Em 2013 houve uma epidemia de dengue em que os bairros mais afetados de SP foram Rio Pequeno e Jaguaré no entorno imediato do HU-USP, atendemos e notificamos milhares de casos. No conselho de saúde do Butantã procuramos meios de intervenção no território, algo me chamou atenção Roberto Gouveia, meu amigo, sanitarista, orientava o controle de focos. Numa comunidade vulnerável encontraram muitos tonéis de água, muitos. Ao falar do risco de dengue as pessoas do local disseram: doutor na favela cai água uma vez por semana, se não guardar morremos de sede.

Um homem de 71 anos foi admitido em risco imediato de morte devido a um acidente grave por filhote de jararaca. Ele tinha uma hemorragia difusa, inclusive com elevado volume de sangue na cavidade abdominal
Hemoperitoneum after a Bothrops snakebite sciencedirect.com/science/articl… foi tratado com esmero primeiro pela equipe do Hospital Vital Brazil com o soro antiofídico produzido ali mesmo no @butantanoficial depois transferido ao Hospital Universitário da USP. Ele precisou ser intubado, recebeu elevadas doses de drogas vasoativas. Uma dúvida permanecia

Um casal percorre sozinho uma estrada hostil. Ela está prestes a parir, o único lugar que consegue para pernoitar é um abrigo de animais. Eles vivem em um país periférico, dominado por um grande império. O menino nasce na companhia dos bichos, é abrigado num berço de palha. A família é perseguida e se torna refugiada no país do grande Rio, onde seus ancestrais foram escravizados. A família retorna à sua cidade onde o menino operário aprende o labor de seu pai, ambos carpinteiros,

Uma criança de 10 anos teve uma parada cardiorrespiratória 12 horas após receber a vacina da Pfizer, mas este evento não foi causado pela vacina. A criança é portadora da síndrome da Wolff-Parkinson- White, condição congênita que leva a crises de taquicardia, podendo causar PCR Essa não é a minha opinião, mas o resumo do relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica, assinado por Eder Gatti, um dos maiores especialistas do país em eventos adversos pós-vacinação. Lideranças antivacinas que estão querendo capitalizar, só prestam mais um desserviço

Muita gente pergunta sobre a gravidade da ômicron.
1 hospital não tem detecção de variante, isso se faz por sequenciamento, indisponível em laboratórios de rotina, mas informativos que recebemos, de fontes diversas, permitem inferir que quase todos os casos novos sejam ômicron 2 tem gente afirmando que a ômicron não entra na célula de pulmão, extrapolação equivocada de estudos em laboratório. Os casos graves atuais tem pneumonias virais como as que vimos anteriormente, assim como outras complicações. Covid segue sendo Covid.

A iniciativa Choosing wisely, em tradução livre “escolhendo sabiamente” publicou na revista Nature 10 recomendações para COVID-19 baseada em evidências científicas. As compartilho, resumidamente abaixo 👇🏽👇🏽 Para todos: 1) use máscaras, sempre que estiver em locais públicos (entenda-se fora de casa); 2) evite aglomerações, principalmente em locais fechados; 3) Seja testado para COVID-19 se tiver sintomas e se isole em casa, em casos leves; 4) procure atendimento médico imediato se👇🏽

Vou dialogar porque percebo aqui dúvidas e sofrimentos frequentes:
1) “fique em casa” é para quem pode, seria necessário apoio governamental com isenção de tarifas, impostos, apoio às pequenas empresas além do auxílio emergencial, os governantes sabiam mas não quiseram fazer; 2) não temos tratamento precoce para impedir que as pessoas agravem, o que pode ser feito é diminuir a transmissão com distanciamento, máscaras, higiene de mãos e vacinas. O presidente e seu Governo boicotaram essas medidas deliberadamente e demais poderes se acorvardaram;

Muitos pacientes e médicos enxergam a medicina como algo mágico, assim: um mal se instala sobre a pessoa, o médico a partir de um dom ou observação especial constata o que é aquele mal e oferece um elixir que reestabelecerá a saúde. Não é bem assim, aliás não é nada assim O diagnóstico requer ouvir a história em primeiro lugar e muitos diagnósticos chegam por reconhecimento de padrão. Se eu disser que uma pessoa ficou do nada com metade do corpo paralisado e a fala embolada, as pessoas pensarão em AVC, porque comparam com o padrão conhecido

Não gosto de comentar estudo preprint, mas como já falei do COLCRONA, vou fazer algumas considerações sobre a versão disponível no medRxiv publicado ontem. 1)Esse estudo recrutou 4488 pessoas para receberem ou colchicina ou placebo por 30 dias após o diagnóstico de COVID-19 👇🏽 2) a maioria dos sujeitos tiverem confirmação laboratorial mas eles também admitiram critério clínico, e eles colocaram como critérios de inclusão pessoas consideradas em risco de doença mais grave.

