Comentarista em @GuaibaEsporte, professor na @ESPMSul e pesquisador (mídia, futebol, opinião pública, cultura).
Dec 10, 2023 • 11 tweets • 2 min read
Já falei na Guaíba e coloco agora algumas questões sobre as eleições do Inter, que julgo ter sido o processo eleitoral de clube de futebol mais simbólico que eu já vi por algumas perspectivas. Vamos nessa.
Primeiro, é uma vitória enorme de Alessandro Barcellos. A campanha da Chapa 2 foi extremamente midiática e cheia de soluções que poderiam atrair o torcedor: ficando apenas em Carvalho, Abel, D'Alessandro, existe aí (queiram ou não) uma representação de títulos, de vitórias.
Jun 29, 2023 • 25 tweets • 4 min read
Observei atentamente ao caso Caleffi aqui nas redes sociais. Não fiz um juízo de valor público (embora o tenha). O que mais me interessou foi um outro tema nessa história. Trata-se um dos maiores casos de opinião pública e futebol que já vi, sem exagero. Vem junto que eu explico.
Caleffi optou por uma das estratégias mais interessantes para quem estuda opinião pública (meu caso), mas também uma das mais perigosas. Ele resolveu dominar uma opinião pública com a clássica cartilha de como se faz isso (e, logo, de como se cria uma liderança).
Mar 17, 2023 • 23 tweets • 4 min read
O Brasil é um país macartista e perseguidor. E, pior, pratica um macartismo pessoal, onde as pessoas escolhem quem têm ou não virtude por si ou por grupos que são como si. Esse fio tem Drummond, Mayhem, Belchior, Eric Clapton, Elis Regina e Los Hermanos. Segue a salada.
Tudo começa com o cancelamento ao Mayhem, banda de metal extremo que seria (é?) nazista. Sei que regravaram Dead Kennedys e ao mesmo tempo são nazistas. Seria como misturar sorvete com rabada, mas ok, não entro nesse mérito. Aqui, o ponto é outro.
Jan 3, 2023 • 19 tweets • 3 min read
Ainda me recuperando da pior infecção alimentar que já tive, mas LIGADO NOS ACONTECIMENTOS (ns), vou fazer um fio sobre Douglas Costa e sobre a ausência de ídolos no velório de Pelé. O jogador de futebol brasileiro é um grande menino mimado.
O menino mimado é aquele que acha que não deve nada ao mundo, mas que o mundo deve a si. Acredita que é especial e que é um privilégio para os outros a sua presença. Não acredita nos deveres e relativiza o que são direitos; para ele, direitos precisam ser regalias.
Oct 31, 2022 • 8 tweets • 2 min read
O fenômeno agora entre os bolsonaristas será o da dispersão. Existem três grupos principais entre eles: os interessados, os ressentidos e os manipulados (aka gado). Os interessados aderem, não têm histórico de resistência. O importante pra eles é não perder, é sempre ganhar.
Pra eles, Bolsonaro representava levar vantagem. São os ricos, verdadeiramente ricos (não os que acham que são ricos). Resistência não é o forte deles. Nem sabem resistir. Eles, aos poucos, vão de dispersar e abandonar a barra, sutilmente. São espertos.
Oct 30, 2022 • 4 tweets • 1 min read
Os sentidos de democracia, censura, liberdade de expressão, aparelhamento são coisas que passam longe da cabeça de um bolsonarista ou de um bolsominion (são duas coisas diferentes, por sinal).
Os primeiros são mais agentes do caos, promotores das modalidades freestyle e vale-tudo pra tumultuar as coisas. Os segundos, coitados, só compram as coisas que os primeiros dizem.
Oct 29, 2022 • 8 tweets • 2 min read
Um fio:
FATOS sobre a conquista do Flamengo e futebol brasileiro:
1 - Pela primeira vez na história, por quatro anos consecutivos, temos um mesmo clube vencendo duas das três grandes competições:
19 - Fla - Bra e LA
20 - Pal - CB e LA
21 - CAM - CB e Bra
22 - Fla - CB e LA
2 - Palmeiras e Flamengo, de 2018 pra cá, nunca saíram sem um grande título na temporada. Quando não foi um, foi o outro que ganhou.
Oct 21, 2022 • 8 tweets • 2 min read
A fala do deputado tem repercussão positiva numa turma enorme que faz parte da mais perigosa ala bolsonarista: os ressentidos. São aqueles que foram sempre medíocres na vida, os mais burros da turma, que nunca pisaram numa universidade.
No imaginário dessa gente, faculdade é aquilo mesmo que eles dizem: orgia, droga e doutrinação marxista. Por isso, acham que o ambiente universitário merece ser desfeito e que o universitário merece ser queimado vivo.
Jun 19, 2021 • 13 tweets • 2 min read
É a maior diferença entre Europa e América do Sul em todos os tempos. A distância entre eles é maior do que entre sul-americanos e africanos atualmente. E não é só pela grana e pelos clubes. Está nas seleções. Vamos aos dados:
1- Nunca na história houve quatro títulos consecutivos por um continente. Europeus são campeões em 06, 10, 14 e 18. Nestas edições, apenas em uma delas houve um sul-americano na final (Argentina-14).
