João Caetano Leite Profile picture
From: Lisbon, in: São Paulo B.A. in Economics- PUC Rio M.A. Student in Pol. Sci. - IESP/UERJ O Atlântico é a maior encruzilhada do mundo
Apr 22 20 tweets 4 min read
Bom, esse ponto do Wallace é interessante. Em primeiro lugar, diversos institutos de pesquisa fazem essa pergunta e não só no Brasil, no mundo todo.
Só que as pessoas, em geral confundem para que elas servem. Em primeiro lugar, espectro político não é cardinal, é ordinal. (+) Isso significa que ninguém é de direita nem de esquerda, as pessoas estão à direita ou à esquerda em determinado contexto cronológico e geográfico. Toma-se o conjunto de posições e opiniões dos cidadãos ou políticos (via votos, surveys, discursos, etc.) e se atribui uma pontuação
Apr 22 54 tweets 13 min read
Celso está certo na sua coluna -maravilhosa, por sinal- mas vendo as reações negativas, resolvi contar uma historinha. Uma história da economia política desse acerto que foi o equilíbrio PSDB-PT, e porque não estou lámuito esperançoso que volte a acontecer algo assim tão cedo. 🧶 Se tivéssemos que pensar uma história de 1930-1980 no Brasil e descrevê-la em duas ideias eu diria que seriam:
Uma mobilização pantagruélica de recursos para incentivar o crescimento via industrialização.
Exclusão social e política de boa parte da população brasileira.
Apr 14 41 tweets 15 min read
Gleisi falando que China é uma democracia porque está se desenvolvendo economicamente, liberteen escrevendo na Folha que o Brasil não é democracia porque o Xandão atua legalmente sobre golpistas...
Poucos conceitos são tão surrados na política quando democracia. Estão errados🧶 Democracia é um conceito. E conceitos importam, muito. Um conceito claro é aquele que separa uma ideia de outras, logo, o conceito de democracia deve ser sempre algo que separe ela de outros regimes políticos.

periodicos.fgv.br/reh/article/vi…
jstor.org/stable/1958356
Apr 3 16 tweets 3 min read
Sobre esse vídeo, eu acho que temos que ser justos com quem tem 30 anos em termos de desesperança.
Vejam, quem está na faixa dos 30 anos nasceu na Era de Ouro do desenvolvimento nacional brasileiro: 1994-2010.
Em 1994 vencemos a hiperinflação, depois disso tivemos o maior período de inclusão social, redução da pobreza, crescimento econômico relativamente elevado em relação às médias históricas e isso tudo sem inflação alta; um ponto muito fora da curva na história nacional.
Não só isso, por um breve momento, nos governos FHC e Lula, acertamos a mão nas
Mar 22 12 tweets 2 min read
Gente, vamos por partes. As saídas temporárias não são desenhadas para permitir presos perigosos nas ruas. Sério, para se ter direito tem que ter bom comportamento, estar no semiaberto e não pode cumprir pena ou ser fichado por crime hediondo ou que envolva morte (+) “Ah mas eu li no metrópoles, vi no Brasil Urgente ou recebi no zap o caso de um cara que matou um PM”
Isto é um problema ANTERIOR às saídas temporárias. É um erro processual que vai continuar existindo com ou sem as saídas temporárias.
Mar 21 12 tweets 2 min read
Eu vou dar um exemplo do tipo de pessoa que vai ser mais afetado pelo f das “saidinhas”. Não vai ser o criminoso qualificado, um assassino, um estuprador… vai ser uma moça jovem, negra, se terminou o Ensino Médio foi lucro e com 19-20 anos tem de dois a três filhos. O seu namorado, ou marido, foi preso por porte de drogas, furto ou outro crime menor, mas tal qual a moça ele é pobre, foi jogado para a defensoria pública que tratou ele como mais um e pegou um juíz racista, com ódio de nordestino, pobre, preto… bom, foi jogado em um presídio.
