João Eigen Profile picture
Escritor; Mestre em ciência política (UFSC); Advogado; Youtuber; Colunista na @RevistaEsmeril; Vídeos e artigos na Linktree⬇️
Sep 11 8 tweets 6 min read
Em 22 de setembro de 1939, uma marcha militar ocorreu na cidade polonesa de Brest-Litovsk: nazistas e comunistas soviéticos celebraram a conquista da Polônia.

Fruto do tratado entre Stálin e Hitler, os soldados compartilharam os espólios do país invadido.

Segue o fio🧵 Image Quando a inavasão nazi-soviética da Polônia começou em 01 de Setembro, a blitzkrieg mostrou sua eficiência: os alemães chegaram em menos de duas semanas a Brest-Litovsk, no dia 13 de setembro.

Os poloneses não gostavam muito dos nazistas, que os viam como inferiores, mas a chegada dos soviéticos a cidade apenas 5 dias depois, em 18 de setembro, não era tranquilizadora. Apenas uma geração anterior, os poloneses resistiram à uma invasão soviética do país na guerra polaco-soviética de 1919. Naquela ocasião, os invasores soviéticos foram repelidos, mas agora retornavam - aliado aos nazistas.

Entre os nazistas e comunistas, a população não sabia em quem confiar, então tentaram agradar ambos. A relação dos civis com os nazistas e comunistas e seus relatos nos mostram como esses dois exércitos se relacionavam: como amigos fraternais.

(Soldados nazistas, à esquerda, confraternizando com soldados soviéticos, à direita, em Brest-Litovsk)Image
Sep 7 8 tweets 3 min read
Este é Vann Nath, artista cambojano e um dos 7 sobreviventes da prisão mais assassina da história: S-21.

Nath pintou toda a crueldade assassina dos comunistas, e imortalizou o genocídio cambojano na tela.

Segue o fio de sua arte (imagens sensíveis) 🧵 Image Bebê sendo retirado de sua mãe, enquanto é açoitada. Até mesmo bebês de “inimigos do povo” ou “burgueses” eram alvos de punição ou execução. Image
Sep 4 10 tweets 8 min read
Kang Kek Iev – o "camarada Duch" – foi um brilhante matemático que se perdeu na pior droga: o marxismo.

Duch ingressou nas fileiras do Khmer Vermelho e se tornou o chefe da prisão mais mortífera da história: a S-21.

Segue o fio de seus crimes chocantes (imagens sensíveis)🧵 Image Kang Kek Iev nasceu em 1942, em Kampong Thom, numa família de origem sino-cambojana. O menino franzino logo se destacou pelo talento para os estudos, especialmente a matemática. Diferente das outras crianças da aldeia, ele passava horas resolvendo problemas numéricos, cultivando uma disciplina fria e metódica. Professores o descreviam como um aluno brilhante, reservado e obcecado pelo aprendizado. Esse perfil solitário e austero o afastava de uma infância comum: Kang era lembrado por seus amigos de infância que sobreviveram não por brincadeiras ou afeto, mas pela seriedade precoce.

Seus estudos o levaram a capital Phnom Penh, avançou seus estudos em matemática e francês, tornou-se professor de matemática e ganhou a reputação de ser exigente e severo com os alunos. No mesmo período, começou a mergulhar em leituras políticas e nas ideias revolucionárias que circulavam no país, atraído pelo marxismo-leninismo e pela promessa de revolução.

A ordem dos números e da ideologia começaram a se fundir em sua mente: a matemática teria que servir à revolução.

(Foto de Kang Kek Iev quando jovem)Image
Sep 1 9 tweets 7 min read
O culto à personalidade de Mao Tsé-tung foi insano: acreditava-se que suas palavras curavam o câncer, salvavam marinheiros, faziam cegos voltarem a enxergar e faziam as vacas produzirem mais leite.

Segue o fio da demência comunista levada à máxima potência🧵 Image O livrinho Vermelho do "Grande Timoneiro" Mao Tsé-tung, o ditador genocida e comunista, tornou-se uma sensação insana na China, onde todos os cidadãos deveriam lê-lo e decorá-lo para que suas vidas fossem agraciadas com a "grande sabedoria" do líder.

