a um os dedos dos pés e das mãos. Após ser enfaixada, Kherima foi vestida com um luxuoso traje cerimonial que ressaltava sua forma humana.
5/19
Os contornos femininos foram realçados com o uso de materiais colocados para dar volume às mamas, ao quadril e ao abdômen. Por fim, a múmia foi adornada com faixas de linho pintadas e painéis de tecido decorados com símbolos místicos — alguns dos quais nunca decifrados.
6/19
Existem apenas 8 múmias preparadas como Kherima, todas encontradas no mesmo local e, possivelmente, originárias do mesmo ateliê de mumificação. As múmias provavelmente eram ligadas à elite tebana, mas ainda não há uma explicação para o processo diferenciado de mumificação.
7/19
Kherima foi trazida ao Brasil em 1826 pelo comerciante Nicolau Fiengo, em meio a um conjunto de antiguidades egípcias que pertenciam à coleção do famoso explorador italiano Giovanni Battista Belzoni — o "pai da egiptologia", responsável por escavar a Necrópole de Tebas.
8/19
Fiengo pretendia levar a coleção para a Argentina, possivelmente por encomenda do presidente Bernardino Rivadavia, fundador da Universidade de Buenos Aires e destacado mecenas dos museus argentinos.
9/19
Um bloqueio no Rio da Prata, entretanto, impediu Fiengo de concluir a viagem. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, o comerciante ofereceu as peças em um leilão. O imperador dom Pedro I arrematou a coleção completa por 5 contos de réis, doando-a em seguida ao Museu Nacional.
10/19
Kherima sempre esteve entre os destaques do acervo egípcio do Museu Nacional e despertava curiosidade e fascínio entre os visitantes, chegando até mesmo a inspirar o romance "O Segredo da Múmia", de Everton Ralph.
11/19
Também protagonizou episódios inusitados — um deles em 1955, após a morte de Carmen Miranda. Quando a população foi informada que Carmem fora embalsamada, algumas pessoas subentenderam "mumificada" e correram até o museu para depositar flores no ataúde de Kherima.
12/19
Kherima também foi objeto de polêmicas experiências parapsicológicas conduzidas pelo professor Victor Staviarski nos anos 60. Reportagens da época atestavam que centenas de pessoas teriam entrado em transe durante as sessões.
13/19
Foi durante uma dessas experiências que se forjou a alcunha da múmia. Uma aluna supostamente teve uma visão após encostar no corpo e voltou do transe dizendo que a mulher era uma princesa tebana chamada Kherima.
14/19
Outra sessão resultou na danificação da múmia, quando um aluno, supostamente em transe, se agarrou com tanta força aos pés da múmia que arrancou alguns de seus dedos. Após o episódio, os alunos da UFRJ exigiram o fim das experiências parapsicológicas.
15/19
O egiptólogo Antonio Brancaglion Junior, ex-curador da coleção egípcia do Museu Nacional, também afirmou ter presenciado alunos da UFRJ sendo acometidos de "mal súbito" ao participarem de palestras ao lado da múmia.
16/19
A múmia Kherima foi incinerada no incêndio que destruiu o prédio e o acervo do Museu Nacional em 2 de setembro de 2018.
17/19
O incêndio destruiu 6 das 7 múmias egípcias humanas que existiam no Brasil — incluindo as múmias da cantora Sha-Amun-en-su (lacrada em um sarcófago que nunca foi aberto), do sacerdote Hori e do alto funcionário Harsiese.
18/19
Múmias de gatos, crocodilos, íbis e restos humanos mumificados também foram destruídos no incêndio, bem como os únicos quatro sarcófagos egípcios existentes na América do Sul.
19/19
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Em julho de 2025, o Grupo Globo completou 100 anos. Apagada pela narrativa apologética da empresa, há uma longa lista de participação em golpes, apoio a ditaduras, manipulação, escândalos comerciais, etc. Contamos essa história no @operamundi
Nenhuma família tem mais motivos para celebrar o centenário da Globo do que a própria família Marinho. O conglomerado os transformou em um dos clãs mais ricos e poderosos do Brasil, com um patrimônio superior a 50 bilhões de reais — um montante que não para de crescer.