Mar 19 33 tweets 12 min read
Vamos lá, por partes. Em primeiro lugar, a democratização pós 1985 trouxe menos volatilidade do crescimento econômico. Isso é mais benéfico para a população mais pobre e para as firmas. E está em linha com a literatura internacional.
jstor.org/stable/40042908

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sciencedirect.com/science/articl…
tandfonline.com/doi/full/10.10…
Mar 13 6 tweets 2 min read
Grande maioria dos torturados ou mortos no regime militar eram ricos ou de classe média/alta, poucos eram das c. trabalhadoras. Estudantes, artistas, militantes... especialmente nessa fase.
Muitos deles eram denunciados pelas famílias ou amigos.
O Brasil sabia o que acontecia... Isso é extremamente importante para a gente pensar na Ditadura Militar no Brasil, no autoritarismo e, mesmo, na extrema direita bolsonarista hoje em dia.
Para a grande maioria das pessoas, a vida em um regime autoritário é, bom, normal, entediante vox.com/the-big-idea/2…
Mar 10 25 tweets 5 min read
Os @lhdiniz e @dbelemlopes questionaram o porquê disso. Justo. Então vou explicar em termos gerais o porquê.
Dívida é um passivo para o governo, mas é um ativo para firmas e famílias. Isso porque, por uma razão muito óbvia, se o governo toma emprestado, alguém tem que emprestar. E aí, cabe sempre a pergunta: Por que as pessoas emprestariam a um governo? Ora, porque o governo, dentro de uma economia doméstica, em geral (não sempre), é a instituição mais sólida e com maior capacidade de pagar. Bem ou mal, um Estado tem o monopólio da violência, como bem
Mar 2 4 tweets 1 min read
A verdade é que o período de 1994-2009 foi excepcional no Brasil. Foi o período mais democrático, foi o período em que mais incluímos pessoa, foi o único período em que tivemos crescimento elevado sem pressões inflacionárias duras e aumento da desigualdade. (+) Parte disso foi sorte, entre 1998 e 2008 o Brasil se beneficiou enormemente de aumentos de preços nas commodities e com a entrada da China na OMC em 2006. Mas parte também se deve a políticas públicas. Políticas estas implementadas nos governos psdbistas e petistas, e que duram,
Mar 2 14 tweets 3 min read
Tem gente séria como o @fsaesilva e o @dbelemlopes criticando essa fala. Eu realmente acho que ela foi mal formulada, mas o Alex pode estar certo. Ele está certo? Depende, o buraco é um pouco mais embaixo (+) A primeira coisa que as pessoas têm que entender é o referencial que o Schwartsman tá usando para essa afirmação.
Ele está usando um referencial novo keynesiano, que é o usado por 99,9% dos Bancos Centrais e é o benchmark da ortodoxia na macroeconomia.
Feb 29 43 tweets 8 min read
Vamos, mais uma vez, por partes dessa vez de forma mais detalhada:
- "Defender pautas conservadoras não é ser conservador"
Não, não é a mesma coisa. Ser conservador é se identificar com a macroideologia do conservadorismo, o que significa dialogar com linhagens intelectuais (+) agentes políticos específicos, partidos, organizações. E aqui eu to usando a definição mais simples. for dummies, de ideologia. Se vocês quiserem algo que resolva esse problema de definição, recomendo o Michael Freeden (que é um autor liberal, diga-se de passagem), ele tem livros
Feb 18 31 tweets 8 min read
A Folha de São Paulo pediu pros seus colunistas de economia escolherem 10 livros que acham que vão ser fundamentais para compreender a economia brasileira em 2024 e eu achei a iniciativa bem legal, então resolvi escolher também 10 livros que eu acho importantes pra 2024🧶 1- Decadent Developmentalism de Matthew M. Taylor.

O livro é fundamental em um ano em que vamos retomar efetivamente a política industrial brasileira. Política Industrial, como mostra a pesquisa recente, é extremamente dependente do contexto e do arcabouço institucional em que Image
Feb 5 10 tweets 2 min read
Tem todo um ecossistema de influencers a jornalistas mais "alternativos" que cresceram nas redes sociais durante a pandemia e viveram o hype de hiperpolitização causada pelo caos do bolsonariso e o isolamento que simplesmente não sabem mais o que fazer de conteúdo agora... (+) A grande questão é a seguinte, a vida em regimes autoritários, por uma falta de palavra melhor, é entendiante para a maioria das pessoas, como apontou o professor Thomas Pepinsky. No caso do bolsonarismo isso não ocorreu entre as elites intelectuais e vox.com/the-big-idea/2…
Jan 31 50 tweets 12 min read
Eu não espero nada do Gustavo, não é como se ele entendesse alguma coisa do assunto e faz esse tipo de crítica pela crítica a la gerador de lero lero para ganhar ibope, afinal, é o que paga as contas dele. Mas, sendo ele um influencer, é importante combater a desinformação aqui🧶 Image Antes de mais nada, eu não estou fazendo isso para arranjar treta, inclusive vou enviar para colegas e amigos do PCB-RR no privado justamente para não ter troll que venha de anticomunismo tosco aqui.
