SOBRE A ADPF 635

Há muita politicagem no debate sobre a ação, que tem por objetivo estabelecer critérios para operações policiais. Primeiro, vamos aos dados. A ação teve impacto claro na redução das mortes cometidas pela polícia no RJ. 🧶👇 Em 2019, 1.819 pessoas foram mortas em ações policiais no estado — um recorde histórico. Naquele ano, o RJ liderou o ranking nacional de mortes pela polícia, ficando na frente de estados mais populosos e com efetivo policial maior.

O CV CONTRA-ATACA

Após se alastrar por 21 estados, Comando Vermelho já tomou 19 comunidades da milícia no Rio.

Numa série especial, eu e Roberta de Souza mostramos o que está por trás do maior movimento de expansão da facção desde os anos 1990.

👉 oglobo.globo.com/rio/especial/c…


O Comando Vermelho, que havia assistido ao crescimento da milícia no Rio e ao do PCC em âmbito nacional, decidiu recuperar o espaço perdido, promovendo uma guerra sangrenta nos redutos dos paramilitares e espalhando tentáculos pelas cinco regiões do país.
oglobo.globo.com/rio/especial/c…

Um detalhe sobre a infiltração do bicheiro Rogério Andrade no Estado e o risco do fim de seu monitoramento pela Justiça.

Em 2021, ele teve a prisão decretada pelo homicídio de seu rival Fernando Iggnácio. Quando soube do mandado resolveu fugir — com a ajuda de um séquito de PMs. Na teoria, a obrigação dos mais de 20 PMs que faziam parte de sua escolta pessoal era denunciar o paradeiro de Rogério ou até dar voz de prisão a ele. Não foi o que aconteceu.

Abro o ep4 do podcast Pistoleiros com o relato de uma parente de uma vítima do Escritório do Crime.

Ela investigou o caso por conta própria e levou provas para a polícia. O caso nunca foi elucidado.

“A Delegacia de Homicídios é o verdadeiro Escritório do Crime”, ela diz. 🧶👇 Passei o dia pensando na história dela. Compartilho o relato aqui, diante do que veio à tona hoje. Optei por preservar sua identidade para segurança dela. O podcast pode ser ouvido aqui: open.spotify.com/show/2UxiteFB0…

Para entender a guerra entre tráfico e milícia na Zona Oeste do Rio que pode estar por trás dos assassinatos dos médicos na orla da Barra.

Tudo começou em 2021 após a morte de Ecko, então chefe da maior milícia do Rio. 🧶👇

oglobo.globo.com/rio/noticia/20… A queda do chefão desencadeou uma série de conflitos internos pela sucessão na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. A maior milícia do Rio, que havia se fortalecido e aumentado sua área de influência no estado a partir da união de vários grupos menores, se fragmentou.

Sobre o assassinato dos médicos na orla da Barra

Ação captada por câmera mostra que crime não teve planejamento prévio e foi executado às pressas — dinâmica muito diferente de execuções recentes cometidas no Rio, como a de Marielle. 🧶👇
oglobo.globo.com/rio/noticia/20… Imagens mostram que os criminosos não se preocuparam em esconder seus rostos de testemunhas que estavam no local, não usavam armas longas — mais eficazes e com maior poder de destruição — e sequer evitaram ser flagrados por câmeras de segurança.

Seis donos de clubes de tiro e lojas de armas foram presos, em 1 ano, por desviar armas/munição para criminosos. Para encobrir os crimes, acusados usam compradores laranjas e empresas fantasmas, fraudam documentos e até forjam furtos. No @JornalOGlobo: oglobo.globo.com/brasil/noticia… Nas redes sociais, o comerciante de armas Sérgio Pacheco define o SP Guns, seu clube de tiro em Carapicuíba como “familiar”. Para a PF, a propaganda é uma fachada: ele é acusado de fornecer armas para uma quadrilha que controla rotas do tráfico de drogas em 3 estados do Nordeste.

