Farei um fio sobre aquele dado amplamente divulgado sobre a maioria de crianças que não come três vezes ao dia. É uma informação que vem do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN do SUS. (1) Mas antes de entrar no tecnicismo de quem trabalha e estudo base de dados populacionais, quero afirmar que a Fome voltou com tudo. E o mais cruel, sua volta se expressa primeiro e com força total nos pratos e nos corpos de nossas crianças. Não há dúvida sobre isso. (2)

Com o fim do Bolsa Família, sinto-me na obrigação de lembrar de um estudo que coordenei junto com colegas do MDS, em 2014. Mostramos o impacto positivo do programa no estado nutricional das crianças beneficiárias. Foram avaliadas mais 360 mil crianças de até 5 anos. Integramos três bases de dados: Cadastro Único da assistência social, Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional do SUS e folhas de pagamento do Bolsa Família. Cerca de 2 milhões de dados anuais para o período de 2008 a 2012.(2)

Vamos esclarecer uma coisa. Todos os atores sociais, individuais e coletivos, tiveram oportunidade de dar sua opinião sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira em 2014. Consulta pública serve para isso, minha gente. A nossa história está mais acostumada com lobby comercial e corporativo que tem canal privilegiado de diálogo e influência junto ao poder público. Então estranha quando uma política pública é feita de forma transparente e aberta a todos.

Notas históricas sobre o termo “comida de verdade”. Um fio das lembranças que fui acumulando em minhas andanças. Considero que o termo surge ou ganha força narrativa no seio do movimento social brasileiro voltado à luta pelo direito à alimentação adequada e saudável, nos debates do CONSEA.

Que a compreensão que nos permite ver que a alimentação é mais que a ingestão de nutrientes, não nos limite as singularidades e necessidades individuais. #nutritwitter Se não houver a compreensão que além do indivíduo existe a sociedade e um mundão de desigualdades e interseccionalidades, qualquer nova Nutrição será tão alienada como aquela baseada em nutrientes.

Bora falar sobre cozinhar, saúde, nutrição e genero? Meu fio sobre o assunto #NutriTwitter Na epidemiologia nutricional descritiva dos padrões populacionais de consumo alimentar é bem conhecido o efeito de coorte geracional. Em geral, os mais velhos se alimentam melhor.

O debate sobre a essencialidade do trabalho doméstico no contexto da COVID19 (eu defendo não ser) deixa escapar o machismo daqueles que mandam as madames pegar nas vassouras, mas esquecem os senhores. Para eles limpeza e trabalho domésticos são responsabilidades femininas. Também há o mesmo esquecimento de gênero quando apontam a revolta das madames em relação à regulação da profissão de empreg@ doméstico.

IBGE divulgou hoje dados da Pesquisa de Orçamentos Famliares 2017/8. Ultraprocessados ganham espaço e somam 18,4% das calorias adquiridas. Apesar do aumento, há desaceleração do aumento de consumo domiciliar quando comparado com intervalo anterior das POF. cod.ibge.gov.br/46v14 Acredito que o Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em 2014 trazendo pela 1a vez de forma clara e direta recomendação para evitar o consumo de ultraprocessado, explica a desaceleração observada (30% menor em relação ao intervalo anterior 2003-2008). O que é bom!

Nestlé não perde tempo. Cola sua marca em uma ação de enfrentamento da COVID19 c/programa de complementação alimentar p/ idosos em SP. Típica atividade política corporativa, de olho nas compras públicas futuras em ação de segurança alimentar. Esse filme vi na começo do Fome Zero. O anúncio da expansão do programa Viva Leite no contexto da COVID19 traz a Nestlé como a grande doadora e parceira do Governo Estadual.

Ministério da Saúde do Brasil lançou uma campanha pela prevenção da obesidade infantil. Minha impressão inicial nesse fio. (1) Pontos positivos: 1. Dá visibilidade ao tema q hoje é central na saúde pública. 2. Usa o termo ultraprocessado em peça publicitária institucional. Fortalece uma narrativa em disputa desde o lançamento do Guia Alimentar para a Pop. Brasileira. Reforçada com o Guia das crianças (2)

Fiz uma crítica à uma mulher de esquerda por chamar a Joice hasselmann de fofão em sua crítica “política”. Ela preferiu não responder diretamente a mim, mas em outro post me chamou de esquerdista chata. Então respondo em outro post ou fio 🧶 Nunca verei sentido em usar pejorativamente um atributo físico em uma crítica política. No q isso se diferencia do q os minions fazem com a @samiabomfim, por ex.? Nós mulheres somos tão julgadas pelos nossos corpos. A Joice nos dá motivos ideológicos suficientes para crítica-la.

Sobre “bolsas ociosas” cortadas pela CAPES. Sou orientadora em um programa de pós-graduação nota 6 (máximo é 7) pela avaliação da própria CAPES. Nosso programa perdeu bolsas ontem. Sempre tivemos fila de espera de bolsa. Ou seja, muito difícil um mestrand@ ou doutorand@ entrar e já ter bolsa disponível.

Meu filho é calouro na UFPEL. Escolheu ir pra lá. 1300 km de casa. Estudar letras alemão e viver a universidade pública. Graças ao SISU. Ele come todos os dias no RU e adora a comida. Eu que estou longe, fico tranquila porque sei que ele está bem alimentado. Ele também usa o ônibus da universidade para ir e voltar das aulas.

O que é o Alimentando Políticas? via @YouTube O Alimentando Políticas é um projeto independente, de pesquisa, que promove fundamentação científica para gestores públicos preocupados em criar políticas públicas efetivas relacionadas à alimentação e à nutrição. (1)

Se você gosta de Nutrição, Fisiologia e Neurociência, recomendo a leitura deste artigo recém publicado na Science. As autoras usam o termo alimentos processados, mas pela descrição dos mesmos trata-se de alimentos ultraprocessados. science.sciencemag.org/content/363/64… "Há evidências de que o conteúdo nutricional dos alimentos processados não é transmitido com precisão ao cérebro. "

Essa é uma grande novidade na agenda global de Nutrição: recomendações alimentares que consideram o impacto ambiental do consumo de alimentos. (1) theguardian.com/environment/20… Poucos guias alimentares no mundo traziam essa abordagem de dieta saudável e sustentável para a resiliência do planeta. Destaque positivo para os Guias do Brasil e Suécia (2)

Uns quatro ou cinco anos atrás tive oportunidade de debater sobre obesidade infantil com o futuro Ministro da Saúde. À época, ele era deputado federal. Foi em uma audiência pública no Congresso Nacional. (1) Em resumo: ele acha que obesidade é questão de estilo de vida. Como tal, sua prevenção é papel do indivíduo e da família. Nem pensar o Estado se meter nisso. (2)