O Grêmio, embora profundamente brasileiro, é também a mais pura alma do futebol sul-americano. É fato, não adianta. Nenhum outro clube no Brasil é assim. Nenhum outro clube brasileiro é SUL-AMERICANO do jeito que o Grêmio é. Nesse universo simbólico, somos soberanos. Depois de duas derrotas (uma delas esperada, a outra constrangedora), o Grêmio passou a precisar de uma sequência daquelas para classificar. O horror que caiu sobre o RS, claro, dificultou tudo.

Nem sempre a chave gira. Pois, desta vez, girou. O Sul-americano do Grêmio aflorou.

Mais de 24h depois, ainda tem gente se mordendo porque exaltei a grandeza do Grêmio, demonstrada uma vez mais ontem.

A questão é que nada disso faz a menor diferença. O Grêmio tem uma grandeza que não é momentânea: é histórica. Não tem burburinho em rede social que abale isso. Grêmio não virou gigante continental em 5, 10 ou 20 anos. Não nasceu em 1983.

Grêmio é 1o estrangeiro a vencer na Bombonera. Venceu a seleção uruguaia em 1911. É um dos 1os a vencer o Nacional no Uruguai (1949) - após o jogo, foram recebido de volta em POA como heróis.

Esse fim de semana assisti Dias Perfeitos no cinema e olha, fazia tempo que um filme não mexia tanto comigo. Me senti irmanado pelo elogio à beleza do banal que ele traz e, ao mesmo tempo, provocado a refletir em vários aspectos. Que filme bonito. A atuação de Koji Yakusho como Hirayama, homem de meia idade que vive sozinho e trabalha limpando banheiros públicos em Tóquio, é uma das coisas mais incríveis que vi em muito tempo. Fala muito pouco, e não precisa: a conexão é noutra camada, muito mais sensorial e profunda.

Acho importante que todo mundo que defende a democracia tenha isso muito claro:

O Brasil entrou na era do terrorismo doméstico.

O que aconteceu não foi obra de uns aloprados, somente. Foi perpretado por uma organização criminosa de extrema-direita, que continua ativa e de pé. O que a gente viu foi a linha de frente dos loucos da praça. Há uma organização que encomendou, financiou, sustentou, disseminou informações. Contaminou setores do poder público. E que não é, necessariamente, formada apenas por brasileiros.

Não há motivo para pensar que acabou.

A trajetória de Constantino é um testemunho de como sempre se pode cair mais fundo. No velho Orkut, ele era o Spamtantino, o cara que pedia a privatjzação dos tubarões. Hoje, é um entusiasta do golpismo e chaveirinho de miliciano. Uma espiral descendente rumo ao nadir.

https://twitter.com/camarotedacpi/status/1612955672173330434

Constantino ganhou espaço na ausência de nomes de centro-direita no colunismo dos anos Lula. Foi quando virou o "trovão da razão" na Veja, por ex. Sempre com a capacidade e honestida intelectual de um bugio atacando com as próprias fezes. Mas e daí? Era contra o Petê, né.

Ótimo ouvir o Xandão dizendo que os golpistas "não são civilizados". Não são mesmo.

Acho que uma lição que a gente pode tirar de domingo é: não se pode tratar esse pessoal como se entendessem qualquer linguagem ou código civilizado. Não entendem. Eles só entendem punição, mesmo. A gente tem essa tendência de achar que os caras não vão ousar o absurdo. Que até eles entendem que tudo tem limite.

Não. Esse pessoal caga e mija nos Três Poderes. Esse pessoal rasga um Di Cavalcanti. Esse pessoal bate em cavalo.

Esse pessoal não merece NENHUMA consideração.

Taison sai do Inter chutando a porta, apontando dedo, criando uma crise que só prejudica o clube que fez um imenso esforço para tê-lo no plantel.

Douglas Costa segue inigualável no vexame, mas Taison se esforça, hein. Final constrangedor de uma jornada bem abaixo do esperado. A cara de pau de dizer que ficaram em cima dele para ele voltar... Quem tem memória lembra: Taison ficou ANOS fazendo jogo emocional com a torcida, criando expectativas a cada janela de transferências. Criou um hype imenso em torno de si. Agora "encheram o saco" dele? Incrível.