O Livro Vermelho era, essencialmente, um compilado de aforismos e citações de Mao sobre vários temas, mais especificamente como ser, pensar e lutar como um revolucionário. As pessoas passaram a utilizá-lo em uma variedade de situações que soam absurdas e milagrosa.

Estes casos, todos relatados na mídia estatal chinesa da época, demonstram a lavagem cerebral comunista a todo vapor.

(Trabalhadores chinesas com seus inúteis livrinhos vermelhos)Image
Aug 29 8 tweets 5 min read
Em 1980, um professor de filosofia decidiu declarar guerra ao governo peruano e impedir a redemocratização. Ele fundou uma guerrilha comunista que se tornou tão brutal que nem mesmo crianças foram poupadas.

Segue o fio da horrenda história do Sendero Luminoso🧵 Image Em 1980, o Peru vivia o fim de uma ditadura militar e o começo de sua redemocratização - uma boa notícia para todos.. menos para um professor de filosofia da Universidade San Cristóbal de Huamanga, Abimael Guzmán.

Professor especializado no pensamento idealista de Immanuel Kant, Guzmán havia se radicalizado no pensamento comunista de Mao Tsé-tung e achou que o maoísmo seria aplicável ao Peru como medida de luta revolucionária. O anúncio das primeiras eleições em 20 anos o levou a declarar guerra ao Estado paruano e fundar uma guerrilha comunista.

Seu nome? Sendero Luminoso - O Caminho Iluminado, inspirado nos trabalhos do filósofo comunista peruano José Carlos Mariátegui.

(Militantes do Sendero fazendo exercício de força em frente à uma arte de propaganda com o rosto de Guzmán)Image
Aug 21 9 tweets 7 min read
Em 1934, o ditador fascista Benito Mussolini tomou a decisão mais importante de toda a sua vida: a Itália invadiria a Etiópia para consolidar seu império colonial.

A invasão da Etiópia foi tão brutal e horripilante que se tornou o começo do fim do fascismo.

Segue o fio🧵 Image A Itália fascista sentia-se inferior por sua economia atrasada e pela ausência de colônias, algo que a tornava uma "nação proletária", na terminologia do ideólogo fascista Enrico Corradini. A derrota na Batalha de Ádua (1896), contra a Etiópia, a primeira vitória africana sobre um exército europeu em décadas, intensificou a humilhação nacional.

Corradini, em 1911, defendeu que nações proletárias como a Itália deveriam superar potências “plutocráticas e capitalistas” como Inglaterra e França. Isso inaugurou no fascismo a necessidade urgente de conquistar suas colônias, exorcizar o "fantasma de Ádua" e provar ao mundo que poderia ser uma potência tão formidável quanto a Inglaterra e a França.

Ainda mais, Mussolini e Corradini diriam que a invasão da pobre e árida Etiópia era uma questão de "justiça internacional": se a Inglaterra e a França podiam ter colônias e explorá-las, por que não a Itália? Essa suposta injustiça na balança do poder geopolítico mundial tinha que ser sanada.

Tudo isso levou à fatídica decisão em 1934.

(O importante ideólogo do imperialismo fascista, Enrico Corradini)Image
Aug 13 9 tweets 7 min read
Esta é a insígnia nazista do Dia do Trabalho - Tag der Arbeit - com a foice e martelo.

Ao contrário da crendice popular, Hitler não se apropriou do feriado para "enganar trabalhadores" - fez isso porque era socialista.

Segue o fio explicativo🧵Image O maior e mais difundido erro histórico acerca da visão de mundo de Hitler está relacionado ao seu peculiar socialismo - o socialismo ariano - e à sua relação com o internacionalismo. Uma enorme parcela dos historiadores que se debruçou sobre o assunto foi incapaz de compreender a Weltanschauung hitlerista - alguns até afirmaram que não era necessário! -, motivo pelo qual jamais entendeu os verdadeiros motivos por trás de algumas políticas do Terceiro Reich, como a apropriação do “Dia do Trabalho”. Vamos explicar sob o ponto de vista de Hitler.