A imagem mostra o momento em que, segundo o MPRJ, Fabinho Varandão chega na casa do dono de uma empresa de internet com capangas armados e o ameaça: “Pode tirar tudo que a área é minha”, disse, segundo a vítima. Varandão fez campanha para a ministra do Turismo Daniela Carneiro. No @JornalOGlobo, mostro detalhes da investigação que levou o aliado da ministra à cadeia em 2018. Ele é acusado de circular com homens armados em carros blindados por Belford Roxo e ameaçar empresários que tentam oferecer serviços de internet na cidade. oglobo.globo.com/politica/notic…

Sobre milícia e a ministra do Turismo

Nos últimos dias, tenho lido muitos políticos e jornalistas dizerem que Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, somente "posou para fotos com milicianos". O que está sendo noticiado é bem mais grave do que isso. 🧶👇 Acusados e condenados por integrar milícias foram nomeados para cargos importantes na prefeitura de Belford Roxo pelo marido da ministra, Waguinho. São homens de confiança do prefeito e da mulher, fazem parte de seu grupo político.

MAIS UM: PM e vereador Eduardo Araújo, outro acusado de integrar milícia, pediu votos em comícios e promoveu reunião para divulgar candidatura da ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Segundo MP, ele atuava para “evitar prisões de integrantes” da milícia. oglobo.globo.com/politica/notic… Araújo já é o QUARTO acusado de integrar milícias na Baixada Fluminense que tem conexão com a ministra. Em 2019, ele foi alvo de um mandado de busca numa operação contra a milícia, foi denunciado, virou réu e responde ao processo, pelo crime de milícia privada, em liberdade.

Outro acusado de chefiar milícia fez campanha para a ministra do Turismo, Daniela do Waguinho. Fabinho Varandão, acusado de comandar quadrilha que controla sinal de TV e gatonet em 10 bairros de Belford Roxo, participou de caminhadas e comício da ministra. oglobo.globo.com/politica/notic… Brasil é vereador de Belford Roxo e foi preso em dezembro de 2018. Segundo a decisão que decretou a prisão, "imagens de câmera de segurança revelam que Fabinho Varandão impõe o terror no município, pois circula armado na região e conta com proteção de seguranças".

O grupo político da ministra do Turismo Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, mantinha tropa clandestina de PMs na Prefeitura de Belford Roxo. Agentes trabalharam, por anos, para o município, comandado por Waguinho, sem conhecimento ou anuência da PM. oglobo.globo.com/politica/notic… Na prática, os agentes faziam uma espécie de "bico ilegal" na prefeitura. Todos foram nomeados para cargos comissionados no município sem autorização da PM. Por isso, seguiam trabalhando em batalhões e batiam ponto em Belford Roxo na folga — o que é "irregular", segundo a PM.

Pontos importantes do novo decreto de armas, assinado por @LulaOficial:

1. Suspende a compra e registro e armas de uso restrito, como fuzis, a CACs e também de munição para essas armas.
2. Cada civil só poderá ter até 3 armas. Pela legislação anterior, CACs podiam ter até 30. 3. Registro de novos CACs e clubes de tiro também estão suspensos.
4. Promove um recadastramento de armas compradas durante gov. Bolsonaro no sistema da PF. Todos os CACs que compraram armas no período terão que refazer o processo, já que as armas estão registradas no Exército.

Na primeira coletiva de imprensa após a posse, Castro disse que vai “lutar judicialmente em todas as instâncias” contra a instalação de câmeras no Bope e na Core. “Sou radicalmente contra câmeras em batalhões especiais”, disse. O segundo mandato de Castro começa com uma queda de braço com o STF por conta da instalação de câmeras nos uniformes de policiais de unidades especiais, justamente as que protagonizaram as operações com maior número de mortos no estado nos últimos anos. oglobo.globo.com/google/amp/rio…

Como um chefe do tráfico de Santa Catarina, foragido desde 2018 e condenado a 35 anos de prisão, conseguiu enganar o Exército com um documento falso, comprar um arsenal de armas, munição acessórios e até virar instrutor de tiro. Hoje, no @JornalOGlobo: oglobo.globo.com/brasil/seguran… Com um certificado de CAC emitido a partir de um documento falso, Renato Mafiolete, o Renatinho da Tapera, comprou 6 armas — entre elas, 1 fuzil 5,56 equipado com luneta. 3 das armas foram apreendidas na cobertura onde ele morava em Vila Velha, as demais chegariam pelo correio.

