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Jan 30, 2024 26 tweets 10 min read Read on X
Há 129 anos, em 29/01/1895, nascia o jornalista Apparício Torelly, o Barão de Itararé. Fundador do semanário "A Manha", Torelly se notabilizou como o pioneiro do humorismo político no Brasil, fazendo um brilhante uso da sátira como instrumento de denúncia e crítica social.

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Apparício Torelly nasceu em Rio Grande, RS, filho da uruguaia Maria Amélia Brinkerhoff e do brasileiro João da Silva Torelly. Perdeu a mãe aos dois anos de idade, após Maria Amélia cometer suicídio. O pai então o enviou para o Uruguai, onde Torelly viveu na fazenda do avô.

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Retornou ao Brasil em 1902, sendo posteriormente matriculado em um internato jesuíta na cidade de São Leopoldo. Aos 13 anos, evidenciando um talento precoce para o humor, Torelly criou o jornal "O Capim Seco", dedicado a satirizar os padres e professores do colégio.

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Aos 17 anos, Torelly ingressou na Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Seu verdadeiro interesse, entretanto, era a escrita. Em 1916, sob o pseudônimo "Apporelly", publicou "Pontas de Cigarro", um livro de poemas versando sobre a pobreza.

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Dois anos depois, lançou o humorístico "O Chico". Ainda em 1918, Torelly sofreu um AVC, que lhe deixou como sequela a hemiplegia. No ano seguinte, abandonou o curso de medicina, passando a se dedicar exclusivamente ao jornalismo, colaborando em jornais do interior do RS.

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Em 1925, após se mudar para o Rio de Janeiro, passou a escrever para "O Globo". No ano seguinte, estreou no jornal "A Manhã", com a coluna "Amanhã Tem Mais", onde conquistou um público fiel com seu humor cáustico, frases de efeito e trocadilhos com nomes de políticos.

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No mesmo ano, fundou seu próprio semanário, batizado de "A Manha", parodiando o nome e até mesmo a diagramação de seu periódico anterior. Publicado entre 1926 e 1959, "A Manha" se converteria em um marco do jornalismo humorístico brasileiro.

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O jornal se destacou por conseguir harmonizar conteúdo informativo, análise política e verve humorística, realizando críticas contundentes ao governo, à elite brasileira e aos grupos reacionários, ocupando-se ainda da denúncia dos problemas e da defesa das pautas populares.

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Torelly se notabilizou como frasista excepcional, cunhando tiradas que até hoje sintetizam particularidades da política, como a observação de que "o mistério de hoje pode ser o ministério de amanhã", ou de que "dali, de onde menos se espera, é que não sai nada mesmo".

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"A Manha" chegou a ser distribuído como um suplemento do "Diário da Noite", de Assis Chateaubriand, mas era cáustico demais para o gosto dos anunciantes. A parceria durou 5 meses. Desfeita a empreitada, Torelly anunciou: "A Manha não se vende. Apenas se troca por 500 réis"

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Torelly apoiou a Revolução de 1930, que encerrou a política do café com leite e deu início à Era Vargas. O pseudônimo "Barão de Itararé" evoca um episódio desse processo — a especulação sobre uma batalha entre as tropas de Vargas e de Washington Luís na cidade de Itararé.

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Apesar do sensacionalismo da imprensa, a "Batalha de Itararé" nunca aconteceu e Vargas assumiu o governo sem resistência. Ironizando a adesão de última hora de burocratas ao movimento e a absorção de arrivistas no governo Vargas, Torelly se autoproclamou "Barão de Itararé"

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Embora tenha apoiado a Revolução de 1930, o jornalista criticou de forma incisiva todas as medidas autoritárias do Estado Novo. Referia-se a Vargas como "a Gravata Preta", por sua habilidade em "se adaptar a qualquer roupa e a qualquer regime".

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Torelly zombava igualmente dos integralistas, dizendo que seus membros aderiram ao movimento por terem confundido o lema "Deus, Pátria e Família" com "Adeus, pátria e família!". Foi Torelly quem inventou o apelido de "Galinhas Verdes" para se referir aos integralistas.

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Em 1934, Torelly fundou o "Jornal do Povo", onde iniciou a publicação de fascículos contando a história do marinheiro negro João Cândido, o líder da Revolta da Chibata. A iniciativa enfureceu os militares, que reagiram com truculência.

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Torelly foi sequestrado e espancado por um grupo de marinheiros integralistas. No mesmo dia, ao retornar à redação, fez questão de usar o humor para referenciar o episódio, pendurando na entrada de sua sala uma placa com os dizeres "Entre sem bater".

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As ameaças e agressões não intimidaram o jornalista Em 1935, Torelly se tornou membro-fundador da Aliança Nacional Libertadora (ANL) — frente antifascista e anti-imperialista, vinculada ao Partido Comunista do Brasil (antigo PCB) e liderada por Luiz Carlos Prestes.

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Em novembro de 1935, a ANL foi responsável por conduzir o Levante Comunista. A sublevação foi esmagada em poucos dias. Sucedeu-se uma onda de repressão brutal. Acusado de participar do levante, Torelly foi preso, ficando encarcerado por um ano.