O estado lamentável em que os Bolsonaro deixaram o Palácio da Alvorada tem um lado bom. Sim, tem.

Eles não voltarão. E sabem disso.

Nenhum inquilino (e essa é a mentalidade deles, de inquilinos) deixa uma nojeira dessas se pretende voltar. Aliás, tenho convicção que a maioria dos danos foram feitos nos últimos dois meses, depois da eleição. Porque os Bolsonaro são chinelões. Ficaram brabos e, "já que vamos sair mesmo", tocaram o terror. Não é mera porquice e nojeira: é um desaforo. Contra todos nós.

Tenho sentimentos conflitantes quanto a isso.

Por um lado, sinto piedade por essas pessoas adoecidas e, em especial, por suas famílias. As cenas são trágicas nesse sentido.

Por outro, a voz fininha de choro dizendo OLHA A IMPRENSA LIXO ALI Ó me fez rir, admito 😅

https://twitter.com/otempo/status/1611370535648202755

Parte significativa do legado do bolsonarismo, esse movimento "em defesa da família", é justamente um sem número de famílias devastadas. Quanta gente sofre ao ver parentes perdidos nessa seita maluca? Esse problema vai persistir por muito tempo. Me sensibilizo, de verdade.

Sei que sou minoritário. Mas defendo que o termo "bolsonarismo" é descritivo, importante e deve ser mantido.

Aqui está um exemplo. "Reacionário" ou "fascista" não dão conta de explicar esse tipo de comportamento.

https://twitter.com/bicmuller/status/1611207283995824128

O vandalismo, em si, não é uma característica reacionária. Os caras agridem minorias, destroem seus espaços e símbolos - mas não vandalizam o próprio Estado. Embora haja ódio a minorias nesse caldeirão, me parece que esse desprezo pelas coisas do país é, por assim dizer, original

Se eu fosse tentar resumir o que acho que está acontecendo politicamente no Brasil, diria que está se consolidando um BIPARTIDARISMO À BRASILEIRA. Uma direita radicalizada (reaça?) e uma grande aglomeração de esquerda. Um rearranjo mais radical do PT x PSDB de tempos idos. A divisão em dois polos políticos não é novidade alguma no Brasil. É assim, grosso modo, desde a redemocratização. A esquerda (personificada no PT) sempre foi uma espécie de definidor para a centro-direita. A novidade, aqui, é o eixo dessa força - bem mais extremo que no passado.

O momento está uma bagunça do cão. Precisamos respirar e tentar entender o que aconteceu. Mas meu palpite é que realmente MUITA coisa mudou na última hora. Como em 2018. E isso é fruto de máquina trabalhando e uma estratégia eficiente de voto casado + voto útil bolsonarista. Ciro Gomes acabou de falar que está "muito preocupado" com resultado e pediu "algumas horas" para falar com o partido.

Tem algo fundamental aí: eles também foram surpreendidos. Tracking do PDT não captou esses números que temos agora.

Reta final bolsonarista foi muito forte.

Essa eleição tem tudo para ser a mais importante das nossas vidas. O que está em jogo, em termos de política, é imenso e definitivo por si só. Mas eu diria que há algo mais, ao menos para mim. Algo mais profundo e simbólico.

Estaremos votando sobre nosso direito a ter esperança. Eu sempre fui um esperançado e um otimista. Mesmo quando muito criança, sem sequer entender esses conceitos, eu me enxergava assim. Com o tempo, isso foi se transformando em um dos pilares da minha filosofia de vida.

Eu tenho o otimismo como ideologia.

Voltou a ser exatamente o que tinha virado a partir de 2019: uma confraria da incompetência. Uns brothers que ficam dando tapinha no ombro um do outro e fingindo que tá tudo bem.

E não há um torcedor gremista em todo o Rio Grande que possa alegar que não sabia que seria assim.

https://twitter.com/crmunari/status/1576011690306478082

A forma displicente como o Grêmio conduziu jogo contra Sampaio Correa foi uma vergonha. Vagabundagem deliberada, falta de profissionalismo à beira da caricatura. Passou mais de uma semana dando o recado: dane-se esse jogo, tudo bem se perder. E perdeu, claro. Ridículo, ridículos.

