Há mais de um mês, é noticiado um escândalo de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o segundo tribunal mais importante do Brasil.
Curiosamente, a Globo decidiu não dedicar nenhuma reportagem no Fantástico, nenhuma discussão na Globonews, nem as manchetes que esse caso merece, apesar de estar cobrindo esquemas semelhantes em tribunais inferiores.
O caso parece uma história de filme: uma investigação sobre o assassinato de um advogado apreende um celular encontrado ao lado do corpo — e o que os investigadores encontraram lá está deixando muita gente de cabelo em pé.
De acordo com a revista VEJA, a polícia encontrou 39 mensagens não lidas de “Des Sebastião” no celular do recém-falecido Roberto Zampieri.
Nada digno de nota, afinal, juízes e advogados se falam todos os dias. O estranho foi que familiares da vítima, juízes e desembargadores insistentemente tentaram impedir que os investigadores da polícia acessassem o conteúdo do celular.
Depois de várias idas e vindas, os investigadores finalmente acessaram o celular e encontraram o que muitos queriam esconder: Zampieri fazia parte de um esquema que corrompia não apenas juízes de Mato Grosso, mas também conseguia vender decisões assinadas pelos ministros do STJ Isabel Galloti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Mora Ribeiro.
O esquema era tão ousado que se orgulhava de até as vírgulas das sentenças serem exatamente como prometido.
O esquema era tão simples quanto parecia: rascunhos das decisões dos ministros eram repassados por assessores aos integrantes do esquema.
De posse do rascunho, eles procuravam a parte beneficiada pela decisão como uma ameaça: se pagassem, a decisão sairia conforme estava. Se não pagassem, a decisão iria para a parte contrária.
Por óbvio, nem todos os casos eram alvo da quadrilha. Sua especialidade eram litígios envolvendo dezenas ou até centenas de milhões de reais — e casos envolvendo políticos. O preço? Uma única decisão chegou a custar R$ 500 mil. Os investigadores acreditam que o esquema movimentou dezenas de milhões de reais nos últimos anos.
No centro do esquema está o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves.
É ele quem aparece em diversos áudios pressionando Zampieri (o advogado assassinado) para que o pagamento dos valores seja acertado.
Ainda segundo a VEJA, em um dos áudios enviados no dia 16 de outubro de 2020, Andreson relata que os assessores do STJ estão pressionando e que não se pode brincar com eles. Zampieri então responde: “Anderson, não é fácil arrumar 1.000.000.” E termina dizendo: “Estou atrás disso. Dá 15 dias. Será que nem por você esse cara pode ter um pouco de calma? Você passa milhões para o cara por ano, não pode esperar um pouco para receber 500 mil?”
É importante fazer um parêntese.
Apesar de os gabinetes dos ministros estarem envolvidos, isso não significa que eles sabiam do esquema. Um gabinete de ministro do STJ pode ter facilmente dezenas de assessores que lidam com o grosso dos processos.
Em geral, os assessores conduzem o dia a dia dos processos e efetivamente redigem as sentenças de acordo com o posicionamento do ministro, que, no geral, aparece apenas para revisar e assinar. No caso em questão, está comprovado que os assessores dos ministros foram corrompidos, mas ainda não há provas a respeito dos próprios ministros.
Exceto um único caso, que é bem estranho.
Seguindo a pista do dinheiro, os investigadores pediram ao COAF que apurasse movimentações suspeitas de ambos os lados: corruptos e corruptores. No meio da infinidade de dinheiro indo para lá e para cá, uma movimentação chamou a atenção:
1. Zampieri (o advogado) paga a Andreson (o lobista); 2. Andreson paga a um intermediário; 3. O intermediário paga ao ministro do STJ Paulo Moura Ribeiro.
Isso, por si só, não comprova nada, mas fez o caso subir para o Supremo Tribunal Federal, agora que um ministro do STJ está oficialmente sob investigação.
O ministro sorteado para conduzir o caso no STF foi Cristiano Zanin, o ex-advogado pessoal de Lula.
Informa o jornalista Rodrigo Rangel que Zanin afirma não ter visto nada grave envolvendo o nome de ministros do STJ ou STF, mas que há muitas provas contra os assessores.
Ou seja, de acordo com o jornalista, tudo indica que as investigações sobre os ministros serão arquivadas, e as investigações sobre os assessores voltarão para a primeira instância.
Outra personagem importante no caso é a advogada Caroline Azevedo.
Em uma investigação paralela, sem relação com o celular de Zampieri, seu ex-namorado denunciou que Caroline vendia influência nos tribunais superiores de Brasília. E o que motivou seu ex a dar tantos detalhes, mais tarde comprovados por uma investigação independente?
Imagine que Caroline estava no Gilmarpalooza, o evento anual promovido por Gilmar Mendes em Lisboa, reunindo a elite política e judiciária do país, e seu atual namorado espancou seu ex na frente de todo mundo. Informa novamente Rodrigo Rangel.
Na semana passada, Caroline foi afastada pela OAB do Distrito Federal.
O que vai acontecer agora?
Por algum motivo, algo dentro de mim me diz que os peixes pequenos vão levar toda a culpa. E que vão repetir insistentemente que um esquema que operou por anos vendendo sentenças não tinha participação alguma de nenhum juiz, apenas dos seus assessores. E é pra você acreditar!
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— Ministério incendiados;
— Servidores evacuados às pressas;
— Catedral vandalizada;
— 49 feridos — entre eles, 8 policiais.
Essa foi a “manifestação” organizada pela CUT e pelo PT para tentar derrubar o governo Temer.
🧵 Um fio sobre o 8/1 da esquerda:
Não era a primeira vez.
