Para além do volume de menções e interações, ao compararmos as manifestações do 07/09 e 21/09 a diferença está na composição do engajamento: o cluster antibolsonarista conseguiu atrair os não-polarizados para o debate no 21/09, algo que o bolsonarismo não conseguiu no 07/09. (+) Enquanto ontem 11% das interações partiram de perfis não-polarizados, no dia 07/09 esse volume não chegou sequer a 1%. Ao mesmo tempo, o cluster antibolsonarista ontem deteve 71% das interações, enquanto o bolsonarismo respondeu apenas por 50% no 07/09. O que isso significa? (+)

O dia histórico de ontem traz elementos extraordinários nas redes sociais. Um deles é a catarse provocada pela condenação: 88% dos comentários enaltecem, comemoram e exaltam a democracia após as condenações. Mas um elemento "estranho" ao julgamento se destaca: a pandemia. (+) A memória de vítimas, familiares e amigos de pessoas vitimadas, o descaso do governo Bolsonaro durante a pandemia com a vacinação e profissionais de saúde foi central em 20% dos comentários analisados. Esse ponto ajuda a explicar outro elemento da catarse: os não-polarizados. (+)

Não há uma "divisão" sobre a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Ao analisarmos comentários, 80% das ocorrências enaltecem ou exigem punições mais severas contra o ex-presidente. Apenas 12% dos comentários fazem algum tipo de defesa de Jair Bolsonaro. (+) É essencial entender o que é a catarse a partir da prisão e o que é o buzz emulado pelo bolsonarismo e que não apresenta indícios de diálogo para além do próprio cluster. Compreender esse contexto é primordial e ignorá-lo é ceder à lógica de propaganda de guerra nas redes. (+)

Após o anúncio da carta enviada por Donald Trump para o governo brasileiro, a mobilização bolsonarista buscou cooptar as conversações sobre o tema. Sem muita eficácia, a adesão dos usuários a essa abordagem se manteve entre 12% e 28% (a depender da plataforma). + Assim, é possível afirmar que a perspectiva bolsonarista do episódio, que envolve a defesa de “punição coletiva” como resposta a impunidade de um indivíduo (Jair Bolsonaro) não gerou a catarse esperada nas redes, muito pelo contrário.+

A divulgação do vídeo de Bolsonaro sendo intimado foi potencialmente um erro que se apresenta em diversas camadas. Para além dos 77% de reações negativas ao episódio, é importante analisarmos o vídeo não como um evento isolado, mas sim como o resultado de uma sucessão de acontecimentos que nos possibilitam encarar a cena como uma reação de desespero do próprio Jair Bolsonaro. (+) Como podemos ver no gráfico abaixo, a pauta do dia de ontem era, até às 19h, o escândalo do INSS. A divulgação do vídeo por Jair Bolsonaro e sua equipe não apenas o colocou em evidência como ajudou indiretamente o governo ao "estancar" momentaneamente as conversações sobre o INSS. (+)

Dado interessante: perfis ligados diretamente a política representaram apenas 18% das interações no IG citando o RS nas últimas 24h. Destes, apenas Lula e Janja (6% do todo) tiveram de fato alguma relevância em campanhas de solidariedade envolvendo o estado. E os outros 82%? (+) São atores não-polarizados que se engajam sem sinalizar para a polarização como refúgio de engajamento. Existe uma espécie de "antropofagia" interna à polarização que busca atalhos e se retroalimenta para tentar ser relevante no debate, mas se isolando ainda mais. Como? (+)

Dado curioso: desde o início do showzinho de Musk todos os parlamentares abaixo de PT, PSOL, PC do B e REDE perderam seguidores em bloco. O curioso? Todos os parlamentares de extrema-direita ganharam seguidores no mesmo período. Coincidência interessante, não? (+) Ao olharmos @ErikakHilton, @GuilhermeBoulos, @tuliogadelha, @MottaTarcisio e @fernandapsol mesma coisa: perderam seguidores.

