A esgrimista Olga Kharlan ganhou hoje a primeira medalha da Ucrânia em Paris, um bronze.
Kharlan foi peça central na queda de braço nos bastidores sobre a participação ou não de atletas russos nessa edição dos Jogos Olímpicos.
A Rússia liderou o quadro de medalhas na esgrima nas últimas duas Olimpíadas, em 2016 e em 2020.
Quando houve a invasão da Ucrânia, a Federação Internacional de Esgrima decidiu, por 88 votos a 48, que atletas russos poderiam continuar competindo, mas sem símbolos do país.
Na qualificação para Paris 2024, Kharlan, já dona de três medalhas olímpicas, enfrentou a russa Anna Smirnova. Venceu, mas se recusou a apertar a mão da adversária após a luta.
Em protesto, Smirnova sentou-se na pista e ficou lá por 45 minutos. Kharlan acabou desclassificada.
A ucraniana estaria fora de Paris 2024, mas sua desclassificação causou comoção na comunidade esportiva internacional.
O presidente do COI em pessoa, Thomas Bach, escreveu uma carta para Kharlan e interveio para que ela tivesse sua vaga nos Jogos Olímpicos garantida.
A Federação Internacional de Esgrima manteve sua posição sobre a penalidade, dizendo que estava dentro de suas regras.
Por sua vez, o Comitê Olímpico Russo afirmou que a ação do COI demonstra que a entidade claramente tem um lado no conflito, violando a sua suposta neutralidade.
Nenhum esgrimista russo foi a Paris. As regras vetavam que aqueles ligados ao exército competissem por vagas, o que eliminou os melhores.
O quadro de medalhas da modalidade tem a anfitriã França na frente, já com dois ouros e quatro pratas.
Ainda não houve medalhas para russos ou bielorrussos em Paris, atletas competindo de maneira independente.
No cenário olímpico, assim como no futebolístico, a Ucrânia claramente venceu a queda de braço, assim como aconteceu no do futebol.
O futebol russo durante o período da Guerra da Ucrânia, aliás, é o tema do texto exclusivo para assinantes do Copa Além da Copa em julho!
Falamos principalmente sobre o cenário doméstico, focando em como as competições seguem mesmo com a punição internacional.
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Duas boxeadoras que tiveram suas medalhas no mundial da modalidade confiscadas por não passarem em testes de feminilidade estão lutando normalmente em Paris.
Elas vêm sofrendo diversos ataques nas redes sociais. Até a escritora JK Rowling opinou contra as atletas.
Lin Yu-ting, do Taipé Chinês, ganhou medalha de bronze no Mundial de Boxe de Nova Deli, em 2023, mas em seguida foi desclassificada por não ter passado no teste de feminilidade.
Imani Khelif, da Argélia, foi desclassificada da mesma competição pouco antes de lutar pelo ouro.
Testes de feminilidade são contestados pela comunidade científica como discriminatórios.
Mulheres cis que têm níveis de testosterona naturalmente elevados são reprovadas com frequência. Um caso famoso é o da atacante Barbra Banda, da seleção zambiana de futebol.
O crawl é o mais rápido dos quatro nados olímpicos, o único com uma prova nobre de 50 metros de distância devido à sua velocidade e impulso.
Mas por muito tempo, os europeus o desconheciam ou se recusavam a praticá-lo: era considerado inferior e pouco civilizado.
Há registros de colonizadores nos EUA aprendendo o nado crawl com nativos no século XVI e ponderando sobre a sua eficiência.
Ainda assim, para os europeus, a quantidade de água espalhada e manter a cabeça dentro da água eram considerados provas da inferioridade do nado.
Humanos sempre nadaram, seja por necessidade ou recreação. A natação competitiva, porém, surge na Inglaterra no século XIX, como a maioria dos esportes.
O nado mais usado era o peito, aclamado por seu decoro.
Ela nasceu na China com o nome de Zhiying Zeng, mas virou a tia Tania no Chile, onde chegou nos anos 80 pra treinar crianças no tênis de mesa.
Depois, virou comerciante. Ficou anos sem jogar, mas voltou durante a pandemia.
Aos 58 anos, acaba de fazer sua estreia olímpica.
Zeng treinava tênis de mesa desde muito jovem, tendo se tornado profissional aos 12. Aos 16, já estava representando a China em torneios internacionais.
Uma mudança nas regras do tênis de mesa, porém, dificultou seu jogo e ela decaiu. Desistiu do profissionalismo e migrou.
Ela tinha sido convidada pra ensinar o esporte a crianças em Arica, no Chile, onde chegou em 1989. Até voltou a jogar profissionalmente em 2003, mas apenas pra estimular o filho a praticar o esporte.
Apesar disso, ganhou campeonatos nacionais no Chile em 2004 e 2005.
No domingo, o neerlandês Steven van de Velde estreou no vôlei de praia sob vaias.
Ele é um dos atletas cuja presença está entre as mais questionadas nos Jogos Olímpicos, já que foi condenado por estuprar três vezes uma menina de 12 anos em 2016.
Antes de seguirmos, um aviso importante: o texto tem detalhes sensíveis sobre um caso de estupro.
Caso o assunto faça mal a você, recomendamos refletir se deve continuar a leitura.
Uma petição online com mais de 90 mil assinaturas tentou convencer o COI a barrar a participação de Van de Velde.
Em agosto de 2014, quando tinha 19 anos, Van de Velde viajou de Amsterdã até a Inglaterra para ver uma menina de 12 anos que ele havia conhecido pelo Facebook.
A natação é palco de uma das grandes batalhas políticas dessa Olimpíada, com os EUA de um lado acusando a China de doping e os chineses do outro dizendo que há um complô ocidental para prejudicá-los.
No centro da disputa, a atuação do COI e da Agência Mundial Antidoping (WADA).
Em abril, o New York Times e a TV alemã ARD divulgaram que 23 nadadores chineses tinham tido resultados positivos pra droga trimetazidina (TMZ), que melhora a performance, meses antes das Olimpíadas de Tóquio.
Mas uma investigação chinesa apontou haver contaminação nos testes.
A WADA concluiu não ter provas pra contestá-la e não interveio. Alguns desses nadadores competiram em Tóquio e também estão em Paris.
Duas investigações independentes não encontraram evidências de que a WADA agiu de forma errada no caso, mas os EUA discordam e pedem mudanças.
Paris começa hoje a sediar a sua terceira edição olímpica.
A primeira, em 1900, foi muito diferente: durou cinco meses, foi parte da Exposição Universal, um evento maior, e teve modalidades como corrida de pombos, cabo de guerra, pesca e balonismo.
Era um momento de grande otimismo no planeta. A França, passando pela chamada Belle Époque, era um centro de inovações tecnológicas e culturais.
A Exposição Universal mostrou invenções como a roda gigante, a escada rolante, o motor a diesel e o telégrafo.
Toda a suntuosidade, é claro, era sustentada pela exploração colonial. A França tinha uma enorme quantidade de colônias na África, na Ásia e no Pacífico.
Havia pavilhões dedicados às colônias, expondo suas tradições culturais e religiosas. A colonização era vista como positiva.