Assim: eu não sei se o Zanin vai ser um ministro bom ou ruim nem me atrevo a fazer previsões (todo mundo errou seus diagnósticos sobre o Xandão, por exemplo).

Mas acho que a gente precisa urgentemente parar de bancar os guardiões de uma vaga moralidade e olhar pra política real. Dêem uma olhada no contexto brasileiro atual: Lira e sua tropa de parasitas estão de garfo e faca esperando para jantar o executivo, e a única coisa que impede um golpe parlamentar aos moldes de 2015/2016 é o STF.

Estou encantado pela contrainterpretação que esse livro do Florent Gabarron-Garcia traz a respeito do suposto pessimismo cultural freudiano (e sua antipatia pelo comunismo) presentes em "O futuro de uma ilusão" e "O mal-estar na civilização". Freud morre às vésperas da Segunda Guerra Mundial, que arrebenta a cena psicanalítica; a Inglaterra, onde ele havia se exilado, vira o polo da psicanálise mundial.

Com isso, as interpretações predominantes do pensamento freudiano são as inglesas. E isso dura bastante tempo.

Transitivismo é um conceito emprestado da psiquiatria do século XVIII e repaginado pelos psicanalistas para nomear certo processo de constituição da alteridade cujos movimentos são facilmente identificáveis na infância. O exemplo clássico desse fenômeno é o da criança que cai no chão e rala o joelho; uma segunda criança, ao ver a cena, começa a chorar, aponta a dor em seu próprio joelho, depois relatará que foi ela a cair e não seu coleguinha. E é verdade - naquele momento, aquela outra era ela.

Eu já vi muita gente bem informada e com posições críticas à lógica neoliberal endossando a acusação de que a psicanálise é pseudociência, charlatanismo e outros adjetivos pouco elogiosos - nutridos, em grande parte, por aquela caduquíssima classificação do Popper. Nem vou entrar no problema argumentativo do Popper, que tem suas raízes lá no Platão e nem o Platão conseguiu resolver direito (um dia eu volto a isso, juro), mas tem um lance que me pega demais nisso aí e é o seguinte: