“De cuando en cuando me ocurre vomitar un conejito”
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Apr 13, 2023 • 9 tweets • 2 min read
Que burnout seja uma categoria clínica inclusive nomeada como síndrome diz de duas coisas:
- os modos de produção criam as patologias de que precisam
- o discurso médico é aliado do discurso hegemônico
Antes de mais nada, óbvio que a sintomatologia associada com tal “síndrome” demanda tratamento. Não é como se os sintomas descritos pelos sujeitos não existissem.
Apr 13, 2023 • 6 tweets • 1 min read
Algo que gosto demais no aniversariante do dia (Lacan) e que me capturou foi um saber dimensionar ética e realisticamente o (não) lugar do analista.
É incrível que um homem tão vaidoso tenha teorizado com tanta propriedade os 4 + 1 discursos e o objeto a. Que coisa revolucionária para a prática e estratégia de tratamento que é a presença da ausência.
Apr 12, 2023 • 5 tweets • 1 min read
Sou péssimo para indicar livros porque tenho uma relação toda errática e pouco sistematizada com o saber. Eu nunca começo pelo introdutório e faço tudo meio de trás pra frente. Dito isso, quem aí sugere algo?
Quando comecei a ler Freud o comentador que mais li foi o JD Nasio. Ainda gosto dele. Também gosto do Antônio Quinet e do Bruce Fink
Mar 30, 2023 • 6 tweets • 1 min read
Detesto quando vem uma onda de falar mal de psicanálise e não me chamam. Sei coisas terríveis sobre ela.
Frase da minha professora de psicopatologia e supervisora: "O paciente faltou? Pois eu acho estranho é quando eles aparecem. Pega ônibus e chuva para falar de coisas que não quer falar para um desconhecido, e ainda paga?"
Mar 30, 2023 • 8 tweets • 2 min read
A baixa estima não raro diz do “tamanho” do Ideal de Eu projetado no olhar do outro. De um lado, leva a super dimensionar uma demanda/cobrança do outro, que na verdade é própria. De outro, implica um hiato intransponível, já que o outro não responderá.
Eu gosto de pensar no Ideal de Eu como uma enorme estátua. Um ídolo de mim mesmo que eu suponho que responde às demandas do outro. Um ídolo que por isso será “adorado”.
Mar 30, 2023 • 4 tweets • 1 min read
O diagnóstico em psicanálise é diagnóstico DA transferência NA transferência. Talvez seja a coisa mais legal do método, e também a mais difícil de ensinar a quem está começando.
E é o que de mais “científico” se pode fazer nessa seara. É maravilhoso porque encontramos no método uma solução de compromisso (complexa) para a questão do observador/pesquisador, e ao mesmo tempo é o que torna a coisa de difícil apreensão.
Mar 30, 2023 • 4 tweets • 1 min read
Só agora o Twitter me mostrou que tem uma longa conversa sobre astrologia, ciência e mecânica dos corpos celestes num post meu
Acho muito legal quando aparece conversa mesmo. Parece simples, mas pessoas efetivamente lendo o que o outro escreveu e comentando e acrescentando ou divergindo com argumentos é bastante raro por aqui.
Mar 29, 2023 • 4 tweets • 1 min read
De tudo que pode acontecer quando nos deparamos com a arte a coisa que acho menos entusiasmante é a compreensão. Quando entendo penso “nhé”
Não raro o “entender” apazigua, é um domar, pedra no caminho que freia o movimento. Tanto pior quando a experiência estética fica submetida a uma lógica de teste de QI, medição de inteligência.
Mar 28, 2023 • 4 tweets • 1 min read
Podia-se questionar, mas o selo de verificado tinha sua função e entendia perfeitamente sua importância para muitas pessoas. Após as mudanças propostas pelo gênio dono do site isso perde completamente o sentido
Até entendo o eventual apelo de ser impulsionado nessa aba fétida “para você” para quem trabalha com isso, mas ao mesmo tempo seus posts estarão diluídos, então não vejo mesmo qualquer vantagem.
Mar 10, 2023 • 6 tweets • 2 min read
O que não contam sobre o envelhecer é que ele é rápido. Muito rápido. E um tanto desconectado da experiência. Aos 25 os 50 parecem uma ficção distante e inimaginável.
Mas aí um dia você dorme aos 25 e acorda perto dos 50. E não se sente tão diferente assim do que era, não viu passar, sentir a idade é tudo confuso, junto e misturado. Você ainda tem os 25 em muitos aspectos e a sociedade é que te avisa “você tem mais de 40”.