No final de 2016, protestos contra o Teto de Gastos já haviam deixado um rastro de destruição. Vidraças quebradas, fogo no Ministério da Educação e até um carro da Record virado sob os gritos de “Ocupa tudo contra a PEC do fim do mundo”.
Mas o que ocorreu em maio de 2017 fez tudo isso parecer brincadeira de criança.
O ato, convocado pelo PT, CUT e outras centrais sindicais e partidos de esquerda, seguiu o roteiro de costume: começou com palavras de ordem e terminou em violência generalizada.
Os atos violentos de 8/1 poderiam ter sido evitados?
Nessa thread eu fiz uma linha do tempo com os alertas enviados para o General G. Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e amigo pessoal de Lula há 20 anos.
A conclusão é sua.
6/1/2023 - 19h40
ABIN envia relatório ao Gen. G Dias, chefe do Gabinete de Seg. Institucional, afirmando que caravanas estavam se deslocando até ao DF com intenção manifesta de invadir o Congresso.
7/1/2023 - Manhã
ABIN informa ao G. Dias que 105 ônibus chegaram em Brasília com um total de 3.900 passageiros.
Agentes de inteligência ainda dizem que convocações para ações violentas e invasão de prédios públicos se mantém.
Em 2022, a cidade de Seattle aprovou uma lei que obriga os entregadores e motoristas de aplicativos como Uber Eats e DoorDash (o equivalente ao iFood deles) a receberem o equivalente ao salário mínimo da cidade por hora trabalhada.
Na época, muitos avisaram que isso geraria desemprego, que os entregadores acabariam ganhando menos e que muitos restaurantes iriam fechar. Outros afirmaram que isso era apenas terrorismo, alegando que sempre dizem isso quando a classe trabalhadora luta por direitos, e que os negócios que não conseguissem se adaptar deveriam fechar, pois certamente outros surgiriam no lugar.
A lei só entrou em vigor em janeiro deste ano, mas seus efeitos já são conhecidos. Quais foram eles? 🧵
Já no final de janeiro, uma emissora de televisão local publicou uma história sobre como os usuários de aplicativos de entrega estavam indignados com o súbito aumento de preços nos aplicativos ("‘Outrageous’ food delivery fee angering Seattle app users”).
Como adaptação à nova legislação, os aplicativos implementaram uma nova taxa em todos os pedidos. Somando impostos e frete, um sanduíche de $12 virou um sanduíche de $32. Detalhe: sem a gorjeta, que é quase obrigatória nos EUA.
Ainda na mesma reportagem, clientes contaram que simplesmente desinstalaram os aplicativos de entrega.
Em fevereiro, a Uber relatou uma redução de 30% no número de pedidos, e a DoorDash afirmou que 30 mil pedidos deixaram de ser feitos apenas nas primeiras duas semanas de funcionamento da nova política.
Ontem, saiu uma reportagem no The New York Times que infelizmente não vai ser comentada em lugar algum no Brasil, exceto no Brasil pela @gazetadopovo por obra do @EliVieiraJr.
O jornal entrevistou a médica-chefe de um estudo que deu bloqueadores de puberdade a
"crianças trans".
O estudo já devia ter sido publicado, mas ainda não foi. O motivo? De acordo com a própria médica, ela tem medo que os resultados sejam usados para impedir que mais crianças tomem bloqueadores de puberdade porque, pasmem, o estudo dela não encontrou nenhuma melhora significativa na condição psiquiátrica das crianças que supostamente sofriam de disforia de gênero.
Entendam: disforia de gênero é uma condição real que causa intenso sofrimento ao paciente. Adultos diagnosticados comprovadamente se sentem melhor após a transição de gênero.
Há alguns anos, um estudo holandês concluiu que adolescentes e crianças diagnosticados com disforia de gênero apresentavam melhores desfechos ao usarem bloqueadores de puberdade. O grande problema é: ninguém consegue replicar essa conclusão.
Para piorar, a médica responsável por um estudo americano agora afirmou que não houve melhora porque os pacientes já estavam bem psicologicamente.
Ora, se já estavam bem, por que intervir? Além disso, se estavam bem, como a médica sabia que havia um problema?
Para além do absurdo de não se publicar um estudo científico por motivos políticos, a médica-chefe do estudo se contradiz: quando o estudo começou as crianças e adolescentes tinham depressão e ansiedade, agora, que nenhuma diferença foi encontrada, elas estavam bem desde o começo.
A médica que lidera o estudo é famosa por militar em defesa do tratamento. E acho que essa é a grande lição que todos deveríamos ter daqui: quando a militância entra pela porta, a ciência sai pela janela.
Quantas crianças ao redor mundo foram diretamente prejudicadas pela cegueira ideológica de uma doutora?
Para a minha surpresa, o @nytimes de hoje publicou uma extensa matéria sobre o STF!
Deixaram muita coisa de fora, até porque impossível cobrir tudo, mas tem vários detalhes de casos que não costumavam ser noticiados lá fora e certamente assustarão até o mais progressista dos leitores do jornal 🧵
Essa é provavelmente a priemroa vez que a censura do @alexandre a revista @RevistaCrusoe vira notícia na imprensa internacional.
Mais do que isso, eles deixam claro como a abertura do inquérito ocorreu justamente porque a Lava-Jato estava chegando no STF. Eu nunca imaginei ver isso sendo publicado dessa forma em um jornalão.
A reportagem também descreve as revelações do @ggreenwald na @folha.
Falam como um juiz auxiliar do Alexandre mandou outro usar a "criatividade" para achar algo incriminatório contra a @revistaoeste. Ainda dizem que o Youtube removeu a monetização do canal da revista por ordem do Moraes, mesmo com nada de ilegal tendo sido encontrado.