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Da primeira vez que estive na Venezuela, vivi em Caracas meio ano. Percorri o país e conheci ministros, autarcas, militares e opositores. Contactei com a população mais pobre, profundamente chavista, nas favelas da capital. Até chegar Chávez, viviam na miséria absoluta+
Conheci gente que nunca tinha ido ao médico até então, que nunca tinha ido ao dentista, que me contaram que nos tempos da direita, para evitar a fome, comiam comida para animais. Com Chávez, aprenderam a ler e a escrever. Tiveram acesso a médicos e habitação digna+
O país cresceu muito economicamente durante Chávez graças à subida dos preços do petróleo. A diferença é que ele investia esse dinheiro na população. Criou centros de saúde nas favelas, universidades, apoiou orquestras populares e o desporto juvenil+
Pôs os militares ao serviço do povo. Eu estive em quartéis que tinham médicos e aparelhos de análises e radiografia para a população. A população passou a organizar-se e criar estruturas de participação colectiva. Houve uma democratização do país+
Eu visitei inúmeras rádios e jornais comunitários. Antigas esquadras onde se torturava eram agora sedes de associações de moradores, tinham veterinário a preços populares e espaços culturais+
Com a baixa dos preços do petróleo e sanções, Maduro viu-se impedido de importar num país dependente do petróleo e incapaz, como anteriormente a direita, de diversificar a economia. O país entrou em queda livre e inflação galopante. O ocidente queria destruir a economia+
A estratégia era e é, como em Cuba, asfixiar a vida dos venezuelanos a tal ponto que se vejam obrigados a virar-se contra o chavismo. Ao mesmo tempo, a oposição promove golpes de Estado, tentativas de guerra civil, os EUA metem dinheiro, armas e mercenários+
Houve tantas tentativas de derrubar Chávez e Maduro de forma violenta que resulta caricato dizer que a oposição é democrática. O chavismo não é perfeito, e há muitas razões para ser criticado, mas até agora foram os únicos que, mesmo nos seus desacertos, estiveram ao lado do povo

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Dec 4, 2023
A tensão entre a Venezuela e a Guiana tem contexto e mais de um mês. É consequência do colonialismo europeu. Abro uma thread com os principais factos históricos, porque os que decidem a sua posição pelo que diga Washington estão, outra vez, a fingir que tudo começou agora + Image
O território que a Venezuela reclama não é toda a Guiana. Caracas reclama a Guiana Esequiba desde sempre, a região que termina no rio Esequibo. Os mapas oficiais da Venezuela incluem este território desde sempre. Para entender, há que viajar até à independência da Venezuela +
Os mapas da coroa espanhola incluíam o Esequibo na Venezuela. Após a independência, em 1811, durante décadas, o império britânico que ocupava a Guiana reconheceu o Esequibo como sendo venezuelano. Em meados do séc.19, os britânicos ocupam o Esequibo depois da descoberta de ouro +
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May 12, 2023
Acabo de ter acesso à resposta a um pedido de esclarecimento sobre o envolvimento da Câmara de Lisboa no cancelamento de um debate, em Janeiro, sobre a guerra na Ucrânia com a presença de três jornalistas. A câmara admite o envolvimento como passo a explicar +
Cristina Rocha, chefe da Divisão de Relações Internacionais da autarquia admitiu que contactou a União de Associações de Comércio e Serviços de Lisboa. Era nestas instalações que se ia realizar a iniciativa promovida pela Associação Iuri Gagarine +
Iam estar três jornalistas que estiveram nas duas partes do conflito até ser cancelada, de forma inesperada, depois de pressões da Embaixada da Ucrânia. Na resposta da câmara, a que tive acesso, Cristina Rocha confirma que recebeu uma comunicação da Embaixada da Ucrânia +
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Dec 9, 2022
Angela Merkel admitiu numa entrevista ao jornal Die Zeit que os acordos de Minsk foram uma tentativa de dar tempo à Ucrânia para se reforçar militarmente. "Duvido muito que os países da NATO pudessem fazer tanto naquela altura como estão a fazer agora para ajudar a Ucrânia". +
"Era claro que para todos nós este era um conflito congelado, que o problema não estava resolvido, mas isto [acordos de Minsk] deu à Ucrânia um tempo precioso". Merkel admitiu que se a Rússia tivesse querido, naquela altura, podia ter controlado militarmente todo o Donbass. +
Estas polémicas declarações confirmam as palavras do ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko que afirmou várias vezes que a Ucrânia nunca quis cumprir os acordos de paz mas tão somente ganhar tempo.
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Feb 25, 2022
Como agora há uma campanha mediática para branquear as relações do regime ucraniano com o neonazismo, alegando que é desinformação russa, acompanhem-me neste fio com dados concretos. Isto não serve para defender a Rússia mas para combater o fascismo e a mentira.🧶
A tropa de choque durante o golpe em 2014 contra o governo ucraniano era composto por neonazis, segundo a BBC. Nomeadamente, o Sector Direito, conhecidos por atacarem a população russófona. Também o partido fascista Svoboda e o Congresso dos Nacionalistas Ucranianos. 🧶
Um dos homens mais destacados era Andriy Parubiy, que coordenava os voluntários na Praça Maidan, segundo o Washington Post. Tornou-se presidente do parlamento ucraniano depois do golpe e ainda hoje é deputado. Foi fundador do partido neonazi Partido da Ucrânia Nacional-Social.🧶
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Feb 23, 2022
Há uma discussão permanente sobre se aquilo que aconteceu em Kiev em 2014 foi uma revolução ou um golpe. Para que decidam por vocês próprios, abro fio para deixar alguns factos. 🧶
Segundo o The Guardian, os partidos Democrata e Republicano, o National Democratic Institute, o Departamento de Estado, a USAid, a ONG Freedom House e o Open Society Institute gastaram cerca de 14 milhões de dólares a apoiar a chamada Revolução Laranja em 2004/2005 na Ucrânia.
No fim de 2013, os protestos na Praça Maidan começaram por ser pacíficos e contestavam o governo de Viktor Yanukovych. Sem qualquer impedimento, os senadores norte-americanos John McCain e Chris Murphy reuniram com a oposição, distribuíram comida e discursaram aos manifestantes.
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Feb 22, 2022
Em 2018, estive em Donetsk e Lugansk. Visitei orfanatos, hospitais, escolas e fábricas. Falei com mineiros, autarcas, reformados, crianças, professores, empresários e sindicalistas. Assisti às lágrimas de mulheres enlutadas e ouvi disparos de artilharia sobre zonas civis. 🧶
Choca-me que nunca ninguém tenha querido saber desta gente, desde jornalistas a governos, e de repente tenham descoberto que há um Acordo de Minsk porque a Rússia deixou de o reconhecer, quando a Ucrânia o violava diariamente desde o momento em que foi assinado.
Esse acordo previa, no ponto 3, a descentralização administrativa da Ucrânia com um regime de governação local em Donetsk e Lugansk. Nas negociações, estiveram um ex-presidente da Ucrânia, um embaixador russo e os presidentes de Donetsk e Lugansk.
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