SANTA SARA KALI
Hoje, 24 de maio, é dia dela! Santa Sara, segundo a tradição, era egípcia, de Berenice. De pele escura, ficou conhecida como Kali, a negra, expressão de provável origem no sânscrito. (+)
Há duas versões sobre quem ela teria sido: a parteira de Maria no nascimento de Jesus e uma amiga de Maria Madalena que teria testemunhado a Paixão de Cristo e sido lançada ao mar, ao lado de Maria Salomé, Maria Madalena e Maria Jacobina, em um barco sem remo e mantimentos. (+)
À deriva, Sara rezou e prometeu que se elas se salvassem, passaria o resto da vida com a cabeça coberta por um lenço. O barco chegou intacto à costa da França, onde a tradição diz que as mulheres foram salvas e acolhidas por um grupo de ciganos. (+)
Em virtude disso, seu centro de culto é em Saintes-Maries-de-la-Mer,costa da França, e sua festa é marcada pela presença na cidade de ciganos de toda a Europa, que vão louvá-la com cantos e danças. (+)
Para as ciganas, Santa Sara é a protetora da maternidade, atendendo às mulheres que tentam engravidar e buscam um bom parto. É costume cigano agradecer aos pedidos atendidos colocando diklôs (lenços coloridos) aos pés de uma imagem da santa. (+)
Santa Sara é a protetora dos desamparados, retirantes, refugiados e sem rumos do mundo. Que as bênçãos dela estejam hoje com todos que se encontram forçosamente longe de suas casas. Optchá!
Esse fio é adaptado do meu livro Santos de casa: fé, crenças e festas de cada dia.
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Viva Santa Rita de Cássia! Protetora dos doentes, das viúvas, das mães, padroeira das causas impossíveis. Nascida em Roccaporena, Itália, em 1381, e falecida em Cássia, no dia 22 de maio de 1457, ela se chamava Margherita Lotti. (+) 🌹
Santa Rita teve uma vida difícil. Perdeu o marido, assassinado em combate, e os dois filhos, por doenças. Após a morte dos familiares, recolheu-se a um convento, onde viveu quarenta anos praticando a caridade. O milagre da rosa é lindo! Vou contar. (+)
Reza a tradição que pouco antes de morrer, adoecida, Rita foi visitada por um parente que perguntou o que ela desejava ganhar. Rita respondeu que gostaria de receber uma rosa do quintal do visitante. Como era inverno e a neve cobria os jardins, o pedido parecia impossível. (+)
Um testemunho sobre a morte do Ayrton Senna. Não era especialmente ligado em Fórmula 1. Em 1994, comecei a minha carreira como professor. Ayrton morreu em um domingo e, no dia seguinte, fui dar aulas pra garotada. (+)
Até hoje não vivi no magistério nada parecido. A consternação absoluta, o pasmo, a incredulidade da garotada, me deram uma dimensão do que Senna significava que, até então, eu não tinha. Sabia que Ayrton era ídolo, Tinha certa noção. Mas a reação da meninada me comoveu.(+)
Ali eu reparei uma coisa: uma geração de brasileirinhas e brasileirinhos foram apresentados ao irreversível da morte naquele 1/5/1994. Tenho pra mim que a dimensão da morte de Senna ainda não é mensurável para quem a vivenciou na meninice. (+)
Já que hoje é sexta, esse fio é pra turma do tambor. Um dos ritmos mais nobres do candomblé é o Igbin; toque dedicado a Oxalufã (do iorubá Orisá Olufon; orixá senhor de Ifón - uma localidade próxima a Oxogbó, na Nigéria). (+)
Oxalufã é a manifestação de Obatalá como o ancião, dotado da sabedoria dos mais velhos, que baila de forma lenta e curvada, apoiado em um bastão, o opaxorô. Seu toque de tambor se caracteriza pela lentidão e, ao mesmo tempo, desenvolvimento contínuo do ritmo. (+)
Igbin, diga-se, é também o caramujo africano que, ao lado do ebô (alimento com milho branco), é a principal oferenda feita a Oxalá. O ritmo do Igbin, portanto, se assemelha ao lento caminhar do caramujo que carrega a própria casa. (+)
Sobre o enredo da @gresuviradouro , já que me perguntaram. Malunguinho, é o Rei do Quilombo de Cacutá (PE) e Mestre da Jurema Sagrada O primeiro texto escrito que conheço sobre ele é a descrição que Mário de Andrade no livro "Música de Feitiçaria no Brasil" (+)
Mário descreve Malunguinho como uma entidade terrível, uma espécie de espírito sem luz dado a feitiços. Eu não sei de onde ele tirou isso. Todos os outros registros que conheço se referem a Malunguinho como um mestre benevolente e remediador de mazelas diversas. (+)
Malunguinho foi líder quilombola do século XIX (um personagem histórico que morreu defendendo o Catucá , em 1835) que subverteu a morte e virou um mestre juremeiro e Rei das Matas. Encantou-se defendendo a mata! (+)
Fio longo. Durante a ditadura militar, setores das forças armadas e das polícias que atuaram nos porões do regime cuidavam das tarefas da repressão: interrogatórios, variado repertório de torturas, assassinatos dos chamados “subversivos” e desaparecimentos de corpos. (+)
A partir de meados da década de 1970, a ditadura começou a ser desmontada, com o processo de abertura. Os agentes do aparelho de repressão afastados das entranhas clandestinas do poder buscaram novos espaços de atuação. (+)
Quem abriu esse espaço para eles foi o crime organizado que no Rio de Janeiro dominava a cidade. E o jogo do bicho acabou fazendo uma aliança com esses grupos. (+)
O Maracanã foi a maior encarnação, ao lado das praias, de certo mito de convívio cordial, ao mesmo tempo sórdido e afetuoso, do Rio de Janeiro. O estádio foi pensado, em 1950, para ser frequentado por torcedores de todas as classes sociais, mas não de forma igualitária. (+)
Ele foi espacialmente dividido, como se cada torcedor tivesse que saber qual é a sua posição na sociedade: os mais pobres na geral, a classe média nas arquibancadas, os mais remediados nas cadeiras azuis e os mais remediados ainda em suas cadeiras cativas. (+)
Apesar disso, a fabulação de espaço democrático do Maracanã fazia crer na cidade menos injusta, na crença num modelo de coesão em que as diferenças se diluíam no imaginário de amor pelo futebol e na possibilidade de invenção de sociabilidades a partir de experiências comuns. (+)