Da primeira vez que estive na Venezuela, vivi em Caracas meio ano. Percorri o país e conheci ministros, autarcas, militares e opositores. Contactei com a população mais pobre, profundamente chavista, nas favelas da capital. Até chegar Chávez, viviam na miséria absoluta+
Conheci gente que nunca tinha ido ao médico até então, que nunca tinha ido ao dentista, que me contaram que nos tempos da direita, para evitar a fome, comiam comida para animais. Com Chávez, aprenderam a ler e a escrever. Tiveram acesso a médicos e habitação digna+
O país cresceu muito economicamente durante Chávez graças à subida dos preços do petróleo. A diferença é que ele investia esse dinheiro na população. Criou centros de saúde nas favelas, universidades, apoiou orquestras populares e o desporto juvenil+
Pôs os militares ao serviço do povo. Eu estive em quartéis que tinham médicos e aparelhos de análises e radiografia para a população. A população passou a organizar-se e criar estruturas de participação colectiva. Houve uma democratização do país+
Eu visitei inúmeras rádios e jornais comunitários. Antigas esquadras onde se torturava eram agora sedes de associações de moradores, tinham veterinário a preços populares e espaços culturais+
Com a baixa dos preços do petróleo e sanções, Maduro viu-se impedido de importar num país dependente do petróleo e incapaz, como anteriormente a direita, de diversificar a economia. O país entrou em queda livre e inflação galopante. O ocidente queria destruir a economia+
A estratégia era e é, como em Cuba, asfixiar a vida dos venezuelanos a tal ponto que se vejam obrigados a virar-se contra o chavismo. Ao mesmo tempo, a oposição promove golpes de Estado, tentativas de guerra civil, os EUA metem dinheiro, armas e mercenários+
Houve tantas tentativas de derrubar Chávez e Maduro de forma violenta que resulta caricato dizer que a oposição é democrática. O chavismo não é perfeito, e há muitas razões para ser criticado, mas até agora foram os únicos que, mesmo nos seus desacertos, estiveram ao lado do povo
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A tensão entre a Venezuela e a Guiana tem contexto e mais de um mês. É consequência do colonialismo europeu. Abro uma thread com os principais factos históricos, porque os que decidem a sua posição pelo que diga Washington estão, outra vez, a fingir que tudo começou agora +
O território que a Venezuela reclama não é toda a Guiana. Caracas reclama a Guiana Esequiba desde sempre, a região que termina no rio Esequibo. Os mapas oficiais da Venezuela incluem este território desde sempre. Para entender, há que viajar até à independência da Venezuela +
Os mapas da coroa espanhola incluíam o Esequibo na Venezuela. Após a independência, em 1811, durante décadas, o império britânico que ocupava a Guiana reconheceu o Esequibo como sendo venezuelano. Em meados do séc.19, os britânicos ocupam o Esequibo depois da descoberta de ouro +
Acabo de ter acesso à resposta a um pedido de esclarecimento sobre o envolvimento da Câmara de Lisboa no cancelamento de um debate, em Janeiro, sobre a guerra na Ucrânia com a presença de três jornalistas. A câmara admite o envolvimento como passo a explicar +
Cristina Rocha, chefe da Divisão de Relações Internacionais da autarquia admitiu que contactou a União de Associações de Comércio e Serviços de Lisboa. Era nestas instalações que se ia realizar a iniciativa promovida pela Associação Iuri Gagarine +
Iam estar três jornalistas que estiveram nas duas partes do conflito até ser cancelada, de forma inesperada, depois de pressões da Embaixada da Ucrânia. Na resposta da câmara, a que tive acesso, Cristina Rocha confirma que recebeu uma comunicação da Embaixada da Ucrânia +
Angela Merkel admitiu numa entrevista ao jornal Die Zeit que os acordos de Minsk foram uma tentativa de dar tempo à Ucrânia para se reforçar militarmente. "Duvido muito que os países da NATO pudessem fazer tanto naquela altura como estão a fazer agora para ajudar a Ucrânia". +
"Era claro que para todos nós este era um conflito congelado, que o problema não estava resolvido, mas isto [acordos de Minsk] deu à Ucrânia um tempo precioso". Merkel admitiu que se a Rússia tivesse querido, naquela altura, podia ter controlado militarmente todo o Donbass. +
Estas polémicas declarações confirmam as palavras do ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko que afirmou várias vezes que a Ucrânia nunca quis cumprir os acordos de paz mas tão somente ganhar tempo.
Como agora há uma campanha mediática para branquear as relações do regime ucraniano com o neonazismo, alegando que é desinformação russa, acompanhem-me neste fio com dados concretos. Isto não serve para defender a Rússia mas para combater o fascismo e a mentira.🧶
A tropa de choque durante o golpe em 2014 contra o governo ucraniano era composto por neonazis, segundo a BBC. Nomeadamente, o Sector Direito, conhecidos por atacarem a população russófona. Também o partido fascista Svoboda e o Congresso dos Nacionalistas Ucranianos. 🧶
Um dos homens mais destacados era Andriy Parubiy, que coordenava os voluntários na Praça Maidan, segundo o Washington Post. Tornou-se presidente do parlamento ucraniano depois do golpe e ainda hoje é deputado. Foi fundador do partido neonazi Partido da Ucrânia Nacional-Social.🧶
Há uma discussão permanente sobre se aquilo que aconteceu em Kiev em 2014 foi uma revolução ou um golpe. Para que decidam por vocês próprios, abro fio para deixar alguns factos. 🧶
Segundo o The Guardian, os partidos Democrata e Republicano, o National Democratic Institute, o Departamento de Estado, a USAid, a ONG Freedom House e o Open Society Institute gastaram cerca de 14 milhões de dólares a apoiar a chamada Revolução Laranja em 2004/2005 na Ucrânia.
No fim de 2013, os protestos na Praça Maidan começaram por ser pacíficos e contestavam o governo de Viktor Yanukovych. Sem qualquer impedimento, os senadores norte-americanos John McCain e Chris Murphy reuniram com a oposição, distribuíram comida e discursaram aos manifestantes.
Em 2018, estive em Donetsk e Lugansk. Visitei orfanatos, hospitais, escolas e fábricas. Falei com mineiros, autarcas, reformados, crianças, professores, empresários e sindicalistas. Assisti às lágrimas de mulheres enlutadas e ouvi disparos de artilharia sobre zonas civis. 🧶
Choca-me que nunca ninguém tenha querido saber desta gente, desde jornalistas a governos, e de repente tenham descoberto que há um Acordo de Minsk porque a Rússia deixou de o reconhecer, quando a Ucrânia o violava diariamente desde o momento em que foi assinado.
Esse acordo previa, no ponto 3, a descentralização administrativa da Ucrânia com um regime de governação local em Donetsk e Lugansk. Nas negociações, estiveram um ex-presidente da Ucrânia, um embaixador russo e os presidentes de Donetsk e Lugansk.