Eduardo Matos de Alencar Profile picture
Escritor e sociólogo Autor do livro "De quem é o Comando? O desafio de governar uma prisão no Brasil" (Record, 2019)
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Sep 8, 2022 4 tweets 1 min read
Avião dando rasante na praia, submarino do lado de réplica de caravela, rosário sendo rezado em carro de som, galera tomando banho de roupa, maluco de sunga ajoelhado no chão rezando de mãos postas, boneco de papelão do Allan dos Santos em cima do carro de som do Vista Pátria. Aglomeração de jet sky, doidão vestido de versão tupiniquim do cabeça chifruda do Capitólio, fragata de guerra, tiro de canhão no forte, esquadrilha da fumaça, todo mundo da direita candidato, famílias, padres, pastores, gente chorando, Queiroz sendo aclamado pela massa.
Jun 30, 2020 4 tweets 1 min read
1/4 O movimento liberal brasileiro está afundando na iniquidade por conveniência política. Não abriram a boca para denunciar os processos ilegais que correm no STF simplesmente porque os investigados são adversários políticos ou porque esperam que algum crime seja "provado". 2/4 Isso num inquérito em que o STF é vítima, juiz e acusador, sem possibilidade de instância recursal superior, sem acesso dos investigados ao autos do processo. Em qualquer país do mundo, o movimento liberal estaria engajado numa campanha de denúncia internacional.
Jun 27, 2020 10 tweets 2 min read
1/9 Tuíte redpillada da madrugada. É pra não dormir mesmo. Avaliação de conjuntura e possibilidades de ação. Para todo mundo, intelectuais, jornalistas, yotubers, vaporwave, deputados etc. Eu não quero coordenar nada, nem tenho poder pra isso. Porém, tenho umas ideias boas aqui. 2/9 Todo mundo errou de esperar que o PR pudesse fazer algo. Artigo 142, para quê? Prender o Alexandre, como fazer isso? É tudo operacionalmente complicado demais. Politicamente inviável. Quiçá indesejável mesmo. Porém, não importa se o PR não pode se mover. Nós somos aleijados?
Jun 26, 2020 7 tweets 2 min read
1/7 Reflexão da madrugada. O alerta já tinha sido dado pelo Filipe G. Martins desde a CPAC. Não adiantava criar uma militância barulhenta em torno do PR para disputar cada fato do governo. O que fazer passava por um trabalho de base. Na hora, parece que quase ninguém entendeu. 2/7 Governos são compostos por grupos variados. Até partidos o são. Ganha influência quem ocupa espaço, criando as condições de possibilidade dessa ocupação. É isso o que significa, em termos de poder, fazer "trabalho de base". Abrange algo bem mais extenso do que se pensa.
Jun 22, 2020 7 tweets 2 min read
1/7 O Romeu Tuma Jr. ensina, no seu "Assassinato de Reputações", que a técnica do petismo consistia em plantar denúncias falsas na imprensa para justificar aberturas de CPI e até processos judiciais. Para isso, não era necessário blogueiros do governo, mas só jornalistas amigos. 2/7 Até que provasse que focinho de porco não era tomada, o sujeito estaria com a reputação detonada. Especialmente se fosse o suficiente para justificar uma investigação policial. Os únicos que escapavam disso eram os que judicializavam as denúncias falsas desde o início.
Jun 20, 2020 11 tweets 2 min read
1 - Enfim, a minha opinião: hora de superar o messianismo, doença infantil do conservadorismo nacional. O PR não vai ousar, ou porque não tem força, ou porque não tem coragem. O que isso tem que ensinar para o movimento conservador, que deseja avançar agendas? Algumas coisinhas. 2 - Não contem com a onipotência de um líder superior. O PR não é um gênio da estratégia, não é bom em escolher pessoas e tem dificuldades de lidar com planos complexos É o fim do mundo para a direita brasileira? Não. É o fim do mundo para as criancinhas que queriam um papaizinho
Jun 18, 2020 9 tweets 2 min read
1 - Eu conheço cadeia. Eu conheço gente que saiu de lá e gente que está lá. Conheço gente que cumpriu pena injustamente também. Poucos, mas existem. Então, eu tenho autoridade para falar sobre o tema. Prestem atenção nisso. De verdade mesmo. 2 -Prisão não é brincadeira. Ela acaba com você. Tem pessoas com força psíquica que não são destruídas por dentro. Porém, a morte social é certa. A única pessoa que não morre socialmente por causa da prisão é o preso que derruba o sistema que o prendeu.