Jun 18, 2021 • 9 tweets • 2 min read
Neymar é o melhor jogador brasileiro desde 2011. NENHUM jogador brasileiro ficou tanto tempo nesse posto, exceto Pelé. Não estou colocando que Neymar é o segundo melhor da história, estou colocando que a concorrência também é muito fraca.
Os melhores brasileiros, nos últimos 30 anos:
91 - Careca
92 - Raí
93/94/95 - Romário
96/97/98 - Ronaldo
99/00/01 - Rivaldo
02/03 - Ronaldo
04/05/06 - Ronaldinho
07/08/09 - Kaká
10 - Lúcio ou Maicon ou Júlio César (algum jogador de defesa)
11 a 21 - Neymar
Jun 17, 2021 • 7 tweets • 1 min read
Tem um debate no mundo do futebol que é profundamente incômodo e sem sentido, que é o duelo entre o propositivo e o reativo.
Hoje, o propositivo virou sinônimo de bom (ousado, versátil, talentoso) e o reativo, sinônimo de ruim (covarde, limitado, sem talento). Ora, não é nada disso.
Dec 8, 2020 • 8 tweets • 2 min read
Há algumas semanas, falei no ar, na Rádio Guaíba, sobre a eleição do Inter e o processo de instrumentalização, manipulação e domínio de poder sobre a massa (sócio, no caso), com o uso de práticas bem típicas desse momento em que o controle se dá pela comunicação. Segue o fio.
Corrente de WhatsApp, uso de fake news, censura a jornalista, uso de influencer pra construir opinião pública, aparelhamento do sistema, domínio do quadro social no interior pela comunicação... é o perfeito combo de como se domina, manipula e cria uma opinião pública favorável.
May 15, 2020 • 10 tweets • 2 min read
Não faz muito, um sujeito (que não era robô, me certifiquei) comentou uma postagem do médico competente João Gabbardo dos Reis sobre o coronavírus: "Doutor, vai por mim, isso não é nada, libera as pessoas pra tudo, tô falando pro senhor, confia em mim". (+)
Li a bio do cara. Além dos tradicionais bandeirinha, arminha, cristão, conservador e tal, ele trabalhava em uma loja de pneus. Era um empresário do ramo da mecânica automotiva pedindo para que um especialista ouvisse A ELE sobre como proceder numa PANDEMIA.
Apr 27, 2020 • 12 tweets • 2 min read
Vendo ontem Brasil x Itália, acabei reforçando uma ideia que tenho sobre Dunga e sobre como a imprensa esportiva da época no eixo Rio São Paulo, de graça, fez uma das coisas mais horríveis que se pode fazer a um atleta. Segue o contexto.
Depois da eliminação do Brasil na Copa de 90 e do sucesso de Telê no São Paulo, a imprensa brasileira (SP/RJ), saudosa de 82, queria uma seleção vistosa, acadêmica, alegre.
Feb 19, 2020 • 7 tweets • 1 min read
Vou traduzir como funciona a cruzada contra a imprensa no Brasil: "eu odeio porque ela não escreve o que eu quero ler e não fala o que eu quero ouvir; se ela escrever o que eu quero ler e falar o que eu quero ouvir, eu passo a gostar".
Temos todos os problemas possíveis. 10% dos reais problemas que tenho são detectados e atacados pelo público. 90% é o que escrevi.
Feb 13, 2020 • 9 tweets • 2 min read
Volta e meia, geralmente em discussões sobre futebol, algum sujeito, sabendo que jornalismo paga pouco, resolve dar um carteiraço dizendo que "somos mortos de fome" ou "que é bem sucedido". Segue o racicoínio pra saber onde quero chegar.
Recentemente, um cara, sem foto, nome falso, discutindo comigo, encerrou o assunto dizendo que "não botava foto por uma escolha, já que seu contracheque era muito bom e que ele não dependia de redes sociais para viver".
Oct 9, 2019 • 11 tweets • 2 min read
CBF pode cobrar direitos de transmissão de rádio para o Brasileiro 2020. O almoço não é grátis, sabemos. Mas por que isso empolga tanto o torcedor, que também comemorou as pauladas que Andrés Sanchez deu na imprensa sábado na Arena? Segue o raciocínio abaixo.
A imprensa esportiva brasileira tá seguindo por um caminho em que isto me parece inevitável. A produção de circo, de jornalismo da chacota e da falação esportiva como forma de motivar a audiência ganharam força. Por que? Porque dá audiência. Simples.
Jun 19, 2019 • 7 tweets • 2 min read
Pra quem se pergunta "por que diabos o Guimarães, que defendia esse tipo de análise, mudou tanto?". Três motivos: 1) ler sociologia e cultura no esporte. Futebol é um evento sociológico, um fenômeno social. Reduzir o esporte a somente questões de "campo e bola" é um crime. (+)
2) ler e vivenciar o mundo da comunicação. Como evento sociológico, fenômeno social, o enlace entre a análise e o público deve ser inclusivo, abrangente e minimizando os ruídos. Quando se volta para o técnico, específico e acadêmico, perde-se a conexão (já escrevi sobre isso) (+)
Mar 8, 2019 • 9 tweets • 1 min read
Vocês sabiam que a ditadura militar foi o período em que o sexo mais serviu como instrumento (sim, instrumento) oficial do governo pra promover a alienação das pessoas?
A indústria da pornochanchada e do "cinema sexual" nunca foi tão forte como no período entre 1974 e 1981, quando começou o sexo explícito no cinema brasileiro.