Impressiona como o bolsonarismo não encontra o seu próprio caminho na oposição. Primeiro tentou emular a CPI da Pandemia, criando uma série de comissões. Não prosperou como esperavam. Agora, emulam uma "disputa" pelo 7 de setembro que sequer foi convocado. Resultado? (+) Nas redes não há sinais de polarização. De um lado, enaltecem Zé Gotinha e a jabuticaba. Do outro, bolsonaristas tentam replicar a mesma abordagem do "flopou" utilizada durante atos bolsonaristas no 07/09 de 21/22. A questão é: ninguém responde porque ninguém convocou nada. (+)

Bolsonaristas acreditaram que política se fazia com ataques e gabinete do ódio. Hoje, descobrem que política se faz com política, e não com gritaria e assédio nas redes. Já os atores políticos centrais do antibolsonarismo fizeram o que deles se espera: política. + Mesmo com 🟢72% das 1.3 milhões das conexões nas últimas 48h, o bolsonarismo ainda busca calibrar - e entender - o papel das redes em um momento onde o movimento não é mais governo e não detém a máquina. +

Influencer e presidente: viagem de Lula para Argentina pauta o debate e gera um movimento interessante nas redes: uma tentativa de reeditar o antipetismo, unindo o bolsonarismo a um cluster🟡 identificado com 'influencers financeiros', lavajatistas e atores da imprensa. + O engajamento desses supostos influenciadores financeiros exerce o papel de uma suposta "roupagem técnica" e atua em defesa do legado de Bolsonaro/Guedes junto ao bolsonarismo 🟢. Porém, no antibolsonarismo, esse engajamento da 'fintwit' gera um interessante movimento: +

Nas últimas 48h, 74% das mais de 899 mil conexões partiram do cluster 🔴, focado em destacar a urgência da crise humanitária que vivem os Yanomamis. Essa mobilização é inédita, ainda mais quando analisamos o histórico do debate sobre povos originários no Brasil. E o cluster 🟢? + Esse cluster representa ainda 18% das conexões que negam a realidade e ofendem esses povos. A bios dos próprios usuários não deixa dúvida: se identificam como PATRIOTAS, CRISTÃOS, FAMÍLIA, PÁTRIA, MÃE, DIREITA, JESUS, CONSERVADORES, ARMAMENTISTAS... +

Setores da imprensa forçaram a ideia de que Tebet seria o 'símbolo' da Frente Ampla. Porém, o anúncio e o destaque das novas ministras Sonia Guajajara e Marina Silva nos levam a refletir sobre quem são as verdadeiras representantes dessa tal frente ampla do antibolsonarismo. + Parte importante do antibolsonarismo encara a ideia de frente ampla como um movimento construído a partir da união de diversas minorias marginalizadas pelo governo Bolsonaro. Nesse cenário, Marina Silva e Guajajara despontam como representantes centrais dessa frente. +

Sobre a "invasão" dos perfis de extrema-direita nas timelines de quem não os segue: o bolsonarismo segue com uma insana produção de conteúdo, muito próximo dos moldes observados durante o período eleitoral. O antibolsonarismo não. + Aqui o Twitter entende que tem algo (ainda) acontecendo e tenta fazer a outra parte da polarização se engajar com o tema. Quanto maior o engajamento, melhor para o Twitter. Essa ponte ocorre na maior parte das vezes por intermédio de jornalistas e/ou formadores de opinião. +

O que ocorre nas redes é um caos que resulta da ausência de liderança dentro do bolsonarismo, fruto das 45h de silêncio de um "líder" derrotado e enfraquecido. Hoje, Bolsonaro volta a se manifestar e mais uma vez é o anticlímax do próprio bolsonarismo, assim como foi em set/21. + Quando enfrentou esse mesmo caos causado pela ausência de lideranças no fim do 1º turno, o antibolsonarismo soube se reinventar. Pautou o debate com temas como maçonaria, canibalismo e outras pautas mesmo sem lideranças políticas. +

