Sabe quem surgiu como piada? O Jim Crow.
A "piada" traz à tona o Black Face e populariza o "negro bestializado" nos teatros do Séc. XIX. Apenas "comédia".

Até que os estereótipos reforçados por Jim Crow viram discurso para o filme que vai dar à KKK status de salvadora, em 1915. Jim Crow, a "piada", está em "O Nascimento de uma Nação" quando um branco atua como um negro irracional, selvagem e de movimentos atrapalhados, assim como o personagem de comédia.

Na cena abaixo, uma mulher branca se suicida ao se deparar com o negro. Onde a piada foi parar...

Em programas, noticiários ou reality show, imagens de pessoas negras sofrendo violência sempre vendem.

Com tanto RT em homem negro "chicoteado", ouvindo calado uma loira a gritar ou cortado pela parceira de programa, lembrei de Emmett Till e a monetização que seu corpo gerou. Emmett Till tinha 14 anos quando foi assassinado por dois homens brancos, com a "justificativa" de um suposto assédio.
Seu corpo foi encontrado, em péssimo estado, em um rio.

A mídia lucrou com sensacionalismo enquanto juridicamente o caso era um desastre.

Fóruns como 4chan não são a única fonte do problema. Não precisa ir no 4chan, aqui no Twitter tem supremacista branco atacando pessoas com racismo, LGBTfobia, misoginia, antissemitismo... tudo à luz do dia.

A escola é lugar fundamental para combater tudo isso, mas não sozinha. Há muito o que se debater sobre a escola, a vulnerabilidade das pessoas que estão na escola e a atração pelo fascismo que se volta em forma de atentados, mas debatendo a escola por si só, não vamos chegar a lugar algum, principalmente quando a questão é resumida a bullying.

Quando eu tinha uns 15 anos e tava na rua tocando violão com meus amigos. Nessa época, o morro (Morro do Jorge Turco) era um dos mais procurados por usuários. Tava sempre na TV.

Um homem passou de carro, viu o violão e pediu pra tocar.

Não contávamos com o que iríamos ouvir.

https://twitter.com/felipeneto/status/1640169359388688384

Primeiro, ele tocou umas músicas e nossa primeira reação foi rir (éramos adolescentes), mas ele sabia tocar e cantar.

A cada música, o tom dele mudava. Até que ele parou de tocar e contou que era compositor, e que chegou a trabalhar com artistas famosos.

Mas veio a cocaína...

Há alguns dias, nesta rede, algumas pessoas questionaram a legitimidade de pessoas amarelas e judias no debate sobre raça e preconceito.

Como de praxe, fizeram uso dos EUA para fundamentar o discurso. Um enganoso clichê usado para causar divisão, mas que a história desmonta. Se a história da escravidão nos EUA não fala sobre todo o país, a segregação pode falar.
Mesmo que as leis Jim Crow não estivessem presentes em todos os lugares, o antagonismo plantado contra os negros se estendeu, tornando quase todo território estadunidense hostil aos negros.

Gente, papo sério aqui sobre as cobranças por declaração de votos de celebridades ou pessoas anônimas.

O voto no Brasil é um direito recente, muito mais recente do que a própria república.
A constituição de 1891 permitia que apenas 2,2% da população do país votasse. Analfabetos eram excluídos do direito ao voto quando mais de 80% da população era analfabeta. A maioria da população analfabeta era negra, pois eram as pessoas que não tiveram políticas públicas em seu favor após a abolição.

Ou seja, a exclusão era uma medida racista.

A mesma praça no Centro do Rio foi local de comunhão entre negros escravizados e livres, recebeu D. João para ser aclamado rei e D. Pedro como imperador.

O Campo de Santana já se chamou Praça da Aclamação e foi palco de oficialização do golpe que derrubou essa mesma monarquia. A Proclamação da República também tem a Praça da Aclamação como palco, e hoje ela se chama Praça da República.

Em frente, há a Praça Duque de Caxias, muito mais preservada e tendo erguida uma enorme estátua ao personagem que remete a uma memória de poder do Brasil imperial.

Sempre me chama atenção (mesmo que já saiba) como fatos importantes que são apagados podem transformar a visão sobre a história do Brasil.

Passei "Uma História amor e Fúria" para o 9º ano e as turmas ficaram fascinadas pela história da Balaiada. Quase todo mundo nunca tinha ouvido falar e se surpreenderam com uma história tão incrível que estava escondida deles até então.

Foi um ótimo gancho para uma conversa sobre história e memória.

Normalmente ignoro tretas de celebridades, mas essa nota chega a ser engraçada, pois ela confirma os porquês da Luísa Sonza ser processada por racismo.

1. Tudo é 100% sobre ela.
2. Ela tem medo de usar o nome porque queima muito o filme, aí troca por "questões sociais"

https://twitter.com/luisasonza/status/1572025797925535745

3. O caso de racismo ocorreu há alguns anos, mas a reflexão "espontânea" só surge agora que o caso veio à tona e ela foi pressionada.
Aí sim ela pensou, refletiu e agora vai aprender mais para evoluir nas ~questões sociais~ (rs)

Algumas das lembranças mais antigas da minha infância.

1. Tomando banho no tanque.
2. Correndo na chuva com meu novo cachorrinho.
3. Falando com meus amigos sobre pedir ao gênio da lâmpada para ser branco.

É fácil uma criança negra de 5 anos achar que há algo de errado nela.

https://twitter.com/otempo/status/1571291354789027840

O pior desse mal é o que ele faz você arrastar no decorrer da vida. Não apenas traumas e inseguranças, mas aspectos formadores de personalidade e o trato social.