Forte sou mas não tem jeito, hoje tenho que chorar. Vocês também choram ouvindo Milton Nascimento? É só começar a tocar minha playlist com que não paro mais, principalmente na pandemia. @MiltonBituca Travessia lembra cada vida perdida nessa tragédia, cada morto não velado, eu penso também em cada via aérea que tive que atravessar. Nas despedidas quando possíveis antes da sedação para intubações sempre dramáticas. open.spotify.com/track/6MN3vF1t…

Quando estudante de Medicina diziam que não tinha estudos controlados sobre a eficácia de paraquedas.
2018 um professor de Harvard e colaborares publicaram um ensaio clínico que concluiu não ter diferença de chance de morte saltando de avião com paraquedas ou uma mochila vazia. Robert Yeah e seus colaboradores comprovaram em um estudo bem desenhado, publicado numa das revistas mais importantes do mundo, British Medical Journal, o risco de morte ou trauma grave, era igual saltando de avião de paraquedas ou mochila vazia e eles estavam certos. Detalhe:

Aos 15 anos tive um quadro de febre de quase 40o por dias, dor de cabeça que não melhorava com nada, além disso vomitava sem parar. Meus pais me levaram a alguns projeto-socorros, exames inespecíficos, até que me colheram um líquor, com uma punção na espinha era uma meningite 👇🏽 Não havia remédio específico por que era viral, e há tratamentos efetivos para poucos vírus. Um dos médicos receitou uma fórmula com polivitamínicos manipulados, caro pro padrão de minha família na época. Eu melhorei. Sabe por que? Graças aos meus glóbulos brancos! Imunidade.

Interna. Pronto-socorro. Noite - estou na emergência, entra um garoto adolescente franzino com o rosto e a camisa sujos de sangue, pede socorro. Ele ampara a sua mãe, de cerca de 40 anos, com múltiplos ferimentos, inclusive no tórax à esquerda na linha do coração.
Foi meu pai!👇🏽 O rapaz atordoado dizia: o juiz afastou meu pai de casa, mas ele pediu ajuda pra minha mãe, ela deixou ele entrar - tava escondendo uma faca. Ele meteu a faca nela. A mulher foi pra sala do trauma. O menino ficou comigo. Ele disse que ia se matar! Quero que morra - pro inferno!

Um casal de refugiados sozinho percorre uma estrada hostil. Ela está prestes a parir, o único lugar que consegue para pernoitar é um abrigo de animais. Eles vivem em um país periférico e dominado por um grande império. O menino nasce, a família é perseguida e se torna refugiado No país do grande Rio, onde seus ancestrais foram escravizados. A família retorna à sua cidade onde o menino operário aprende o labor de seu pai, ambos carpinteiros, o menino se dedica ao estudo, profundamente, impressiona os oficiais por conhecer a Lei e a história de seu povo

Corrente do bem, ajude essa mensagem a chegar a um jovem que almeja cursar ensino superior mas não tem condições de arcar com um curso pré-vestibular privado. Os estudantes da Faculdade de Medicina da USP oferecem um curso inteiramente gratuito para estudantes de baixa renda 👇🏽👇🏽 O Curso #MedEnsina é voltado para estudantes egressos do ensino médio em escolas públicas, o material didático é cedido pelo curso Poliedro, as aulas presenciais são no prédio da faculdade ao lado do metrô clínicas, os professores são voluntários, estudantes da USP. A seleção 👇🏽

Precisamos falar sobre comunicação na promoção de saúde. Muita gente preocupada tem pedido que nós, médicos, mostremos imagens de pessoas nas emergências, utis...como modo de conscientizar as pessoas sobre a gravidade da pandemia. Isso é problemático e não dá certo por 3 motivos 1o ético: não podemos expor pessoas doentes, exceto em ambiente acadêmico com objetivo claro de formação, mesmo assim é necessário haver consentimento do uso da imagem e a finalidade. Não podemos estigmatizar as pessoas e deixar as suas imagens fragilizadas circulando. 2o motivo:

Hoje na emergência, atendendo casos de COVID-19.
Caso 1 homem de 56 anos, que ficou sintomático 3 dias após um churrasco em que “só tinha família”; Caso 2 rapaz de 34 anos sentiu desconforto respiratório ao iniciar partida de futebol que faz semanalmente com seus amigos; Caso 3 Solicitação de orientação que recebi, uma senhora de 90 anos que só sai para um almoço na casa do filho, na área externa; no último final de semana o neto ficou trancado no quarto porque teve contato com caso suspeito, a nora estava assintomática. Ambos confirmaram COVID-19

Tem mais uma história do ambulatório, de uma paciente com uma sacola cheia de exames e nenhum deles dava resposta ao que ela tinha... semanas atrás ela havia procurado a emergência com palpitações, desmaios e pressão descontrolada (sic), o eletrocardiograma era normal... Passou por distintos médicos, foram pedidos exames diversos, ecocardiograma, holter, hemograma, exame de tireóide...e ela chega com uma pasta cheia de exames de receitas. Eu pergunto: como você passou essas semanas, e ela passa a ler resultados dos exames. Eu peço: feche a pasta

Hoje comecei o ambulatório atrasado atropelado pela emergência cheia (inclusive de gente com COVID19). A primeira paciente era uma mulher de 40 anos, na última consulta ela tinha dor no corpo inteiro, ela estava de luto, foi prescrito um medicamento ao qual ela não se adaptou bem Dor crônica recorrente precisa de medicamento mas também precisa entender o que causa, normalmente alguma tensão, ela tinha certeza de que tinha câncer assim como o irmão enterrado há poucos meses. Então terapia e exercício. Eu descobri uma coisa relevante: ela gostava de forró.

Homem de 60 anos, independente, tem um AVC em casa e é acudido por vizinhos. Consta que não tem família. O SUS o socorre: Samu, PS do HU, tomografia. Fica hemiplégico e depende de sonda para se alimentar. Problema: ele não tem quem venha buscá-lo Equipes médica/enfermagem/ nutrição/ fono cuidam dele no PS. O serviço social localiza a irmã que na zona ruaral de Ilhéus. Ela pega o primeiro ônibus, após 3 dias encontra o irmão, grave mas limpo, bem nutrido, medicado pelo SUS. Ela só tem a roupa do corpo e não tem $ pra volta