A verdade é que Hitler, embora tenha simpatizado com o marxismo entre 1918-1919, largou-o de vez para se firmar como um socialista nacional, e sua proposta política, desde o início de sua carreira como um nazista em 1920, era o de "nacionalizar a classe trabalhadora" (Thomas Weber, Tornando-se Hitler, capítulos 4 e 5).

Entender por que uma de suas principais preocupações era com nacionalizar a classe trabalhadra somente pode ser entendida verificando o que Hitler pensava da burguesia e o proletariado.

Vamos lá.

(Hitler a caminho de Lustgarten no primeiro Dia do Trabalho do regime nazi, em 1933)Image
Aug 11 9 tweets 7 min read
No início da Guerra da Coreia, o governo americano traçou um plano que poderia mudar o curso da história: destruir os comunistas chineses de Mao Tsé-tung com bombas atômicas.

Por que não aconteceu? E por que o general MacArthur foi demitido?

Segue o fio🧵 Image Em junho de 1950, a Guerra da Coreia começou, e o então presidente Harry Truman - que havia tomado a decisão de soltar as duas bombas atômicas no japão em 1945 - suspeitou de envolvimento soviético por trás da invasão norte-coreana na península.

Em 25 de junho, durante uma reunião na Blair House, Truman perguntou a Hoyt Vandenberg, chefe da Força Aérea, sobre atacar bases soviéticas com bombas atômicas. Truman ordenou planos para um ataque atômico caso a URSS entrasse no conflito, e o exército americano ficou em alerta máximo, porque os soviéticos haviam feito seu primeiro teste atômico bem-sucedido há apenas um ano antes, em agosto de 1949. A possibiliade de uma guerra atômica havia se tornado real.

Contudo, nesse momento, todo o alto-escalão militar americano, incluindo o famoso general MacArthur, comandante do Extremo Oriente, não pensavam em ações militares, muito menos atõmicas, contra a China comunista de Mao - que havia chegado ao poder no ano anterior, em 1949.

Isso mudaria rapidamente.

(Foto do jovem e recém-proclamado líder da Coreia, Kim Il-sung, financiado por Stálin e que iniciou a guerra da coreia ao avançar sobre a parte sul da península)Image
Aug 4 11 tweets 8 min read
Em 1994, uma bomba literária foi publicada: as memórias e relatos do médico pessoal de Mao Tsé-tung.

O livro mostrou ao mundo quem realmente era Mao: um pedófilo, estuprador e pervertido viciado em poder e sexo.

Segue o fio dos nojentos relatos sobre o verdadeiro Mao🧵 Image Li Zhisui foi um homem que dedicou sua vida à medicina e a ajudar os desafortunados. Seu trabalho medicinal, especialmente durante a invasão japonesa e guerra civil, o destacaram como médico, motivo pelo qual, em 1957, foi apontado como o médico pessoal do ditador chinês Mao Tsé-tung.

A saúde de Mao, então com 64 anos, começava a mostrar as consequências de uma vida de excessos, os quais ele não deixaria de praticar até sua morte. Li Zhisui, nessa condição, foi privilegiado em acompanhar Mao de 1957 até sua morte em 1976, e aproveitou para escrever um diário sobre o que presenciou e ouviu nesse período.

Em 1989, Li Zhisui, sua esposa e filhos migraram para os EUA e foi lá que ele se sentiu seguro para enfim publicar o que mantinha em segredo há mais de 20 anos. O resultado foi o livro "The Private Life of Chairman Mao: The Memoirs of Mao's Personal Physician". As revelações foram tão dramáticas e repugnantes que até hoje o Partido Comunista Chinês trata o livro como uma obra de ficção engendrada por inimigos do regime. Mas, independente do que o PCC acha, os relatos são reais.

