O anúncio de que Kamala Harris é a favorita para substituir Biden como candidata democrata às eleições dos EUA entusiasmou parte da esquerda brasileira. Mas uma análise mais detida sobre as ações pregressas de Kamala certamente recomendaria mais cautela.
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Como procuradora-geral da Califórnia, Kamala apoiou políticas punitivistas e medidas que resultaram no encarceramento em massa de pobres, negros e latinos. A história de Kamala é o tema do nosso artigo de hoje para o @operamundi
Nascida em Oakland, Califórnia, em 1964, Kamala Harris é filha de uma cientista indiana e de um economista jamaicano. Ela estudou ciência política e economia na Universidade Howard, em Washington, e posteriormente se graduou em direito pela Universidade da Califórnia.
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Kamala serviu como procuradora-adjunta de Alameda entre 1990 e 1998 e gerenciou a Unidade de Criminosos Reincidentes. Já filiada ao Partido Democrata, tornou-se procuradora de São Francisco em 2003. Em 2011, assumiu o cargo de procuradora-geral da Califórnia.
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A atuação de Kamala como procuradora rendeu diversas críticas dos movimentos sociais. Sua gestão foi marcada pelo punitivismo e pelo perfilamento de minorias étnicas e de imigrantes — algo especialmente pernicioso e preocupante diante da natureza do sistema penal dos EUA.
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Os Estados Unidos possuem a maior população carcerária do mundo, com 2,3 milhões de presidiários. A nação que se autodenomina “Terra dos Livres” responde por apenas 5% da população mundial, mas concentra 25% de todos os prisioneiros do planeta.
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A taxa de encarceramento dos EUA — quase 700 presos para cada 100 mil habitantes — é quase 6 vezes maior do que a da China, rotulada como uma “ditadura” pelas autoridades estadunidenses. A seletividade da justiça penal se reflete no perfil étnico dos encarcerados.
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Negros e latinos perfazem 29% da população dos EUA, mas representam 60% da população carcerária.
Em vários estados, prisioneiros são submetidos ao trabalho compulsório. Essa medida, somada à privatização dos presídios, tem transformado o encarceramento num negócio lucrativo
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O mercado das prisões movimenta mais de US$ 200 bilhões por ano nos EUA e empresários do setor possuem lobistas poderosos financiando campanhas. Da Microsoft à Nike, passando pela Walmart e McDonald's, diversas corporações lucram com o trabalho barato dos prisioneiros.
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Os interesses financeiros frequentemente se misturam-se ao populismo penal e à competição eleitoreira dos procuradores e juízes para descobrir quem é mais “duro no combate ao crime”, com resultados desastrosos. A atuação de Kamala Harris é um exemplo disso.
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Durante a eleição à procuradoria, Kamala se posicionou à direita dos republicanos em relação à “3 Strikes Law” — lei que determinava que qualquer pessoa condenada por 3 delitos, incluindo os de menor potencial ofensivo, seria automaticamente sentenciada à prisão perpétua.
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A lei foi desastrosa. Pessoas foram para a prisão perpétua por motivos banais, como porte de maconha ou furtar comida. Mesmo assim, Kamala foi contra reformar a lei e encorajou os eleitores a rejeitarem a proposta 66, que previa aplicar a regra somente a crimes graves.
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Kamala não se deu por satisfeita apenas com a aplicação indiscriminada da prisão perpétua contra delitos banais. Ela apoiou uma medida do condado de São Francisco que obrigava as escolas a entregarem crianças imigrantes para serem detidas por autoridades policiais.
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Kamala ajudou a implementar uma medida de "combate à vadiagem" que mandava para a cadeia os pais de alunos que faltassem às aulas. Questionada sobre o caso de uma mãe que foi presa porque a filha com câncer parou de ir pra escola, Kamala respondeu com risadas e ironias.
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Buscando projetar a imagem de “tolerância zero”, Kamala jogou milhares de jovens negros e latinos na cadeia por motivos fúteis. Ela também se tornou conhecida por perseguir trabalhadoras do sexo e por tentar impedir o acesso de prisioneiras trans a procedimentos médicos.
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Embora tenha sido a primeira mulher negra a ocupar o cargo de procuradora-geral na Califórnia, Kamala foi muito criticada pelo movimento negro por ter acobertado e livrado de punição policiais envolvidos em atos de racismo e de execução extrajudicial de jovens negros.
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Kamala também resistiu às pressões pelo desencarceramento. Em 2011, a Suprema Corte dos EUA, alarmada com o crescimento da população carcerária, superlotação e más condições do sistema penal, determinou a libertação de prisioneiros que tivessem cometido delitos leves.
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Kamala se recusou a cumprir a decisão e conduziu uma campanha de obstrução que quase gerou uma crise constitucional. A procuradora justificou a postura dizendo que, caso fosse obrigada a libertar os detentos, as prisões “perderiam importante contingente de mão de obra".
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Ela também se recusou a apoiar um projeto de lei criado por iniciativa popular que visava diminuir a taxa de encarceramento através da reforma dos códigos penais.
Um dos casos mais emblemáticos da intransigência punitivista da procuradora ocorreu em 2012.
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Um homem chamado Daniel Larsen, reincidente, foi condenado à prisão perpétua por ameaçar uma pessoa com uma faca. Posteriormente, um juiz federal ordenou sua soltura. O próprio policial responsável pelo inquérito deu um depoimento onde inocentava Larsen.
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Mesmo assim, Kamala recorreu da decisão e se negou a libertar Larsen. Organizações humanitárias protestaram, mas Kamaka seguiu se opondo à libertação com base uma tecnicalidade burocrática: o fato de que o habeas corpus fora pedido pelo advogado fora do prazo legal.
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Diversos exemplos de excessos de Kamala foram divulgados no período, incluindo casos de manipulação de evidências e uso de recursos para impedir a realização de testes de DNA — inclusive em casos que poderiam inocentar pessoas que aguardavam execuções no corredor da morte.
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O rigor punitivista e a “linha dura” demonstrada pela procuradora contra jovens negros, latinos, pobres e imigrantes contrastava bastante com o tratamento dispensado aos réus de maior poder aquisitivo.
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Em 2013, por exemplo, Kamala se recusou a denunciar o Banco OneWest, de propriedade de Steven Mnuchin, mesmo com várias evidências sugestivas de “ilegalidades generalizadas”, conforme um memorando vazado do Departamento de Justiça.
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Coincidentemente ou não, o banqueiro Steve Mnuchin — que assumiu o cargo de Secretário do Tesouro no governo de Donald Trump — doou milhares de dólares para a campanha eleitoral de Kamala Harris.
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Kamala também se envolveu em um escândalo em 2015, quando a imprensa revelou que uma equipe de procuradores que ela chefiava havia falsificado confissões, alterado transcrições, cometido perjúrio e manipulado evidências para influenciar nos vereditos.
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Eleita para o Senado em 2016 e para a vice-Presidência dos EUA em 2020, Kamala segue perfilada às alas mais conservadoras do Partido Democrata. No plano externo, ela é próxima da facção dos “Hawks”, defensores de uma política externa agressiva e intervencionista.
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Ela foi uma das principais apoiadoras da proposta de intervenção dos EUA Síria, defendeu a aplicação de sanções contra a China e a Venezuela e a continuidade do embargo a Cuba. Ela também liderou a repressão violenta aos imigrantes na fronteira com o México.
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Contemplada com mais de 5 milhões de dólares pela AIPAC, principal agência do lobby sionista, Kamala é uma apoiadora incondicional do Estado de Israel e defendeu o envio de mais 38 bilhões de dólares para financiar o genocídio na Faixa de Gaza.
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Leia esse artigo sobre Kamala Harris na íntegra, com mais informações e detalhes, no site do @operamundi
Há 45 anos, em 19/07/1979, os guerrilheiros da Frente Sandinista de Libertação Nacional derrubavam a ditadura da família Somoza na Nicarágua. A história da Revolução Sandinista é o tema do nosso artigo de hoje para o @operamundi
A Frente Sandinista (FSLN) tem como patrono o revolucionário nicaraguense Augusto César Sandino. Nos anos 20, Sandino liderou o exército popular que combateu as tropas dos EUA na Nicarágua, tornando-se um símbolo da resistência anti-imperialista na América Latina.
