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Ogã de Ogum, Doutor em Antropologia Social (UFRJ), escritor, podcaster e colunista no @theinterceptbr
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Jul 21 8 tweets 2 min read
Para quem ainda acha que esses sites de "bets" e a ludopatia (vício em jogo) são problemas menores da atualidade, estima-se que no Brasil - e isso só no ano passado - o setor movimentou cerca de R$ 120 bilhões e esse ano deve bater a marca de R$ 150 bilhões. E estamos falando apenas das "bets" oficiais, se incluirmos jogos de azar como o famigerado Tigrinho, essa marca fica muito maior. Agora vocês entendem a força desse lobby que envolve a mídia, big techs e influenciadores?
Jun 17 8 tweets 2 min read
Pessoal está gastando muita linha tentando entender o que é evidente. O cálculo político do Lira é até simplório: demonstrar poder humilhando o governo, jogando o Planalto contra a parede e até contra sua própria base. E isso acontece por dois motivos: o primeiro é o completo fracasso da articulação comandada por Padilha! Não foi por falta de aviso, inclusive da própria base do governo na Câmara. O que estamos vendo é acidente em câmera lenta.
May 24 5 tweets 1 min read
Meados de 2016, manhã no subúrbio do Rio de Janeiro. Eu estava indo para o trabalho quando o ônibus, lotado de trabalhadores, quebrou no meio da Av. Brasil. Rapidamente se formou um coro raivoso contra a então presidenta Dilma. Nesse dia eu percebi que o golpe estava consolidado. A desinformação que alimentava aquela raiva não era um "acidente" ou um fruto natural da ignorância da população, como muitos defendem. Aquilo ali era apenas o aspecto visível de todo um projeto de poder. Um projeto de poder baseado na comunicação.
May 24 4 tweets 1 min read
Quando falamos sobre os efeitos da desinformação e a necessidade de criar uma estratégia realmente eficaz de comunicação a gente está falando disso: os principais responsáveis pela tragédia gaúcha estão se safando e a responsabilidade caindo nas costas do Lula. Tem literalmente 10 anos que eu bato nessa tecla e nem de longe sou o único. Mas tanto os partidos quanto os sindicatos seguem comprometidos com modelos jurássicos de comunicação. Muitas vezes alocando pessoas sem qualquer formação para gerir esses setores pouco valorizados.
May 15 9 tweets 2 min read
Passei a manhã falando com fontes sobre a demissão de Jean Paul Prates da Petrobras. Pelo que me passaram foi uma soma de fatores, mas a política de dividendos e os indicativos de uma possível greve da classe petroleira foram os principais responsáveis. Havia relatos de que Prates não deveria chegar até o final de Maio, mas a divulgação do balanço "negativo" da empresa parece ter antecipado a decisão que já estava consolidada na alta cúpula do governo Lula. Prates não entregou o que prometeu e pagou por isso.
May 11 5 tweets 1 min read
No começo do ano escrevi sobre a crise de confiança da direita nas Forças Armadas e sobre como esse isolamento político poderia ser utilizado politicamente pela esquerda. Muita gente retrucou negando o fato. Agora estão aí perdidos vendo a quantidade de fake news atacando as FA. Digo, insisto e repito. A direita brasileira não é um grupo homogêneo, muito, mas muito pelo contrário. Seus diversos tentáculos sempre estiveram em conflito direto, especialmente durante o auge do governo Bolsonaro. O que estamos vendo agora é justamente isso.
Apr 14 8 tweets 2 min read
Acho curioso essa distinção rasteira entre ditaduras e democracias que alguns analistas insistem em repetir, a China, por exemplo, seria uma ditadura em comparação com os Estados Unidos. Qual é o critério desse recorte? Apenas o modelo eleitoral ou teria alguma outra qualidade? Por exemplo, se o recorte for "respeito aos direitos humanos", é só a gente olhar para a forma como os Estados Unidos tratam indígenas, negros e imigrantes e vai ver que a coisa não é tão simples assim. Image
Mar 30 12 tweets 2 min read
Infelizmente não basta "refundar as polícias" para que se livrar das milícias, a origem do poder desses grupos vai muito além da segurança pública, ele está intrinsecamente relacionado com o desenho histórico da cidade. E quando digo histórico, estamos falando de processos que se originaram ainda durante a gestão de Pereira Passos. Para que se tenha ideia, existem registros orais de grupos "paramilitares" atuando na região de Bangu desde a época da fundação da Fábrica Bangu, no começo do sec XX.
Mar 8 6 tweets 2 min read
DADOS mostram que famílias evangélicas estão entre as mais pobres, DADOS mostram que esse segmento da população é composta em sua maioria por pessoas negras, DADOS mostram que há uma predominância de mulheres no segmento. Sabe o que isso significa? Significa três pontos de entrada para políticas públicas e estratégias de comunicação segmentada. No lugar disso, o governo prefere manter a velha estratégia de firmar acordos com lideranças que, no fim das contas, vão se voltar contra eles.
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Mar 6 5 tweets 1 min read
Ao contrário do que muita gente de esquerda pensa, o governo pode sim falar com os evangélicos sem ter que abrir os cofres para as suas lideranças. O rosto dos evangélicos não é o Malafaia, é uma mulher negra de baixa renda. Políticas específicas - e isso inclui comunicação - para esse segmento da população vão atingir a população evangélica no seu coração. Inclusive, importante lembrar, uma população que não costuma aceitar bem a pauta ultraliberal. Vide o sucesso do auxílio emergencial!
