Fernando Meireles Profile picture
Postdoctoral researcher in political science @cebrap. Latin American and Brazilian politics.
Oct 7, 2022 14 tweets 4 min read
Uma clivagem importante para entender as eleições presidenciais é a social: pessoas mais ricas, com ensino superior, votaram mais em Bolsonaro em 2018.

Analisando os resultados apurados das seções eleitorais, é possível ver que isso se repetiu em 22 -- mas em menor intensidade. Seções eleitorais (em geral, salas de aula nas quais cerca de 400 pessoas votam em uma única urna) nos dão informações granulares sobre as eleições. Com elas, podemos saber, por exemplo, se urnas com eleitores mais escolarizados votaram mais ou menos em Bolsonaro.
Oct 4, 2022 17 tweets 5 min read
Apesar de ter quase repetido o seu desempenho de 2018, a base eleitoral de Bolsonaro mudou: ela cresceu pelo interior no país, sobretudo no Norte e Nordeste.

Pistas: o Auxílio Emergencial tem relação com o crescimento nos municípios menores; a pandemia, não. No mapa acima, a alteração na base de Bolsonaro é indicada pela cor dos pontos: os mais vermelhos representam municípios nos quais Bolsonaro teve um percentual de votos válidos em 2022 menor do que na eleição de 2018; os mais azuis, o contrário.
Oct 3, 2022 6 tweets 2 min read
A eleição de ontem foi surpreendente em alguns aspectos, mas há um lado grande de estabilidade: na maioria dos municípios, Bolsonaro teve um desempenho muito parecido com o que teve em 2018.

A grande diferença? Ele perdeu votos nas capitais e cidades maiores. Image No gráfico acima, a perda de votos é indicada pela linha tracejada: pontos acima dessa linha são municípios nos quais Bolsonaro melhorou seu desempenho em votos válidos em relação a 2018. Em municípios pequenos onde teve desempenho ruim, ele melhorou agora.
Sep 26, 2022 19 tweets 6 min read
Depois das pesquisas da última semana, ganhou espaço o argumento de que a taxa de abstenção pode tirar votos de Lula, reduzindo suas chances de vitória ainda no primeiro turno.

O efeito da abstenção, ou comparecimento, no entanto, é limitado (1/n) Antes de mais nada, é preciso entender a razão da taxa de comparecimento (i.e., o % de pessoas aptas que efetivamente votam) importar: historicamente, pessoas com menor nível de instrução tendem a comparecer menos e, do mesmo modo, a preferir o PT em eleições presidenciais. (2/n)
Jul 21, 2021 17 tweets 4 min read
Em plena pandemia, o Congresso propôs aumentar o fundão eleitoral em 300% -- para nada menos que 5.7 bilhões. Mas, muito pior que isso, criou um mecanismo pra alocar três fundões eleitorais como bem entender: as emendas RP9.
blogs.oglobo.globo.com/malu-gaspar/po… Bom, aí vai um fio. Contexto: até 2015 os parlamentares poderiam indicar locais para receber investimentos -- escolas, praças, tratores, entre outros -- por meio das famosas emendas orçamentárias individuais, mas o Executivo não era obrigado a realizar esses investimentos. (2/n)
Mar 22, 2021 17 tweets 4 min read
Sobre a última pesquisa do Datafolha, é preciso atentar para o seguinte ponto: ao mudar suas pesquisas do formato face a face para o telefônico, o instituto passou a adotar uma metodologia com dois potenciais problemas -- e eles não são sem consequências.

Segue 1/n. O primeiro tem a ver com viés de seleção. Enquanto que no survey face a face entrevistadores buscam ativamente por pessoas com determinados perfis (desenho amostral estratificado por cotas), a adaptação do mesmo recurso para o modo telefônico tende a distorcer a amostra 2/n
May 26, 2020 28 tweets 6 min read
No meio de tantas notícias ruins, acabei de receber uma que me deixou bastante feliz: minha tese de doutorado em ciência política foi indicada aos prêmios Capes de Teses e de melhor tese defendida na UFMG! Nunca consegui falar da minha tese por aqui, inclusive porque minha vida mudou bastante por conta dela, que nasceu praticamente junto do meu filho, o Rafael. Depois disso, me mudei para o Rio de Janeiro, terminei um e comecei outro pós-doutorado, me envolvi com vários projetos.
Dec 9, 2019 7 tweets 2 min read
Vencer uma eleição para a Câmara dos Deputados alavanca a carreira de um político? A @DadosRevista acaba de publicar um paper meu que examina essa questão. A resposta: sim, bastante, e vencedores têm vantagens quando disputam a reeleição por até 12 anos. Explico. 1/n Basicamente, o que o artigo analisa é o que acontece com a carreira política de quem que disputa eleições na Câmara e vence (ou perde). Para isso, comparei candidaturas vencedoras e derrotadas por poucos votos no interior das listas partidárias desde 1998. 2/n
Oct 10, 2018 10 tweets 4 min read
Como a votação do Haddad se compara com a recebida por Dilma no primeiro turno de 2014? Fiz esse exercício, e o resultado mostra que as duas votações estão muito associadas. Onde o PT foi bem em 2014 – ou em 2010 e 2006 – também foi agora, em média. Como o gráfico acima mostra, a votação de Haddad está associada positivamente com a de Dilma na última eleição. O que isso quer dizer? Que é possível predizer razoavelmente bem a votação do primeiro sabendo apenas a votação da segunda. Mas há uma questão importante aqui.
Oct 9, 2018 6 tweets 2 min read
Uma fato interessante da votação de Bolsonaro, que dá para ver em mapas, é que ela espelhou bastante a do PSDB no primeiro turno de 2014, quando Aécio Neves era candidato. Comparei as duas por municípios e, realmente, a semelhança entre elas é imensa. Para esclarecer, o que o gráfico mostra é que, em média, Bolsonaro teve uma votação mais ou menos próxima da de Aécio em 2014 em todos os municípios. Bolsonaro foi bem em um, provavelmente Aécio também foi. A principal diferença são os municípios grandes (pontos maiores).
Oct 8, 2018 10 tweets 4 min read
Uma outra forma de entender a votação de Bolsonaro e Haddad é ver em que tipos de município eles foram melhores ou piores. Partido da renda, em municípios com mais domicílios classificados como extremamente pobres em 2010 Haddad foi melhor. Muitos dos municípios com maior pobreza estão localizados no nordeste. O mais interessante, contudo, é que essa associação não é exclusividade da região: o mesmo padrão é ou menos o mesmo em todas as outras.
Nov 9, 2017 10 tweets 4 min read
O debate na @folha_poder sobre como presidentes governam o Brasil, iniciado pelo @NPTO, ganhou uma réplica do Carlos Pereira. Meus dois centavos seguem abaixo. www1.folha.uol.com.br/poder/2017/11/… @folha_poder @NPTO 1) Existem diferenças na gerência das coalizões de FHC, Lula e Dilma. É fato que eles dividiram ministérios e recursos de formas distintas. Mas essa diferença não é totalmente alheia aos cenários que cada um enfrentava.