Jan 19 41 tweets 13 min read
A China é um país que sistematicamente arrochou o salário dos trabalhadores e aumentou o custo de vida deles para criar zonas produtivas.
Além disso, ela incentivou via ausência de Estado de Bem Estar Social uma taxa média de popuança familiar de 50% que usa, via controle do + sistema financeiro, para sustentar os investimentos em capital e a dívida pública.
Eu sempre acho curioso ver gente que se entende como progressista no Brasil defendendo a China, especialmente os mesmos que lutaram contra o governo Temer e Bolsonaro.
Jan 15 42 tweets 8 min read
A Folha publicou no fim de semana duas colunas que são atentados ao básico do básico de ciência política, uma da Lygia Maria e outra do Pondé.
A da Lygia é trivial de responder: o argumento não tem pé nem cabeça. Independente da legitimidade do impeachment de Dilma, se foi golpe
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ou não, certamente o argumento "mas veja só, tem membros da coalizão que apoiaram e participaram do Impeachment, logo, o PT não vê como golpe! Portanto, ipso facto, não foi golpe"
Tem duas formas de demonstrar que esta é uma proposição completamente, extremamente, falha.
Jan 14 5 tweets 1 min read
Gente, é muito simples:
1- No Brasil há segregação racial além da renda: em boa parte das maiores cidades do país, negros com renda alta tendem a morar mais perto de negros de renda mais baixa que de brancos com a renda alta.
2- Houve exclusão formal da população negra. O mercado habitacional foi historicamente marcado pela expulsão de negros das áreas centrais no Rio, em especial nas Reformas de Pereira Passos e nas expulsões na gestão de Carlos Lacerda e Negrão de Lima.
3- Negros são subrepresentados na política, isso significa que conseguem pleitear
Mar 12, 2023 16 tweets 3 min read
Felipe não entende o que é a democracia então a gente explica.
Em primeiro lugar, monarquia não se opõe à democracia, por definição. O oposto de monarquia é república, neste contexto. Monarquias podem ser democráticas, caso do Japão, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Suécia, Dinamarca e por aí vai. Podem também não ser democráticas, caso da Arábia Saudita, e tantas outras ao longo da história. Repúblicas podem ser democráticas, caso dos EUA, Brasil, Argentina. Mas podem não ser democráticas, caso da China e da Coreia do Norte.
Feb 18, 2023 5 tweets 2 min read
Eu não gosto do tom do Alex, já briguei com ele aqui inclusive. Mas isso não escusa a Cristina Serra. É legítimo que ela tome um lado, o que é questionável é sua atitude profissional. Apurar é dever do jornalista, as atas do COPOM são públicas e de fácil acesso, não precisam de "arquivista", basta entrar em bcb.gov.br/publicacoes/at…
E lá estão disponíveis todas, desde 1999.
Ela tem direito de ser petista, de ter votado no Lula e feito campanha contra a barbárie. O que ela não pode é passar uma informação falsa sem apurar. E esta é facilmente apurável,
Feb 15, 2023 26 tweets 11 min read
Vamos ver se eu consigo ajudar uma galera aqui. A grande questão da briga da taxa de juros e autonomia do Banco Central tem a ver com as disputas internas do Partido dos Trabalhadores. E tem a ver com o inimigo número 1 do Eduardo Suplicy, o dr. Aloizio Mercadante. Mercadante foi peça chave na campanha de Lula à presidência, mas foi escanteado. Considera sua indicação à presidência do BNDES uma ofensa porque se considera isolado no Rio, longe do centro de poder em Brasília. Além disso, o BNDES desde o governo Temer vem perdendo espaço como