(Li Zhisui e Mao Tsé-tung)Image
Aug 1 11 tweets 9 min read
No Natal de 1989, a Romênia conquistou sua liberdade com o maior presente de sua história: Nicolae Ceaușescu e Elena Petrescu, ditadores comunistas, foram julgados por um tribunal popular, condenados à morte e fuzilados.

Segue o fio do mágico natal que acabou com o comunismo🧵 Image A Romênia caiu sob a Cortina de Ferro logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, e se tornou um satélite soviético comandado por uma nova elite comunista corrupta. O seu líder máximo, histriônico e internacionalmente famoso, era Nicolae Ceaușescu.

A família de Ceaușescu comandou a nação com punho de ferro, fechando-a para o mundo e, através de sua temida polícia política, a Securitate, silenciou e matou milhares de dissidentes políticos. O reinado de comando e terror de Ceaușescu, contudo, começou a ruir no final dos anos 80 conforme o Muro de Berlim se dirigia ao colapso.

Na manhã gelada de 21 de dezembro de 1989, Nicolae Ceaușescu sobe à varanda do Comitê Central do Partido Comunista Romeno, na capital, Bucareste. Diante 80 mil pessoas espremidas na Praça Palatului, em sua maioria operários e servidores públicos convocados à força por comitês locais, o ditador espera mais um ato de reafirmação de poder — como tantos que organizou nas últimas duas décadas. Mas o cenário muda em segundos. Algo radical aconteceria naquele dia.

(Ceaușescu dando seu último e fatídico discurso em 21 de dezembro de 1989, que foi televisionado)Image
Jul 21 9 tweets 6 min read
O que começou como um rumor foi confirmado: Josef Stálin, aos 35 anos, seduziu, abusou e engravidou uma menina de 13 anos, Lídia Pereprygina. Sim, Stálin foi um predador sexual e pedófilo.

Segue o fio de como esse crime horrendo foi revelado ao mundo🧵 Image O ano é 2007, e o renomado historiador britânico Simon Sebag Montefiore acabara de lançar o seu último livro: O Jovem Stálin.

O livro traz consigo uma revelação bombástica: Simon afirma que, aos 35 anos, Josef Stálin havia seduzido e abusado sexualmente de Lídia Pereprygina, então com 13 anos. Lídia havia engravidado de uma criança que Stálin nunca reconheceu. Pior ainda: esse caso foi acobertado durante toda a vida de Stálin.

Como Simon encontrou as provas de sua acusação? Vamos ver.Image
Jul 7 10 tweets 8 min read
No século XX, os comunistas russos, liderados por Lênin e depois Stálin, criaram o império mais satânico e anticristão da história.

Segue o fio da brutal e sanguinária repressão anticristã na União Soviética🧵 Image O golpe de outubro de 1917 marcou o início da campanha bolchevique contra o Cristianismo Ortodoxo, visto como aliado do tsarismo. O marxismo-leninismo considerava a religião um obstáculo ao socialismo e o Decreto de 1918 emitido por Lênin separou Igreja e Estado, possibilitando o confisco de propriedades eclesiásticas. Sacerdotes foram presos, igrejas profanadas, e mosteiros fechados à força.

A Cheka - a primeira polícia política soviética - monitorava, prendia, torturava e matava freiras e clérigos para neutralizar sua influência na nova sociedade igualitária.

Para se ter uma ideia, apenas em 1922, a campanha de confisco de valores resultou na retirada de 28 toneladas de prata e ouro de igrejas, sob pretexto de combater a fome - mas que na verdade foi utilizada para financiar o exército vermelho e a Cheka. Como a Rússia era majoritariamente cristã, resistência popular se tornou comum, onde fiéis tentavam proteger catedrais e principalmente as freriras - alvos frequentes de estupros.

A propaganda ateísta, em simbiose com os símbolos comunistas, tornou-se onipresente ao substituir os crucifixos e demais símbolos da ortodoxia.

(Felix Dzerzhinsky, ao centro, líder da Cheka, a polícia secreta de Lênin)Image
Jun 25 8 tweets 6 min read
Se a Coca-Cola é americana, então a Pepsi era soviética. Por causa de uma engenhosa estratégia de marketing, a Pepsi se tornou a bebida mais consumida em toda a União Soviética.

Segue o fio de como a Pepsi conquistou a Cortina de Ferro, e chegou a ser paga em... submarinos?!🧵 Image Tudo começou em 1959. Para tentar melhorar o clima entre os dois países, o então presidente americano Eisenhower propôs e Nikita Khrushchev topou uma Exposição Internacional entre os dois países, onde cada um mostraria o que tinha de melhor a oferecer.

Em Moscou foi aberta a American National Exhibition, onde os EUA entre muitas outras coisas mostraram uma casa de classe média, com todos os eletrodomésticos da época.

Isso gerou uma grande discussão entre Khrushchev e o então Vice-Presidente dos EUA, Richard Nixon. Khrushchev simplesmente não aceitava que aquela era uma casa real.

Quando Khrushchev começou a suar e bufar, um sujeito perguntou se ele não aceitaria tomar um refrigerante no stand ao lado. O sujeito era um jovem executivo, Donald M. Kendall, chefe das operações internacionais da Pepsi. Chegando no Stand ele deu o copo ao Premier Soviético, que bebeu. Imediatamente Kendall perguntou se Khrushchev gostaria de provar uma Pepsi feita com água de Moscou, e não água americana. Khrushchev topou e declarou feliz que a Pepsi russa era muito melhor.

A foto do momento em que Khrushchev bebia a Pepsi correu o mundo e estrelou a campanha da empresa, “Os Sociáveis Bebem Pepsi”, fazendo o trocadilho com socialistas.

Com esse primeiro pé no país, Kendall começou longas e intermináveis negociações para fabricar e vender Pepsi localmente. Ele só conseguiu isso em 16/11/1972, mas havia um pequeno problema.

(A famosa foto de Khrushchev bebendo uma Pepsi na American National Exhibition; logo ao lado, encarando-o, é o então vice-presidente Nixon)Image
Jun 23 10 tweets 10 min read
O médico que se tornou símbolo dos horrores nazistas em Auschwitz e seu improvável fim numa praia brasileira: Josef Mengele.

Segue o fio mais completo da infame e estranha vida do "Anjo da Morte". Image Joseph Mengele nasceu em 16 de março de 1911 em Günzburg, uma pacata cidade bávara, filho mais velho de Karl e Walburga Mengele. A família, de origem suábia, era a mais influente da região, com Karl liderando uma próspera fábrica de máquinas agrícolas.

Mengele cresceu em um ambiente de riqueza e privilégios. Sua infância foi marcada por saúde frágil, com frequentes resfriados que o isolavam de outras crianças, limitando sua socialização e interesse por esportes coletivos. Ele compensava com atenção materna; Walburga, uma católica devota e disciplinadora rígida, era adorada por ele, enquanto seu pai, um patriarca autoritário, recebia apenas admiração distante.

Essa dinâmica familiar moldou um jovem ambicioso, mas solitário, que rejeitou o negócio da família para perseguir aspirações intelectuais. Já na adolescência, conhecido como “Beppo”, destacava-se como estudante patriótico e agressivo, com sonhos de grandeza científica. Sua inclinação precoce para a medicina surgiu em parte como uma forma de superar sua fragilidade física e afirmar sua individualidade.

Aos 19 anos, ao ingressar na Universidade de Munique, Mengele já exibia traços de vaidade, com charme social e habilidades de dança que atraíam mulheres, mas também uma frieza emocional que o distanciava de relações profundas. Seu interesse por “ciência racial” começou a se formar nesse período, influenciado pelo fervor nacionalista e antissemita que agitava a Alemanha pós-Tratado de Versalhes.

A semente do nazismo já encontrava solo fértil em sua mente, embora sua adesão formal ao movimento viesse mais tarde.

(Foto de Mengele quando criança)Image
Jun 16 10 tweets 10 min read
Sionismo é nazismo? Israel é um Estado nazista? E os infames Acordos de Haavara?

Há muita confusão — e má-fé — nesse assunto, e, diante da nova guerra entre Israel e Irã, é necessário compreendê-lo.