Esse tipo de tweet é muito ruim, pois não há quem coloque uma senhora evangélica de 80 anos, cria da favela, no mesmo lugar do Malafaia.

A questão não é individual, mas sobre o fatídico conluio entre lideranças evangélicas e o Estado que há anos decide o destino do país.

https://twitter.com/pastorhenriquev/status/1540903553073651712

No lugar de ter a justiça social e o combate às desigualdades como uma prioridade que, inclusive, estão nas palavras do próprio Jesus, esse tipo de tweet mais se coloca como uma defesa ao sistema religioso que, querendo ou não, sua igreja está inserida.

Quando trazem novamente a pauta da miscigenação, me pergunto se nos atentamos para as condições políticas e sociais em meio à crise do escravismo no Século XIX e as particularidades regionais do Brasil escravista.

Antes do racismo e a questão parda, vamos pensar nisso? Não é raro ler em documentos que datam do Século XIX diferentes categorizações como negros, mestiços, mulatos, livres, libertos e outros para identificar pessoas que viviam sob o mesmo mundo: o da escravidão (seja ainda no presente ou no passado).

Mas por que isso?

O palco de stand-up está entre os lugares que mais ridicularizaram mulheres negras nos EUA. A piada clichê da "sua mãe é tão gorda..." é só uma das formas de depreciar essas mulheres.

É curioso como o horror à violência só se aplica ao tapa que o Will Smith deu... O que o Will Smith fez com o Chris Rock foi responder à violência cometida por ele, sobre a qual ninguém estaria aqui debatendo se o Will não reagisse, pois é agressivo aos olhos ver uma agressão física, diferente de uma piada violenta que não lhe agride e ainda faz rir.

CONVOCAÇÃO DO BEM:
A Raiane foi roubada e arrastada pela moto na minha frente e teve seu celular roubado, além de ter se machucado e a cena presenciada pela filha pequena.
Uma jovem preta, mãe e pobre.

Me ajuda com a vaquinha pra comprar um celular novo pra ela?
Pix abaixo⬇️ c842a66f-f778-4e41-b22c-e0b7ab2bcf69

Essa é a Rua da Passagem, uma movimentada, porém pequena rua do bairro de Botafogo, na zona sul do Rio.

Embora pareça uma rua comum, ela esconde um passado de sangue e de tentativa de golpe de estado, além de estar presente em um momento dramático da vida de João Cândido. 1904, no meio da Revolta da Vacina, havia grupos políticos de oposição ao governo de Rodrigues Alves.
Um desses grupos se chamava "Liga contra a vacina obrigatória" e tinha entre membros vários políticos, positivistas e militares.

Ontem rolou uma situação bonita no ensino médio. Numa aula da @historiadevagar sobre Primeira República, pude falar sobre algumas das revoltas ocorridas no período.

Quando contava sobre a Revolta da Chibata e João Cândido, via uma aluna ao fundo que, indignada, só sabia chorar. Há um momento que eu menciono o relato de João Cândido, já mais velho, cansado e vivendo da pesca após anos sofrendo sabotagem, vai de barquinho se despedir do Minas Gerais, o navio protagonista da revolta, com um beijo, assistido pelas pessoas no porto.

Ela era só lágrimas.

The Cranberries e a história da Irlanda por trás de suas músicas:

Você provavelmente ouviu Zombie, música mais famosa da banda The Cranberries, mas talvez não saiba a trágica história por trás da letra e do clipe.

Segue o fio para ler um pouco sobre história, guerra e música. Zombie, música mais famosa da banda, é um hino motivado pelo cansaço. Após duas bombas atribuídas ao IRA serem implantadas em lixeiras, duas crianças (de 11 e 3 anos) morrem pelas explosões.

Treta de natal pra vocês: esse carro tá assim pq um abençoado de moto atravessou o sinal e deu uma porrada de frente do carro do coroa.

Aconteceu nada com o abençoado, que tentou subir na moto e meter o pé, mas o coroa, amparado por outros coroas sem camisa, TOMARAM A CHAVE DELE E o coroa quis peitar o motoqueiro na porrada. Uma treta do kct e ainda tão lá segurando o velhinho que tá PUTAÇO pois provavelmente tava indo curtir o natal em algum lugar.

Sem mais atualizações no momento, exceto que juntou uma tropa de coroas sem camisa em torno do motoqueiro

Vem remoendo na minha cabeça trechos de "Pele Negra, Máscaras Brancas", e notei que talvez o tal novembro negro seja o causador.

No mês que lembram do negro e às vezes da negra, a homenagem que Fanon me faz notar que gostaria de receber, é essa:

lembrem dos nossos nomes! Os séculos de invisibilidade e exclusão fazem notáveis pessoas negras que ocupam lugares outrora impossíveis, fazendo da identidade um mero adjetivo:

"olha, um professor negro"
"um médico negro"
"temos o primeiro juíz negro"

"Viu como eles são inteligentes e bem educados?"

Já faz um século que João Cândido alugou um navio na cabeça da Marinha, que até hoje não consegue superar um negro ter liderado uma revolta que apontou canhões para o Distrito Federal.

A Marinha ainda tenta impedir a inscrição do Almirante Negro no livro dos Heróis da Pátria. A desfaçatez de alegar violência como motivo para impedir à inscrição é de uma cara de pau ímpar. Nem parece que a Revolta da Chibata explode após Marcelino Rodrigues, o Baiano, ser jogado quase morto no porão do navio após levar, não 25, mas 250 chibatadas.