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No Complexo da Frei Caneca, Torelly foi companheiro de cela do escritor Graciliano Ramos. O jornal "A Manha", por sua vez, foi tirado de circulação pelos órgãos de censura do governo Vargas.
Posto em liberdade, Torelly trabalhou como cronista no Diário de Notícias.

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Anistiado durante a redemocratização, reagiu definindo a anistia como "um ato pelo qual os governos perdoam generosamente os crimes que eles mesmos cometem". Voltou a publicar "A Manha", atraindo um time destacado de colunistas — de Rubem Braga a Aurélio Buarque de Holanda

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Torelly se filiou ao PCB e fez campanha para Yedo Fiuza, candidato do partido à presidência. Em 1947, candidatou-se a vereador do Distrito Federal pelo PCB. Sua campanha enfocou dois problemas que afetavam o Rio de Janeiro à época: a falta d'água e a adulteração do leite.

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Assim, buscou popularizar o slogan "Mais leite! Mais água! Mas menos água no leite!". A estratégia deu certo e Torelly foi eleito. O mandato, entretanto, foi curto. Ainda em 1947, o registro do PCB foi cancelado. Em 1948, todos os parlamentares do partido foram cassados.

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O jornalista fez um debochado discurso de protesto, que lhe rendeu mais uma prisão.
Com dificuldades para manter seu jornal, Torelly fez uma parceria com o artista gráfico Andrés Guevara para lançar seus "Almanhaques" — os hilários almanaques do "A Manha".

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O jornalista também colaborou com o quinzenário "Para Todos", dirigido por Jorge Amado, e com o "Última Hora", o combativo jornal de Samuel Wainer. Em 1963, a convite do governo revolucionário de Pequim, visitou a China. No retorno, passou pela União Soviética.

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Profundamente angustiado após o golpe de 1964, Torelly sofreu mais um duro baque no ano seguinte — o suicídio da esposa, Aída Costa. Passou seus últimos anos recluso em seu apartamento no Rio, dedicando-se à leitura. Faleceu em 27 de novembro de 1971, aos 76 anos de idade.

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Uma curiosidade da eleição municipal de 1947: além do Barão de Itararé, o PCB elegeu mais 17 vereadores para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Era o partido com a maior bancada: ocupou 18 dos 50 assentos. O dobro da reacionária UDN, que tinha a segunda maior bancada, com 9 vereadores.
Isso no Rio de Janeiro, então capital e maior cidade do Brasil.

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Mar 10
Há 80 anos, a cidade de Tóquio era devastada por um bombardeio massivo conduzido pela Força Aérea dos EUA. Quase meio milhão de bombas incendiárias foram lançadas sobre a cidade, matando cerca de 140.000 civis. Contamos essa história no @operamundi

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Mar 9
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Segue o fio
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"Abaixo a escravidão da cozinha! Viva o nosso novo cotidiano!"
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O governo revolucionário russo editou decretos estabelecendo a igualdade formal e jurídica entre homens e mulheres e instituiu o direito ao divórcio. No mesmo ano, a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a legalizar o aborto.

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Mar 8
O presidente Lula entregou nessa sexta-feira, 7 de março, 12.297 lotes de terra para famílias acampadas em 138 assentamentos rurais espalhados por todo o Brasil. A ação ocorre no âmbito do programa Terra da Gente, que tem por objetivo ampliar e agilizar a reforma agrária.

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A entrega foi realizada durante uma cerimônia sediada no Complexo Ariadnópolis, no município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Os lotes entregues somam uma área de 385 mil hectares, dispersos por 24 estados do país.

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Mar 7
Imagine uma cidade onde 60% da população reside em moradias subsidiadas ou pertencentes ao Estado. Dificilmente você pensaria em Viena, mas é de lá que estamos falando. Hoje no @operamundi, tratamos da experiência socialista da Viena Vermelha.

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operamundi.uol.com.br/pensar-a-histo…
Todos os anos, a revista The Economist publica seu Índice Global de Habitabilidade. E, todos os anos, a cidade de Viena aparece encabeçando a lista, ostentando o impressionante título de “a melhor cidade do mundo para se viver”.

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O que a revista não se preocupa em explicar é que os fatores que fazem de Viena uma cidade tão boa de se viver se originam de uma experiência socialista que transformou radicalmente a capital austríaca e impediu que seu tecido urbano fosse organizado pela lógica do mercado.

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Mar 2
"O Combate entre o Carnaval e a Quaresma", pintura a óleo sobre madeira produzida em 1559 por Pieter Bruegel, o Velho, mestre do Renascimento flamengo. A obra representa uma disputa simbólica entre o hedonismo e os prazeres mundanos e a abnegação e a observância religiosa.

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As origens do carnaval remontam aos grandes festivais da Antiguidade Clássica, sobretudo às festas dionisíacas da Grécia Antiga e aos bacanais, saturnais e lupercais romanos.

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Diversas características do carnaval moderno já podiam ser vistas nas festas de "Navigium Isidis", quando a imagem de Ísis era levada até o mar para abençoar os velejadores — nomeadamente o desfile de mascarados acompanhando os barcos de madeiras enfeitados com alegorias.

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