2/31
O império dos Marinho abrange a Rede Globo, 2ª maior emissora do mundo, e um vasto conjunto de empresas de mídia que garantem à família o controle sobre boa parte das informações consumidas pelo público, dando-lhe enorme influência sobre a percepção da realidade.
Há 135 anos, falecia o pintor holandês Vincent Van Gogh. Expoente do pós-impressionismo, ele se notabilizou por seu estilo original, repleto de expressividade, cores vivas, pinceladas enérgicas e texturas densas. Contamos sua história no @operamundi
Van Gogh nasceu em Zundert, no Brabante do Norte, em uma família religiosa e austera. Filho de um pastor protestante, foi alfabetizado em casa pela mãe. Concluiu o ensino básico em uma escola de Zevenbergen. Depois, cursou o ensino secundário em um internato de Tilburgo.
2/25
Aos 16 anos, foi enviado a Haia para trabalhar na Goupil & Cia, filial de uma galeria parisiense aberta por seu tio. Na função de representante comercial da galeria, visitou Bruxelas, Londres e Paris. Em Londres, apaixonou-se por Eugénie Loyer, mas foi rejeitado.
Há 87 anos, Maria Bonita encontrava seu fim trágico no Massacre de Angico. Ela foi assassinada junto com Lampião e outros 9 cangaceiros de seu bando. A história da primeira mulher a integrar o cangaço é o tema do nosso artigo para o @operamundi
Maria Gomes de Oliveira nasceu no povoado de Malhada da Caiçara, em Santo Antônio da Glória, no Sertão baiano. Sua data de nascimento é objeto de debate. As fontes tradicionais apontam que ela nasceu em 08/03/1911, mas a certidão de batismo registra a data 17/01/1910.
2/25
Filha de José Filipe Gomes e Maria Joaquina Conceição de Oliveira, Maria Bonita cresceu em um ambiente marcado pela desigualdade e pela exclusão social. Acostumou-se desde pequena a trabalhar na lavoura, ajudando os pais no plantio do milho, do feijão e da mandioca.
Há 4 anos, falecia o revolucionário português Otelo Saraiva de Carvalho. Ele foi o líder do Movimento das Forças Armadas e o principal articulador da Revolução dos Cravos, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo. Leia mais no @operamundi
Otelo nasceu em Lourenço Marques (Maputo), em Moçambique, em 31/08/1936, filho de um funcionário dos Correios, Telégrafos e Telefones de Portugal. Ingressou na Academia Militar em 1955 e especializou-se posteriormente na Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas.
2/25
Otelo começou a se informar sobre a luta anticolonial após uma viagem à França, onde teve contato com líderes de movimentos autonomistas africanos. Ao mesmo tempo, ele se aproximou das ideias de Humberto Delgado e António Sérgio, ambos proeminentes opositores de Salazar
Há quatro anos, um monumento em homenagem ao bandeirante Borba Gato era incendiado em São Paulo. A ação acendeu o debate sobre legitimidade dos protestos contra símbolos da violência colonial. Esse é o tema do artigo de hoje para o @operamundi
Borba Gato é um de vários monumentos em homenagem aos bandeirantes espalhados por São Paulo.
Os bandeirantes eram sertanistas do período colonial responsáveis por organizar expedições em busca de pedras preciosas e para a captura de indígenas a serem escravizados.
2/26
Os bandeirantes protagonizaram inúmeros massacres contra nativos, sendo responsáveis pelo extermínio de centenas de milhares de indígenas. Também integraram milícias contratadas para destruir quilombos e capturar negros escravizados que fugiam das fazendas e engenhos.
Há 11 anos, falecia Ariano Suassuna. Ele é autor de alguns dos textos mais conhecidos do teatro brasileiro, incluindo o Auto da Compadecida, e dedicou toda a sua vida a lutar pela valorização da cultura popular. Contamos sua história no @operamundi
Ariano Vilar Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, na cidade de Paraíba do Norte, atual João Pessoa. Ele pertencia a uma família com grande influência política na Paraíba. Era filho de Rita de Cássia Dantas Villar e do advogado João Suassuna, o governador do estado.
2/25
Aos três anos de idade, Ariano perdeu o pai. João Suassuna foi assassinado em meio aos embates da Revolução de 1930, provavelmente como um desdobramento da execução de João Pessoa, o candidato à vice-presidência na chapa encabeçada por Getúlio Vargas.