O que temos aqui: uma loja que vende eletrodomésticos a preço popular, tendo prejuízo bilionário porque o poder aquisitivo das pessoas evaporou.

Eis aí o filho feio da reforma trabalhista que ninguém quer pegar no colo.

veja.abril.com.br/coluna/radar-e… Se você precisa trabalhar muito mais para ganhar o mínimo, você não vai consumir. Se cai o consumo, o mercado interno desaba e não tem trabalho precário que diminua o desemprego, porque não há demanda que justifique abrir postos de trabalho.

Não precisa ser gênio, sabe.

Vejo tanta gente falando que "não pode cantar vitória do Lula antes do tempo", e realmente não sei QUEM está cantando vitória do Lula antes do tempo. Tipo, queimando a largada mesmo, fazendo festa etc. Tem?

Acho normal pessoal ficar feliz porque Lula pode vencer a eleição, sabe. Cantar vitória antes da hora é ruim, mas sinistrose tipo "só PARECE bom, logo vai ficar horrível, vocês vão ver" não ajuda em nada. E estou me lixando se você vai estar certo no final, para mim é completamente irrelevante.

Tá em disputa, mas é bom disputar na frente. Ou não?

Acho preocupante que boa parte da opinião pública dos EUA esteja numas de "não vamos deixar a Rússia achar que temos medo, pra cima deles". E é preocupante que Putin bravateie com armas nucleares e os que endossam sua guerra (à direita e à esquerda) achem bonito.

Isso é perigoso É perigoso, entre outras coisas, porque normaliza o impensável enquanto estratégia de guerra e tema de debate. A gente se desensibiliza, e daqui a pouco o impensável vira uma opção - distante, que seja, mas opção.

Não há NADA a ganhar com uma escalada, mesmo que retórica.

Eu sou uma pessoa que leva o ofício de escrever muito a sério. Das muitas coisas que faço, talvez seja a que mais tem valor para mim. E eu acho que, quando a gente senta para escrever qualquer coisa, tem que levar muito a sério.

Nada me dói mais que texto feito sem cuidado. Se estamos falando de algo que toca nos sentimentos de dor das pessoas, esse cuidado tem que ser mil vezes maior. Cada figura de linguagem, cada analogia tem que ser muito refletida.

Quem escreve sem levar isso em conta está desrespeitando as pessoas e o ofício de escrever.

O avião caiu, a assessoria e o empresário soltaram uma nota dizendo que todo mundo tinha saído vivo da queda e agora não é mais nada disso, resgataram um corpo e não se sabe o estado dos demais?

Estou meio PASMO, admito. Queimar a largada em uma situação dessas, meu deus. Tipo, não existe nada no jornalismo que exija mais responsabilidade ao noticiar do que a morte de alguém. Mas tipo, como NÃO levar em consideração uma NOTA DA ASSESSORIA? É uma fonte da qual, em princípio, se espera absoluta confiabilidade. Ainda mais numa situação dessas.

Quem destruiu a Lava-Jato foi a própria Lava-Jato - ou, sendo mais específico, os pseudo-heróis que usaram da ilegalidade para obter condenações combinadas previamente. Os mesmos que, agora, encontram nova e lucrativa carreira na política (além de imunidade, é claro).

https://twitter.com/acmacedo/status/1456592954517336064

Faz pouco sentido para mim clamar pelo combate à corrupção e, ao mesmo tempo, fechar os olhos para as numerosas arbitrariedades dentro da Lava-Jato. Se for por uma causa justa, está liberado ser injusto? Para punir o mal, podemos usar a maldade? A Inquisição era assim.

Essa do Ciro Gomes colocar em suspenso a pré-candidatura é um movimento arriscado. Se a bancada do PDT muda o voto na PEC dos Precatórios, fica mordida com o próprio Ciro. Se mantém o voto, Ciro fica desmoralizado e sua candidatura naufraga - talvez até sua permanência na sigla. Em qualquer caso, Ciro é um candidato que não está fechado com o partido, e vice-versa. A pressão pública reforça aquela ideia de que a candidatura é um voo solo, não um projeto partidário. Cenário ruim para quem precisa dar AQUELA decolada para ter alguma chance ano que vem.