May 29, 2020 8 tweets 2 min read
1/8 Em 2013, a PCRJ procurou dar uma resposta às Jornadas de Junho e enquadrou a Sininho, com mais 22 manifestantes, como uma perigosa ORCRIM. A prisão dos ativistas ficou conhecida como um momento de traição do petismo na esquerda, que não reagiu às arbitrariedades do inquérito. 2/8 As peças produzidas pela polícia na época são objeto da teratologia da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Incluem, por exemplo, observação dos policiais sobre a necessidade de investigar certo Bakhtin, elemento perigoso que constava em várias mensagens dos investigados.
May 25, 2020 7 tweets 2 min read
1/7 Última atualização sobre o estudo da Lancet, carro chefe dos ataques à HCQ. De novo, como o MS é uma bosta e o governo se comporta como um debiloide que não sabe se defender, a gente corre atrás. Isso só catando os questionamentos que tem sido feitos na rede. Compartilhem. 2/7 - O estudo foi publicado por uma companhia, Surgical Outcomes Collaborative. Sapan Desai, segundo autor, é CEO da mesma. Nada de universidade. Tem 4 autores, o que não costuma ser comum para estudos globais com o tamanho do realizado. Outras lacunas precisam ser investigadas.
May 25, 2020 9 tweets 2 min read
1/9 O Ministério da Saúde é uma merda. Então, a gente tem que mostrar o caminho, de graça. Pois a alternativa para a população é real e pode evitar mortes. Segue um resumo da explicação do Didier Raoult e sua equipe sobre os últimos estudos a respeito da cloroquina. 2/9 - Para entender os resultados contraditórios, a equipe comparou estudos realizados por clínicos (mundo real) e os realizados por analistas de banco de dados (mundo virtual de "Grandes Dados"). A surpresa? O resultado diverge entre ambos.
May 16, 2020 5 tweets 1 min read
1/5 Estado de Sítio é o único dispositivo constitucional que permite impedir a locomoção de pessoas. Por que é sério, demanda 2 votações no Congresso e tem prazo de validade definido. E o Poder se concentra num só ente, que se torna responsável pela execução da media - a União. 2/5 O dispositivo de exceção foi pensado com freios e contrapresos para evitar abusos. Está submetido ao controle popular. Concentra poder num ente só para não disseminar o caos. A votação do STF implodiu isso e criou um Estado de Sítio descentralizado, indefinido e sem controle.
Jan 29, 2020 5 tweets 1 min read
1/5 Ouvi depoimento de mais de uma pessoa convocada pelo STF no inquérito ilegal. Alexandre de Moraes indagando sobre o sentido dessa ou daquela postagem, intimidando cidadãos que saem de lá sem saber como, por que e em quê condição foram convocados. 2/5 Até agora, ninguém havia dado uma resposta condizente à arbitrariedade do processo. A imprensa vem batendo na questão e o STF finge não ouvir e continua avançando, arrastando o circo indefinidamente. O Allan dos Santos tomou a única decisão correta num caso assim: desobedecer
Dec 30, 2019 5 tweets 1 min read
1/5 O Olavo detonou hoje o que chama de pragmatismo do governo e falta de disposição de comprar uma agenda ideológica com seriedade. De fato, para além das barreiras do Congresso e do STF, o governo permanece na infância do tuíter enquanto artilharia pesada enferruja no galpão. 2/5 A despeito da falta de reformas estruturais na educação, chama a atenção três coisas. Primeiro, a ausência de uma agenda pró-vida. Não há nem uma campanha contra o aborto. Operações para desmontar clínicas clandestinas, então, parecem de uma impossibilidade absoluta. Por que?
May 28, 2019 7 tweets 2 min read
1 - Rodrigo Maia convocou uma reunião com diversas lideranças partidárias para compor um bloco alternativo ao Centrão, em prol de uma agenda de reformas. A reunião incluía até gente como Tabata Amaral. Parece que uma ala do DEM está emputecida com Maia e Elmar Nascimento. 2 - Junto com a dissidência do líder do PSD desde antes dos protestos, são sinais inegáveis que o grupo montado no início do ano está virando pó. As manifestações colocaram um carimbo de alvo na testa do Centrão. E agora até o líder do navio pula fora do barco. Cadê a marra?
