Luiza Caires - jornalista de ciências Profile picture
Editora de Ciências do Jornal da USP #SciComm 🏳‍🌈 ela/a

Apr 16, 2021, 12 tweets

😱Aconteceu! Cientistas geraram embriões quiméricos de macaco e humano que puderam sobreviver no laboratório por 20 dias.

O experimento, inédito nos resultados foi publicado na revista Cell e deve levantar grandes debates científicos e bioéticos.

Segue pra entender 🧵👇

Primeiro, vamos deixar claro. A intenção NÃO é produzir uma nova espécie. Foram usadas células tronco de humanos adultos e embrião do macaco

Mesmo assim, um experimento desse tipo precisa de muita discussão. E envolveu uma equipe externa de bioética que orientou seus passos.

E apesar de preocupações éticas, o trabalho pode ajudar a superar fronteiras do conhecimento em biologia do desenvolvimento, evolução, modelos biológicos, e que podem resultar em tratamentos para doenças humanas, incluindo a produção em laboratório de órgãos para transplante!

Os pesquisadores na China e nos Estados Unidos injetaram 25 células-tronco humanas em blastocisto (um dos estágios do embrião, aos 6 dias) de primatas da espécie 'Macaca fascicularis' e foram capazes de cultivar os embriões quiméricos (de duas espécies) por um até 20 dias.

As células eram de linhagem de células pluripotentes induzida que podem contribuir para tecidos embrionários + placenta e cordão umbilical.

Após 1 dia, células humanas foram detectadas em 132 embriões.

Após 10 dias, 103 dos embriões quiméricos ainda estavam em desenvolvimento.

A sobrevivência logo começou a declinar e, no 19o dia, apenas 3 quimeras ainda estavam vivas. Mas o mais importante é que a porcentagem de células humanas nos embriões permaneceu alta ao longo do tempo em que continuaram a crescer.

Historicamente, a geração de quimeras humano-animal sofreu de baixa eficiência e integração de células humanas na espécie hospedeira.

Para Juan Carlos Izpisua, um dos autores do estudo, a quimera feita com uma espécie mais relacionada aos humanos do que todas utilizadas antes, ajudará a entender se existem barreiras evolutivas para a geração de quimeras e criar meios para superá-las.

Um anexo do artigo descreve potenciais considerações éticas em torno da geração de quimeras de primatas humanos/não humanos. Izpisua diz que "é nossa responsabilidade seguir todas as diretrizes éticas, legais e sociais ".

Ele acrescenta que, antes de iniciar este trabalho, "consultas e análises éticas foram realizadas tanto em nível institucional quanto por meio de divulgação a bioeticistas externos ao grupo. Esse processo completo e detalhado ajudou a guiar nossos experimentos".

Aguardo as considerações dos cientistas e divulgadores aqui no Twitter!

E do público não cientistas também, afinal, interessa a todos nós né?

Artigo científico:
cell.com/cell/fulltext/…

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