Mar 10, 2023 • 4 tweets • 1 min read
De vez em quando aparece um dizendo que não gosto de ciência ou que faço “pseudociência” por praticar psicanálise.
É engraçado porque sou o típico nerdola que teve Sagan como primeiro ídolo. Adoro hard science e por pouco não fui físico. Só que gosto tanto de ciência que me dedico demais a estudar sua história, método e ética.
Mar 10, 2023 • 8 tweets • 1 min read
Salsichas, política e evidências científicas… Se vocês soubessem etc etc
O empirismo positivista das hard sciences é um erro epistemológico grave quando tomado pelo “método científico” como um todo e principalmente quando transplantado para outras áreas, na psicologia e nas humanidades.
Mar 9, 2023 • 4 tweets • 1 min read
Camiseta de banda e all star é praticamente tudo o que visto.
Mas acho que vou ter que parar com o All Star porque está destruindo meus pés :/
Mar 9, 2023 • 6 tweets • 1 min read
Relacionamentos são contratos firmados entre 2 (ou n+1, onde n ≠ 0) pessoas a partir de um sentir (algo recente na sociedade ocidental). Há o objetivo (estar junto, construir um futuro?) e existem as cláusulas idealmente negociadas e dialogadas.
O problema dessa moral que implica que por ex sujeitos numa relação não podem desejar outras pessoas é que essa variável do diálogo e da negociação vai para o ralo em nome de um ideal de parceiro e de si. Um ideal imposto.
Mar 9, 2023 • 5 tweets • 1 min read
De um lado há todo um problema por romantização da relação com os ofícios, fato. Por outro, esse tipo de conselho aqui na minha vida foi uma catástrofe.
Uma decisão de carreira acertada considera mercado, cenário, remuneração etc, mas se não leva em conta fatores afetivos e/ou subjetivos ela será tão capenga quanto a simplesmente “movida pela paixão”.
Mar 9, 2023 • 9 tweets • 2 min read
A associação direta do “sintoma” e do diagnóstico, fenomenologicamente, não é um problema a priori (é como a medicina funciona). Mas quando passa a desconsiderar o sujeito de forma integrada e se torna identidade, rótulo e classificação, é problema sim.
Passou um tuíte “quer saber o que é TDAH? Comecei um livro em xxxx e terminei agora”. Bem, eu tenho livros começados nos anos 90, de que gosto muito aliás, mas que ainda não terminei. E eu não poderia estar mais distante desse diagnóstico.
Mar 8, 2023 • 15 tweets • 3 min read
O ímpeto de procurar um analista com certas características ou vivências quando por parte dos pacientes e futuros analisandos é mais que compreensível. Faz parte da construção imaginária da transferência e inclui o suposto saber
Já quando o profissional oferece certas características ou vivências e faz disso um “diferencial” segundo o que devia ser construção imaginária DO LADO DO PACIENTE, temos um problema. Conceitual e talvez ético.
Mar 6, 2023 • 8 tweets • 1 min read
Eu odeio as nossas relações da maneira que são mediadas e atuadas no século XXI (o que não significa dizer que no século XX era bom, minha nossa)
Pelo menos “the downing of the Age of Aquarius” está sendo uma época mágica para quem trabalha com Psicanálise.
Mar 4, 2023 • 4 tweets • 1 min read
Confesso que só chamo de doutor o garçom, quando sei que tenho intimidade. Toda vez que alguém me disse “é doutor” eu ri. E se estiver de jaleco na rua é pipoqueiro.
Mesmo para quem tem doutorado, basta pensar por um momento pra sacar que utilização de título acadêmico fora desse contexto como modo de tratamento em situações sociais é só incrivelmente cafona.
Feb 18, 2023 • 9 tweets • 2 min read
Nós somos sintomas de nossos pais. Somos produtos do imaginário deles e precisamos nos virar para agir e elaborar no simbólico esse desamparo real.
E esses pais erram, e repetem, e projetam, e falham, e atuam seus sintomas. E é horrível mesmo, mas se fosse diferente também seria desastroso. Há muito de patológico. “Patológico” define nossa constituição.
Jan 15, 2023 • 4 tweets • 1 min read
Eu me divirto com todas as regras que as pessoas têm para relacionamentos e com o conceito de “responsabilidade emocional” porque eles partem do pressuposto de que as pessoas sabem de seu sentir e de seu desejo.
Não está liberado ser c*zão, mas por difícil que seja o trato das demandas próprias e do outro precisam ser reconhecidas com seus limites e fronteiras, inclusive aquelas que não pedem resolução, a demanda pela demanda.
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