Feb 25 11 tweets 2 min read
Já disse, insisto e repito, o ato de hoje na Paulista não é "demonstração de força", mas de "desespero". Só os preparativos do ato já foram responsáveis por reorganizar a direita ao redor de Bolsonaro, cobrar dívidas antigas. Boa parte de seus antigos aliados e apoiadores políticos já se preparavam para abandoná-lo, considerando-o uma "carta fora do baralho". Bolsonaro sabe que não pode ser abandonado nesse momento, que o seu tempo fora da cadeia (e de alguns de seus filhos) está se esgotando.
Feb 18 8 tweets 2 min read
É sempre a mesma coisa, a "esquerda iluminista" tenta retomar o protagonismo durante o carnaval levantando a velha história do envolvimento das escolas de samba com a contravenção e o crime organizado, como se as pessoas que "vivem o" e "vivem do" carnaval não soubesse disso. Não tem ninguém "idealizando" nada. Não tem ninguém tampando o sol com a peneira ou "passando pano" para isso. Muito pelo contrário, o que tem é o gente exaltando a arte dos populares, a arte que, a despeito de tanta opressão, insiste em nascer "no fundo do quintal".
Jan 25 9 tweets 2 min read
O sistema de espionagem montado pelo Bolsonarismo parece ter um objetivo claro: recriar o antigo SNI para monitorar "pessoas de interesse". Colhendo informações de forma ilegal que circulariam apenas entre alguns "escolhidos" por Bolsonaro. Ou seja, tudo indica que o "sistema de espionagem" seria uma espécie de rama interna da ABIN submetida unicamente aos interesses de Bolsonaro e organizada pelo Ramagem.
Jan 10 7 tweets 1 min read
Pelo visto a esquerda se contenta com slogans vazios e vitórias ilusórias. O pessoal levanta o grito de "Sem Anistia" enquanto as Forças Armadas não apenas estão sendo anistiadas como recompensadas pela tentativa de golpe. Afirmam que o 8 de Janeiro foi uma vitória da democracia enquanto, na verdade, o evento se transformou na desculpa perfeita para a conciliação com as forças armadas. Que democracia é essa que só existe sob tutela dos militares?
Jan 8 8 tweets 1 min read
A história se repete e mais uma vez e, como em 1985, o Brasil opta pela pior solução possível: uma aliança com a máquina golpista em nome de uma suposta preservação da democracia! "Suposta preservação" pois uma democracia que é vigiada e sustentada pelo aparato militar (dos soldados da PM aos oficiais do Exército) não pode ser chamada de democracia.
Nov 29, 2023 9 tweets 2 min read
Sempre bom lembrar que a taxação dos padrões de consumo das classes médias brasileiras foi um dos maiores vetores do antiesquerdismo (do qual o antipetismo é apenas um caso particular) na primeira década desse século. Lembram das campanhas contra impostos e "preço justo"? Image Na guerra comunicacional os governos de esquerda (especialmente do PT) eram apresentados como máquinas burocráticas ineficientes que sugavam o dinheiro da população para dar isenção aos parceiros. Muito da adesão popular a operação Lava Jato vem daí! Image
Oct 30, 2023 8 tweets 2 min read
O último que sair que apague a luz! O uso diário do Twitter, que já não era dos mais relevantes, vem caindo vertiginosamente. Um dos principais fatores é a piora da experiência do usuário na rede, especialmente por conta da beligerância. Image A beligerância dessa rede é um fator ativamente estimulado pelo seu algoritmo. Ela não apenas recompensa perfis que adotam esse comportamento, como estimula isso nos seus usuários lhes entregando ativamente e continuamente conteúdos "nocivos".
Oct 7, 2023 14 tweets 2 min read
Vejo essas postagens de pessoas pertencentes à religiões de matriz africana atacando outras vertentes e me entristeço pensando como essa lógica de "mercado religioso" está tomando conta dos terreiros. E como essa ideologia é a antítese de todo fundamento de axé! Axé se faz na troca, na passagem, no caminho, não é na estagnação, na retenção, no acúmulo... é a troca entre os viventes e as divindades (voduns, orixás, nkisi, guias...), é a troca entre os próprios viventes.
Oct 2, 2023 10 tweets 2 min read
Quer entender o poder das igrejas no Brasil? Vai ver como, especialmente a partir dos nos 90, elas passaram a atuar como promotores de cidadania nos territórios mais pobres. Sua atuação engloba da assistência jurídica a ressocialização de população carcerária. Passando por coisas elementares como educação financeira e produção de redes de contatos que auxiliam seus fies (conseguindo empregos, serviços, redes de compra e venda de produtos...etc).
Aug 22, 2023 9 tweets 2 min read
Três observações sobre o texto absurdo da Pasternak: a primeira delas é a de que durante décadas o estado brasileiro perseguiu e reprimiu as religiões de matriz africana sob a desculpa de que elas "exerciam ilegalmente a medicina". Coisa que nunca fizeram! Não faltam registros sobre terreiros destruídos e de lideranças religiosas presas. O Museu da Polícia Civil até muito pouco tempo guardava e exibia orgulhosamente os assentamentos e objetos apreendidos nessas operações.
Jun 3, 2023 13 tweets 2 min read
Existe uma lição que parece que não foi aprendida pela política brasileira: boa parte da rejeição ao Bolsonaro foi construída em oposição à forma como parte da militância bolsonarista se comportava, especialmente nas redes sociais. E isso é uma tendência! O comportamento beligerante de parte da militância tende a ser associado ao político, aumentando a sua rejeição e/ou afastando os eleitores "médios". Sim, o eleitor médio brasileiro (que não está vinculado a uma identidade política) tende a se afastar das posições extremas.