Um CAC achou uma brecha no protocolo de venda da Taurus e na fiscalização do Exército, falsificou documentos num editor de imagem no computador, comprou dezenas de fuzis pela internet em nomes de laranjas e os vendeu para facções. Hoje, no @JornalOGlobo: oglobo.globo.com/brasil/seguran… A fraude era primária. O CAC escaneava documentos originais de armas legais, apagava os dados reais num editor de imagens e os substituía por informações de laranjas. Depois, mandava tudo por e-mail para a Taurus, que aceitava a documentação e enviava as armas pelo correio.

Fuzil brasileiro que Bolsonaro liberou aos CACs chegou ao mercado ilegal e já é usado por traficantes e assaltantes para atirar na polícia. Levantamento que fiz com o @isoudapaz mostra que apreensões da arma, a T4, explodiram em RJ, SP e MG em 2022.

👉 oglobo.globo.com/brasil/seguran… O T4 foi lançado pela Taurus em 2017 e tinha circulação bastante limitada no país: só podia ser vendido para forças de segurança. No ano do lançamento, o então pré-candidato Bolsonaro posou para fotos com o modelo e prometeu que, em seu governo, autorizaria a compra por civis.

CACS E O NOVO CANGAÇO

Hoje, no @JornalOGlobo, mostro investigações de 4 estados que destrincham como CACs fornecem fuzis e munição para quadrilhas especializadas em roubos de grandes quantias — como ataques a bancos e assaltos com domínio de cidades.

👉 oglobo.globo.com/brasil/seguran… No RS, a polícia apreendeu, em janeiro, um fuzil 7,62 usado por assaltantes num roubo a uma transportadora de valores. A arma havia sido comprada legalmente por um CAC. A investigação comprovou que o comprador foi cooptado pela quadrilha para virar CAC e comprar o fuzil.

Ex-secretário de Cláudio Castro preso por ligação com a máfia do jogo do bicho, Allan Turnowski teve sua gestão na Polícia Civil marcada pela defesa de operações com alta taxa de letalidade. Seu número na urna termina com 27 — referência aos mortos na chacina do Jacarezinho. 🧶👇 “Garanto que o Rio está muito mais seguro sem esses 27 criminosos neutralizados. Sobre a política de segurança, operações fazem com que esses agentes criminosos não sejam exemplo para criança”, foi o que ele disse em entrevista na semana seguinte da operação no Jacarezinho.

Como armas e munição obtidas legalmente por CACs abastecem tráfico, milícia e quadrilha de roubos a bancos?

Reuni reportagens que publiquei nos últimos anos para mostrar como o aumento de armas e munição nas mãos de civis pode beneficiar o crime organizado. 🧶👇 Em 2011, um fuzil calibre 556 que tinha como dono um CAC de Ribeirão Preto (SP) foi apreendido por pela PM na casa de um traficante na Zona Oeste do Rio. O colecionador disse que a arma, que havia entrado no país ilegalmente, foi roubada.
extra.globo.com/casos-de-polic…

Mortes em ações da PRF no Rio explodiram em 2022: até junho, foram 40, mais do que a soma dos 3 anos anteriores, segundo dados da corporação que obtive via LAI. 39 das mortes não aconteceram em rodovias federais, mas em incursões da PRF em favelas. oglobo.globo.com/rio/noticia/20… Homicídios em ocorrências da PRF escalaram no estado ao longo do governo Bolsonaro: em 2019, nenhum foi registrado, e os dois anos seguintes tiveram 13 casos cada um — ou seja, em apenas seis meses de 2022, as mortes em operações já triplicaram em relação ao ano passado inteiro.