Ando chatona aqui reclamando de tudo, mas acho que não explique direito ainda, de forma organizada, o tratamento que tô fazendo né

Eu estou cuidando de um câncer de tireoide, do tipo mais comum: carcinoma papilífero

Vamos supor que meu pescoço seja um mamão papaya E esse mamão papaya tá com pontos de mofo

O que a gente faz é cortar fora a parte mofada e comer o resto, né? O que todos os especialistas mandam fazer é jogar a fruta toda fora, pq se já tá com um ponto visível de bolor significa que ela tá toda contaminada microscopicamente

Prometi que não seria daquelas mães que jogam coisas fora sem perguntar, porque ficava super brava quando a minha mãe fazia isso

“Qual a dificuldade de não jogar minhas coisas fora?”, eu me perguntava

Agora estando do outro lado digo que é difícil pra cacete 😂

Olha isso: Isso aqui eu não posso jogar fora porque ele junta pra levar pra escola

(até aí tudo bem)

Lacan uma vez* falou que a relação de filiação só se dá na psique da criança a partir da incidência do Desejo Não Anônimo (dá até pra inferir um trocadilho com DNA rs)

O que seria isso? Resumidamente (quase grosseiramente), significa dizer que há uma particularidade necessária:

https://twitter.com/yoshiehiga/status/1726828689575301270

Não basta amar um ideal de filho. Um filho, uma criança. Aquela que segue um script, que vai bem na escola, é gentil, obediente, etc, qualquer coisa que caiba nesse ideal mais generalista. Tomar esse artigo indefinido “um filho”, “uma criança”, e se relacionar só com esse ideal.

Quando a gente fala coisas como “é preciso considerar o gozo nessa equação, é preciso olhar pra satisfação pulsional desse sintoma”, muitas vezes somos lidos como “você tá culpando a pessoa??? Você tá igual Nelson Rodrigues dizendo que mulher gosta de apanhar???” Desde sempre isso foi muito difícil na psicanálise. Quando Freud começou lá nos primórdios a dizer “veja bem, talvez exista um ganho secundário no sintoma” metade da galera reagiu com “olha lá sabia que essas histéricas eram tudo filhadaputa, safoda elas então, elas que querem”

Hoje a gente chegou um pouco mais cedo na escola. As crianças todas espalhadas no pátio correndo, olhando o lago, dando folha pro bode comer, se pendurando nas árvores

Deu a hora de subir e a prof apenas foi pro portão e começou a cantar “essa é a história da serpente” Imediatamente TODAS as crianças largaram o que estavam fazendo, correram pra pegar as mochilas e fizeram uma fila atrás dela pra subir

Três palavras e todo mundo correu sorrindo

A prof parecia uma encantadora de crianças, uma flautista de Hamelin. Eu fiquei impressionada.

aliás é tão bizarro isso de eu ter começado a trabalhar com 15

eu hoje vejo umas pessoas de 22, 23 anos e acho uns nenéns. mas eu com 17 já me enxergava adultona, eu honestamente acho que já tinha o mesmo senso de responsabilidade que tenho hoje em dia mas é como se só valesse pra mim

outras pessoas com 25/26 anos: BEBÊS

eu com 16/17: adulta responsável capaz igual uma pessoa de 40, sem diferença nenhuma

Eu era estagiária de psicologia num caps quando ouvi do supervisor institucional: “vocês estão contando isso aí como se fosse um obstáculo ao trabalho de vocês, como se fosse externo, mas esse acontecimento É o trabalho em si mesmo, é a própria natureza do trabalho” Tinha a ver com uma quebra de regras, e o caps era um caps ad. Então ele tava ali alertando a galera do caps que um usuário não obedecer as tais regras não era um problema do usuário que dificultava o fluxo de trabalho - era O PRÓPRIO trabalho, enfim.

Várias perguntas lá no meu cantinho parecidas:

“Livia, tô fazendo análise há um tempinho e já sei o que eu faço de sintomático e sei mais ou menos por que eu faço, mas não consegui deixar de fazer! Tá dando errado a análise?” Tem o clássico do Freud: recordar, repetir e elaborar. A gente tem topado bem a parte do recordar, tem vontade e disposição pra elaborar, mas a repetição a gente fica tentando pular, né?

