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Primeiro Museu do Holocausto no Brasil. Espaço de educação, memória e pesquisa sobre a Shoá. Agende sua visita no site https://t.co/okHRVioWtV.

May 24, 2021, 13 tweets

Onde o nazismo se localiza no espectro esquerda-direita?
Uma thread básica e óbvia. Novamente.

Apesar de, para alguns autores, o nazismo não se encaixar no espectro político, a historiografia considera o nazismo um movimento de extrema-direita. É praticamente um consenso.

Os nazistas não se afirmavam de direita ou de esquerda, pois desprezavam a política como debate entre diferenças.

No entanto, ainda que possua o nome nacional-socialista, caracterizá-lo como movimento de esquerda não encontra corroboração na vasta historiografia sobre o tema.
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Essa autorrepresentação não significa que o nazismo estivesse à parte da política.

Enquanto as esquerdas enxergam as desigualdades como problema causado pela sociedade e que deve ser minimizado/anulado, o nazismo não as vê assim e as naturaliza em termos raciais e nacionais.
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Além disso, enquanto a esquerda enfatizava os interesses de classe social, os nazistas buscavam apaziguar conflitos de classe por meio de uma união nacional-racial. Para o nazismo, os conceitos de Estado e raça estariam unidos.
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Quando surgiu, setores do partido nazista defendiam, além do anticomunismo, um anticapitalismo que se voltava contra o estilo de vida burguês, visto como acomodado, antipatriótico e judaico.

Essa vertente foi praticamente eliminada na Noite das Facas Longas, em 1934.
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Já o uso de retórica e símbolos de esquerda pelos nazistas visava um apelo popular que afastasse os trabalhadores dos partidos de esquerda, sobretudo o comunista, visto como seu grande inimigo político.

Tal estratégia é ratificada por meio de discursos e propagandas nazistas.
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O Estado corporativo dos fascismos – que não é Mínimo, denotando seu antiliberalismo – também é distante do Estado socialista, já que sua função não era reduzir desigualdades e aumentar o poder da classe trabalhadora, e menos atacar a propriedade privada dos meios de produção.
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Pelo contrário, era controlar os trabalhadores e acabar com a autonomia do movimento operário. Para chegar e se manter no poder, o partido nazista recebeu apoio – mesmo que desconfortável – das elites econômicas alemãs, que o viam como um meio de esmagar as esquerdas.
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Cabe lembrar que esquerda e direita são termos que só fazem sentido um em relação ao outro. São contextuais e plurais.

No entanto, caracterizar o nazismo na extrema-direita, como demonstra a historiografia, não associa automaticamente qualquer movimento de direita ao nazismo.
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A natureza ideológica do nazismo é definitiva e imutável, bem como a impossibilidade de que ressignificações possam retirá-lo desse espectro político. Esta é uma pseudodiscussão que não nos interessa.

Ainda assim, consequências dos negacionismos são nefastas para a sociedade.
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O importante é compreender como este falso debate público difundido no Brasil influencia negativamente na transmissão das lições do genocídio. Como os negacionismos, o ataque ao consenso antifascista e a deturpação dos direitos humanos prejudicam a educação sobre a Shoá.
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Precisamos debater como a popularização desta discussão ilusória e partidarizada compromete a construção de uma memória coletiva universal do Holocausto.

Esta falsa polêmica reforça a necessidade de maior investimento na fragilizada educação brasileira.
#portodaavidavamoslembrar

Para saber mais:
- BOBBIO, N. Direita e esquerda: razões e significados de uma distinção política. SP: Unesp, 1995
- KERSHAW, I. The nazi dictatorship: problems and perspectives of interpretation. London: Bloomsbury, 2015
- PAXTON, R. A anatomia do fascismo. SP: Paz e Terra, 2007

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