Eu não gosto do editorial do Estadão “Uma escolha muito difícil”. Mas não entendo quem diz que ele foi “fundamental para a normalização da extrema direita”, porque não faz sentido: ele sempre esteve atrás de paywall. Era dificílimo ler. Não é como se você achasse com facilidade gente capaz de recitá-lo ou resumi-lo em GO, Joinville, zona oeste do Rio, Rib. Preto e Matos Grossos. O Estadão seguramente não tinha nem 100 mil assinantes digitais à altura. Foi o eleitorado de direita que normalizou posições extremas.

De fato, em Lucas 22, Jesus, falando de sua ausência futura, manda as pessoas venderem suas vestes e comprarem espadas. Há porém contexto. Há extensa tradição de interpretação bíblica que mostra que Jesus foi irônico, o que se comprova tanto antes quanto depois do trecho. Antes, o que se tem é todo um personagem que ensina seus discípulos a evitarem a violência. Dar a outra face, "quem vive pela espada morrerá pela espada" etc.

Mas há mais.

Mudando de tópico, a guerra cultural do setor cultural me preocupa muito.

Antes, só a direita tinha argumentos para ser contra a cultura, dizendo que a Lei Rouanet tem que acabar, que é “desperdício de dinheiro público” e que “o importante são hospitais, escolas e comida”. Com tudo de escabroso que se está descobrindo após o entrevero Zé Neto e Anitta, que respinga em Gusttavo Lima, eu diria que está ficando bem fácil a esquerda criminalizar o ato de produzir cultura, por conta da contratação sem licitação e facilidades esquisitas.

Isso é péssimo.