Então vamo 1) existirmos a que será que se destina

2) cada ser tem sonhos à sua maneira

3) o quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de mim tão desigual

Ia reclamar de um negócio aqui mas ia parecer muito que eu sou essa pessoa mas como eu sei que cês são fofoqueiros e curiosos: porra cara, deixar a gente (eu e Pedro) esperando com prato na mão famintos diante de um buffet no restaurante pq tinha que tirar mil fotos pro insta antes de deixar os clientes presenciais se servirem eu achei meio chato

Tava conversando ontem com o conje que a gente casa novinho apaixonado iludido que o casamento é o jeito de ficar agarradinho na pessoa amada 24h/dia, dormir de conchinha e tal

E ao longo do tempo ele vai se transformando tanto, né? Tem horas que o casamento se torna basicamente uma sociedade mesmo, duas pessoas fazendo a gestão de uma instituição que precisa funcionar: a ~família

Dá um trabalho do cacete fazer uma família funcionar, é muita coisa pra planejar, executar, resolver, considerar

Grande parte do processo de amadurecimento é sair desse imbróglio “o que fizeram de mim”

Ninguém é responsável pela sua solidão não, só você mesma. Se quiser culpar alguém, culpa o capitalismo que nos faz trabalhar dezoito horas por dia. Culpa o neoliberalismo que nos tornou indivíduos - pior, indivíduos que competem entre si pelo básico

Agitada demais para dormir

Uns centavinhos aqui sobre análise:

- a análise depende essencialmente do que você fala. O único material possível de trabalho na análise é o que você leva pra ser discutido nela. Se quer que algum assunto seja elaborado é preciso que você fale sobre ele - essa fala é uma fala trabalhosa à beça, e quem trabalha é você. Falar sobre um tema x na análise não é simplesmente comunicar ao analista que você tem esse problema x e jogar a batata quente na mão dele.

Quando, num momento de crise como essa pandemia, a gente fica sem nenhum tipo de liderança confiável pra saber o que pode fazer com o mínimo de segurança, um dos efeitos é a moralização das nossas relações. Sai a política, entra a moral. Não tem instrução clara em nenhum lugar, tá todo mundo ao deus dará tentando inventar individualmente formas de estar seguro. Se a gente individualiza a questão, a gente acaba moralizando. Vira um jogo moral individual, na ausência de um pacto coletivo político, social.

Eu tô com esse hábito agora de ver sites de leilões antes de dormir e deu vontade de compartilhar os melhores piores momentos com vocês todos

Começando por essa oferta maravilhosa: sacola de papel da sendas, 10 reais Enorme vidro de perfume. Vazio. 30 reais.

@sorriapracamera eu perdi o seu tuíte perguntando do cardápio, tô há dois dias procurando e não acho hahahaha vou responder por aqui: eu gostei bastante, num geral. Óbvio que esqueci de cancelar depois dos sete dias e acabou cobrando a mensalidade hahahaha Mas: as receitas ficam ótimas, realmente funcionam. O cardápio é ótimo pra dar ideias que eu jamais teria, apesar de saber fazer as coisas (tipo muffin de legumes no lanche).

Pontos negativos: o cardápio semanal dela tem algumas repetições que pra mim não funcionam,

Sobre o vídeo psicanálise e políticas identitárias:

A fala dele, a que tava preparada, foi até interessante. Não falou de clínica, falou do social. Questionou a própria premissa da política identitária, já que não há representação que seja universal. E apontou que toda política é de algum modo identitária, justamente porque não há universal. O que foi tomado como universal - na política, na ciência - é a identidade cisheteronormativa branca. Sobre lugar de fala, propõe que não há lugar de fala potente sem lugar de escuta.

Thread com todas as comidas que já fiz na air fryer atendendo a inúmeros pedidos da minha timeline (total de 01 pedido):

1) Batata Gratinada
2) Peixe empanado
3) batata frita (não congelada)
4) churrasco 5) filé de coxa e sobrecoxa oriental
6) couve-flor crocante
7) pão francês gratinado
8) quiabo crocante

Meu filho ama a escola dele. Ama demais, adora os amigos, tem um vínculo maravilhoso com as professoras. É lá que ele brinca, é lá que vê amigos, é lá que aprende e cria. A escola empregava 30 pessoas. Hoje a escola acabou. O Ministério Público de Sergipe definiu que as escolas privadas de ensino infantil não podem mais cobrar mensalidades, pela impossibilidade de prestação de serviços educacionais. Já que não existe EAD pra crianças não alfabetizadas, obviamente. Porém: não há subsídio algum.

Vendo essa pira do papel higiênico há dias sem entender por que o fetiche nesse objeto específico.

Aí agora caiu a ficha de um texto do Lacan que li séculos atrás, ele fala que uma das marcas mais paradigmáticas de civilização é o sistema de esgoto e o manejo dos excrementos. Diz basicamente que começamos a ser civilizados quando começa a gestão coletiva e combinada dos próprios excrementos.

De repente esse lance aí do papel higiênico é uma tentativa desesperada de se manter civilizado em meio ao risco do mundo tal como conhecemos ruir.