O debate da Globo evidencia o movimento mais importantes deste 2º turno nas redes sociais: a consolidação de @felipeneto e @AndreJanonesAdv no enfrentamento ao bolsonarismo. Seja desmentindo fake news ou pautando o debate, os dois atores foram decisivos nessa reta final. (+) Destaque ainda para o perfil @choquei e sua impressionante capacidade de dialogar com atores para além da polarização política. Os três atores lideraram o 🔴antibolsonarismo e seus 67% dos usuários durante o debate. O 🟢bolsonarismo segue restrito aos 29% dos usuários. (+)

A denúncia contra a campanha de Tarcísio por obrigar jornalista a apagar provas do chamado "atentado fake" evidencia as limitações do bolsonarismo 🟢 (25%), que não conseguiu sair em defesa de Tarcísio. Já Haddad 🔴(72%) se consolida como "o antibolsonarista" na corrida em SP. + Aqui, o "não conseguiu" deve ser compreendido como uma consequência do "cobertor curto" que hoje compreende o bolsonarismo. Sem conseguir expandir seu campo nos últimos meses, reage sozinho a temas como Roberto Jefferson, Bebianno e ainda promove ataques contra o TSE. +

Uma das características do bolsonarismo nas redes é "parecer maior do que é" a partir da produção de conexões. A ausência desse poder no atentado do aliado de Bolsonaro, Roberto Jefferson, reforça a hipótese de que o bolsonarismo (40%🟢) não está sabendo lidar com o episódio (+) Comparando com outro episódio : ao atacar o TSE nos últimos dias, o bolsonarismo representava 65% dos usuário, mas 78% das conexões. Hoje, o bolsonarismo representa 40% dos usuários mas apenas 35% das conexões. A ausência de uma linha política para este cluster é evidente. (+)

Setores do bolsonarismo promoveram fake news envolvendo suposto atentado contra Tarcisio. O vídeo utilizado (abaixo) era de Heleno, em 2018, falando sobre Bolsonaro. A narrativa ganha corpo a partir do dia 15, mesmo dia em que explode a declaração de Bolsonaro sobre crianças. (+) O próprio portal bolsonarista Jornal da Cid. Online admitiu que o conteúdo estava tirado de contexto, o que não impediu que outros portais, canais e usuários ligados ao bolsonarismo continuassem explorando o tema. (+)

Esse é o cluster antibolsonarista nas últimas 24h. Dois pontos importantes: 1-) fica nítido que esse NÃO É um cluster petista: 14 dos 15 principais usuários não são ligados ao partido e Lula é o 15º; 2-) o papel fundamental de Janones e Felipe Neto nessa reta final. (+) Entender esse campo como um cluster ANTIBOLSONARISTA (e não petista) é essencial para assimilar o fato de que parte significativa dos movimentos deste cluster não passam, necessariamente, por decisões e estratégias unificadas de campanha, como é o caso do bolsonarismo. (+)

DEBATE GLOBO: o antibolsonarismo atinge seu maior volume até aqui (🔴77%) e isola ainda mais o bolsonarismo (🟢17%). O mais citado foi Kelmon, entendido como apêndice do bolsonarismo. Por isso, a reação de Lula ao candidato foi muito bem recebida pelo antibolsonarismo (+) A provocação de Kelmon contra Lula ocorre depois de ele atacar 2 vezes Soraya e discutir 1 vez com Bonner. Aqui, o "Padre" já era entendido como apêndice do bolsonarismo. Assim, a reação de Lula foi entendida pelas redes como reação ao bolsonarismo, e não ao "padre" (+)

Sinal de onda final: é a 1ª vez desde o início da corrida eleitoral que atores não-polarizados 🔵 (32%) formam o maior agrupamento, fortemente conectados ao campo de apoio ao Lula🟠 (31%). O bolsonarismo 🟢 (28%), estagnado, é apenas o terceiro cluster em volume de usuários. (+) O resultado prático disso é uma dinâmica de redes que, nos últimos dias, consegue agir independente do bolsonarismo nas redes, pautando temas importantes para o antibolsonarismo e impactando atores não necessariamente atingidos anteriormente por debates eleitorais. (+)