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Em 1934, Sandino foi capturado e fuzilado pela Guarda Nacional, então comandada por Anastasio Somoza García. Dois anos depois, Somoza arquitetou a deposição do presidente Juan Bautista Sacasa e tornou-se ditador da Nicarágua.
Há 106 anos, em 18/7/1918, nascia Nelson Mandela. Expoente da luta antirracista, líder do movimento contra o regime do apartheid e 1º presidente negro da África do Sul. A vida de "Madiba" é o tema do nosso artigo para o @operamundi
Mandela nasceu em Mvezo, Cabo Oriental, em uma família da nobreza tembu, povo da etnia xhosa. Chamava-se Rolihlahla Mandela, mas recebeu a denominação "Nelson" na escola primária em Qunu, onde era hábito os professores substituírem os nomes nativos por alcunhas anglófonas.
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Aos 9 anos de idade, após a morte do pai, foi deixado sob a tutela de seu tio, Jongintaba Dalindyebo. Cursou o ensino básico em colégios metodistas, ingressou no Clarkebury Boarding Institute e concluiu o ensino secundário no Colégio Healdtown.
Para justificar uma guerra, o governo dos EUA aventou realizar atentados terroristas contra seu próprio povo, sequestrar e derrubar aviões e pôr a culpa em outro país. Pode parecer teoria da conspiração. Mas foi exatamente isso que foi proposto em relação a Cuba nos anos 60
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Em 1962, o Departamento de Defesa dos EUA elaborou a Operação Northwoods — uma operação de bandeira falsa que sugeriu a realização de atentados terroristas para justificar uma invasão a Cuba. Esse é o tema do nosso artigo de hoje para o @operamundi
O triunfo da Revolução Cubana em 1959 representou um grande revés para os interesses dos EUA. A queda de Fulgencio Batista retirou Cuba do círculo de influência dos EUA e alimentou o ímpeto nacionalista do povo cubano, que ansiava por soberania e autodeterminação.
Há 83 anos, em 12/07/1941, Josef Stalin e Winston Churchill estabeleciam uma aliança inusitada: o Acordo Anglo-Soviético, um tratado de assistência recíproca na luta contra a Alemanha nazista. Esse é o tema do nosso artigo para o @operamundi
Antes do início da Segunda Guerra Mundial, nenhum tratado pareceria tão improvável quanto o Acordo Anglo-Soviético de 1941. Desde a ascensão de Hitler ao poder em 1933, a Alemanha contava com o apoio e a admiração das potências ocidentais.
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O Ocidente enxergava o nazismo como uma ferramenta de contenção da esquerda radical — cuja expansão havia sido potencializada pela Grande Depressão. Em amplos setores da burguesia estadunidense e britânica, a torcida por Hitler era incondicional.
Há 100 anos, em 11/7/1924, nascia o físico César Lattes, um dos mais renomados cientistas brasileiros. Indicado por 5 vezes ao Prêmio Nobel de Física, Lattes foi codescobridor da partícula subatômica méson pi — descoberta que rendeu o Nobel ao britânico Cecil Frank Powell.
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Lattes também foi o fundador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e um dos criadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão de fomento à pesquisa científica no Brasil.
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Nascido em Curitiba, César Lattes era filho de Giuseppe e Carolina Maroni Lattes, casal de imigrantes judeus italianos oriundos do Piemonte. Refugiou-se com a família na Itália durante a Revolução de 1930, retornando ao Brasil após o término do conflito.
Ontem completamos 92 anos do Movimento Constitucionalista de 1932 — guerra civil que opôs o governo Vargas às elites de São Paulo, que intencionavam restaurar a velha ordem oligárquica derrotada dois anos antes. Confira nosso artigo no @operamundi
Articulada desde o governo Campo Sales, a "política do café com leite" consolidou o domínio das oligarquias rurais do Sudeste sobre a governança nacional, com paulistas e mineiros se revezando na presidência e favorecendo os interesses de suas elites agrárias.
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Ao longo dos anos 20, a insatisfação com essa política levou ao surgimento do movimento tenentista — sublevações de militares de baixa patente que reivindicavam a reforma do sistema político, tais como a Revolta do Forte de Copacabana, a Revolta Paulista e Comuna de Manaus.