May 23, 2019 13 tweets 4 min read
1 - O dia 26, se der muita gente, pode inaugurar algo que a falta de imaginação política dos deputados do Centrão sequer vislumbra. Tem a ver com o potencial em torno de uma agenda de "Reformas Já", ainda muito centrado nos carro-chefe de SM e PG, mas passível de maior expansão. 2 - Povo na rua pedindo reformas consolida a demanda por grandes transformações que vem sendo represada sem sucesso desde 2013. É algo com um potencial explosivo, que pode ser usado para o bem ou para o mal, mas, com a pauta certa, espanta qualquer risco autoritário.
May 22, 2019 9 tweets 2 min read
1 - O meu amigo @paulogmmoura hoje chamou minha atenção para um componente inusitado dessa crise política em que ora estamos engolfados.
Parte da imprensa quer vender que não é natural que haja alguma disputa entre os Poderes, com o povo puxando para o lado que lhe apraz. 2- É como se o natural antes fosse o esquema em que o Executivo rateia dezenas de ministérios e 400 e poucas estatais para garantir votações no Congresso, cujo preço só se inflaciona com o passar do tempo, até chegar na mesada que todo mundo hora ou outra paga na Nova República.
May 20, 2019 7 tweets 2 min read
1 - A militância que vai para o rua no dia 26 tem que ter um cuidado muito delicado com um ponto que pode definir o destino das movimentações completamente. Não dar ensejo para grandes cartazes ou falas nos carros de som que peçam pelo fechamento do Congresso. 2 - Não importa o que você pense sobre a nossa instituição Congresso. Não importa se você não tem amor pelo Estado Democrático de Direito. Quando não há condições materiais para algo assim se concretizar (apoio das Forças Armadas), apelar para soluções autoritárias é suicídio.
May 20, 2019 10 tweets 2 min read
1 - A crise que afunda o país não é só econômica. Resolver o problema da economia pode dar uma sobrevida para instituições carcomida, mas cumpre lembrar: em 2013, nadava-se em Céu de Brigadeiro na política nacional. O desemprego beirava a 5% e o país vivia num "momento mágico". 2 - Ela é o resultado de uma confluência de fatores que exigiriam um livro para explicar, mas vale destacar dois: a perda de legitimidade das instituições representativas e a multiplicação infinita das mediações, com a chegada da internet e das redes sociais.
May 18, 2019 10 tweets 2 min read
1 - Desde 2013, o ambiente pré-revolucionário brasileiro parece funcionar com certo padrão. Há sempre um grupo que inicia uma revolta específica, que logo vai adensando numa massa informe, para explodir numa multidão, que em seguida se dispersa em grupelhos inócuos. 2 - Numa crise absoluta de legitimidade das instituições, a grande multidão procura símbolos agregadores capazes de obnubilar suas diferenciações internas, bem como inimigos comuns, que traduzam sua revolta genérica "contra tudo o que está aí, nem que seja momentaneamente.
May 18, 2019 5 tweets 1 min read
1- O MBL ter medo do bolsonarismo na rua é bem explicável. É concorrência direta. Nunca fizeram um ai pelas eleições do PR e foram desmoralizados. Elegeram gente, mas vivenciam a nítida sensação de que ficaram para trás ou que alguém furou a fila na direita. Previsível. 2 - Agora essa frescura de medinho de gente na rua para pressionar o Centrão, alegando perigo revolucionário socialista (wtf?) e sentimentos republicanos, é a maior piada da história breve dessa molecada. É coisa pra contar com a memória de peixinho dourado da opinião pública.
May 16, 2019 10 tweets 2 min read
1- Agora que, na crise, governo e militância não são mais só um consenso burro, há mais espaço para a crítica interna. Se não servir para uma correção de rumos, serve para o futuro. Espero que se entenda, finalmente, a importância de criar um partido político conservador de fato. 2 - Partido é organização criada para resolver problemas, não só para tomada do poder. Serve para deslocar pessoas das atividades produtivas para uma instituição com divisão interna do trabalho que tem por finalidade tratar de frentes diversas de atuação.