Segue o fio explicando a verdadeira relação entre o sionismo e o nazismo🧵 Image Primeiramente, é preciso dizê-lo: Esta thread é extensa e completa. Ela é baseada em três livros - os mais importantes sobre o assunto:

1) Lenni Brenner - Zionism in the age of dictators; e
2) Edwin Black - The transfer agreement: The dramatic story of the Pact between the Third Reich and Jewish Palestine;
3) Francis R. Nicosia - Zionism and Anti-semitism in Nazi Germany.

Se suas opiniões discordam desta thread, então muito provavelmente você está errado e precisa estudar repensar o assunto. Este assunto é sensível e deveras importante para sofrer distorções e erros apenas para satisfazer preconeitos pessoais.Image
Jun 11 9 tweets 6 min read
O TERROR ATRAVÉS DO ESTILO: Como a Hugo Boss cresceu confeccionando os emblemáticos uniformes do Terceiro Reich.

Segue o fio sobre a famosa empresa fundada por Hugo Ferdinand Boss, conhecido como o "estilista da morte"🧶Image Fundada em 1924 por Hugo Ferdinand Boss em Metzingen, a Hugo Boss começou como uma pequena fábrica têxtil, empregando 20-30 costureiras para produzir camisas e jaquetas tradicionais. Hugo, herdeiro de uma loja de lingerie, abriu a empresa com apoio de dois fabricantes locais.

Um dos primeiros contratos foi com Rudolf Born, de Munique, para camisas marrons da SA, as "tropas de choque" nazistas e símbolo de disciplina, embora Hugo talvez não soubesse do propósito político. A estética marrom evocava força e unidade, alinhada à propaganda do Partido Nazi (PNSTA).

A crise de 1929 quase levou a empresa à falência, mas negociações com credores a salvaram. Em 1931, para poder continuar operando, Hugo se filiou ao PNSTA, alegando necessidade de encomendas para sobreviver. Financeiramente, a filiação garantiu contratos de uniformes, enquanto a estética nazista começava a moldar a produção. A Hugo Boss, ainda pequena, via no regime uma chance de estabilidade e crescimento.

(Foto colorida de Hitler e os nazistas em seus uniformes marrons confeccionados pela Hugo Boss)Image
Jun 9 10 tweets 6 min read
Uma das cineastas mais inovadoras do século XX, Leni Riefenstahl usou seu talento para transformar o cinema alemão em arma de propaganda nazista.

Brilhante e controversa, foi amiga pessoal de Hitler e moldou a estética do regime.

Segue o fio de sua polêmica carreira🧶 Image Nascida em Berlim em 22 de agosto de 1902, Riefenstahl iniciou sua longa e extraordinária carreira como dançarina interpretativa. Após uma lesão no joelho interromper temporariamente sua vocação, ela se encantou com as possibilidades do cinema, especialmente dos filmes sobre a natureza.

Tornou-se estrela de vários filmes mudos do diretor alemão Arnold Fanck, geralmente ambientados nos Alpes (os chamados Bergfilme), nos quais a jovem Riefenstahl aparecia como a protagonista atlética e destemida.

(Uma jovem Riefenstahl)Image
Jun 3 10 tweets 5 min read
Karl Marx disse que descobriu as leis científicas da economia.

O valor vinha do trabalho.

O lucro era roubo.

Apenas o planejamento central poderia construir uma sociedade justa.

Mas quatro economistas austríacos — Menger, Böhm-Bawerk, Mises e Hayek — destruíram sua teoria🧶 Image Marx disse que o valor vem do trabalho.

Carl Menger disse: o valor vem de nós.

Em Princípios de Economia (1871), ele mostrou que o valor é subjetivo. Depende das preferências dos indivíduos — variando entre pessoas, lugares e momentos.

Um violino é inestimável para um músico, mas sem valor para outra pessoa. Comida vale mais para quem está faminto do que para quem está saciado.

O trabalho não determina o valor.

As necessidades humanas sim.Image
Jun 2 9 tweets 8 min read
HITLER versus STÁLIN: amor ou ódio?

