Sempre fui cético da tese de que o Brasil se tornaria um país evangélico já em 2030, como previam. O cálculo se baseava na tendência de contínua aceleração do crescimento dos evangélicos no país. Mas sempre achei que haveria uma desaceleração. E parece que começou. 🧵 
O número de evangélicos era de 15,1% em 2000, 21,6% em 2010 e 26,9% em 2022. Ou seja, um crescimento menor de 2010 a 2022, apesar de ainda ter 2 anos de bônus. Os católicos, por outro lado, saíram de 74,1% em 2000, para 65,1% em 2010 e para 56,7% em 2022. +
Ou seja, a tendência segue de queda do número de católicos e alta do número de evangélicos. Mas, se houver uma inversão, talvez ela ocorra só em 2040, ou provavelmente 2050. Isso se tudo seguir igual. A desaceleração pode ser maior e estancar esse processo de transição. +
Mas notem também que a queda do número de católicos é maior do que o aumento do número de evangélicos. Isso também pode se atribuir ao crescimento dos indivíduos sem religião. Eles eram 7% em 2000, 7,9% em 2010 e 9,3% em 2022. Ou seja, há aceleração nesse processo. +
E esse é um processo global. Os mais jovens, as novas gerações estão mais distantes das religiões. O Brasil está seguindo a mesma tendência, embora num ritmo menos acelerado (e ainda assim se acelerando. Na faixa dos 20 a 24 anos, os sem religião chegam a 14,3%. +
Em suma, o “Brasilistão”, um país de maioria evangélica, não vai acontecer tão cedo quanto se temia. Isso se realmente acontecer. É possível que os evangélicos cheguem a um teto… ou os católicos a um piso. Isso está em aberto, e não sabemos. Mas já contradiz parte das previsões.
PS: Meu mestrado foi sobre o comportamento eleitorald e evangélicos, e virou livro, podem ver aqui: a.co/d/eAxBrf4
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