Embora tenham guerreado até a morte, ambos os ditadores tinham opiniões ambíguas um sobre o outro. Siga a thread para descobrir as inusitadas e impressionantes opiniões do Führer sobre o ditador soviético🧶Image Embora Hitler nunca tenha deixado de apontar publicamente o caráter "judaico" da União Soviética, suas impressões sobre Stálin foram se transformando com o tempo.

Em 1928, Hitler escreveu no seu "Segundo Livro" que havia a possibilidade de que Stálin não era o representante dos interesses judaicos, mas havia eliminado os judeus e agora seguia uma política nacionalista russa na tradição de Pedro, o Grande. Ele escreveu:

"No entanto, é concebível que na própria Rússia possa ocorrer uma mudança interna dentro do mundo bolchevique, na medida em que o elemento judaico talvez pudesse ser afastado por um elemento nacional russo, mais ou menos definido. Nesse caso, também não se poderia excluir que a atual Rússia judaico-capitalista-bolchevique pudesse ser levada a adotar tendências nacionais e anticapitalistas".

Capitaneando esta mudança, estava Stálin - que não possuía ascendência judaica -, que havia assumido o poder absoluto no Estado soviético após a morte de Lênin.

(Stálin em 1928)Image
May 26 10 tweets 9 min read
As Crianças dos Campos de Morte: as memórias sombrias de uma menina de 8 anos no genocídio cambojano.

Segue o relato de Sopheap K. Hang, uma sobrevivente do KhmerVermelho (aviso: contém relatos e imagens sensíveis)🧶Image Quando eu era uma criança pequena, perguntei à minha mãe por que não podíamos brincar na varanda da frente. Ela me olhou não com raiva, mas com um olhar assustado e temeroso. Eu não entendia por que minha mãe agia daquele jeito. Ela se virou para nós, crianças, e disse: “Não saiam para brincar esta semana. Fiquem dentro de casa para que eu possa vigiar todos vocês, está bem?” Todos nós assentimos com a cabeça. Eu e minhas duas irmãs mais novas, Makara e Sophear, olhamos para nossa mãe com uma expressão de dúvida.

Na manhã seguinte, ouvi barulhos altos vindo da rua. Olhei pela janela. Vi um jipe com três soldados. Depois vieram quatro ou cinco outros caminhões, cheios de jovens soldados carregando armas e acenando bandeiras brancas, gritando: “Vitória! Vitória! Vitória!”

Em um instante, ouvi tiros — BANG! BANG! BANG! — vindo do jipe da frente. Um soldado se levantou com sua arma apontada para o céu. Ele disparou um tiro porque queria chamar a atenção das pessoas. Um anúncio foi feito pelo megafone: “O Camboja precisa ser reconstruído. Precisamos que os cidadãos do Camboja deixem suas casas por alguns dias. Precisamos de tempo para restabelecer o novo governo para uma maior prosperidade. Vocês precisam sair AGORA!” BANG! BANG! Um homem foi baleado.

(Cadres do Khmer Vermelho invadindo Phnom Pehn em 1975)Image
May 15 8 tweets 5 min read
Você certamente já ouviu falar da famigerada recusa que Hitler recebeu da Escola de Belas Artes de Viena - mas não sabe tudo.

Segue o fio das duas reprovações que mudaram o curso da história mundial🧶Image Em 1907, Adolf Hitler e seu único amigo de juventude, August Kubizek, mudaram-se para Viena a fim de perseguir suas carreiras artísticas.

Kubizek, um talentoso músico, conseguiu uma vaga para se tornar um pianista no conservatório musical de Viena. Segundo Kubizek, Hitler era um diletante e ocioso jovem sonhador que, embora praticasse desenho até altas horas da noite, raramente possuía a disciplina e a rotina de treinos necessária para se tornar um grande pintor.

Hitler, contudo, julgava-se um excelente pintor, e se candidatou a um posto na famosa Escola de Belas Artes de Viena em outubro de 1907.

(Foto da Universidade de Viena em 1907)Image