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Jun 4, 2021, 23 tweets

O misterioso desaparecimento de Priscila Belfort, a irmã de um lutador de MMA:

Priscila Vieira Belfort nasceu no dia 5 de dezembro de 1974, no Rio de Janeiro (RJ). Seus pais eram Jovita e José Marcos Belfort, que se separaram quando ela e seu irmão mais novo, Vitor Belfort, ainda eram bem jovens. Os irmãos cresceram compartilhando o amor pelo esporte.

Como é sabido, Vitor eventualmente fez do esporte sua carreira, se tornando lutador profissional de artes marciais mistas. Priscila, por sua vez, foi uma adolescente extremamente estudiosa e inteligente, cuja personalidade agradável a fez querida pelas pessoas com quem convivia

Contudo, aos 16 anos, Priscila foi diagnosticada com depressão. Ela teve de lidar com esse transtorno por vários anos, passando por diversos tratamentos psicológicos e tomando diferentes medicações. Conforme sua condição melhorou, ela retomou os estudos e passou a trabalhar.

Aos 29 anos de idade, ela trabalhava Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e namorava Luiz Cláudio Corrêa Fortes. Na segunda semana de janeiro de 2004, Jovita foi passar uns dias com a filha por observar que havia algo a perturbando.

Priscila havia sido convidada por Luiz para ir à sua casa e conhecer seus pais; todavia, mostrou-se desconfortável com a ideia, conforme lembrou a mãe, e se recusou a ir. No dia seguinte, eles se encontraram para discutir a situação, e Priscila voltou ainda mais incomodada.

No dia 9 do mesmo mês, Priscila acordou se sentindo mal, com “cólicas menstruais terríveis”, como sua mãe lembrou. Depois de tomar alguns remédios, sua mãe insistiu que ela fosse ao trabalho e lhe ofereceu uma carona. Ela cumpriu sua jornada e saiu para almoçar.

Por volta desse período, o namorado de Priscila ligou para Jovita, perguntando sobre o paradeiro da moça. A voz de Luiz era abafada pelo barulho em sua volta, e ele explicou que isso se devia ao fato de a ligação estar sendo realizada por via de um orelhão.

Jovita considerou a situação especialmente peculiar, pois Luiz trabalhava no mesmo prédio da Priscila, e poderia facilmente encontrá-la por lá. Depois de terminarem a ligação, a mãe da jovem contatou sua irmã, que trabalhava perto do local de trabalho da filha.

A irmã de Jovita se dirigiu à secretaria e descobriu que Priscila havia ido almoçar sozinha. A opção estranhou seus colegas, pois ela costumava sair para o almoço acompanhada do namorado ou de outras pessoas com quem trabalhava. Ela foi vista pela última vez deixando o prédio.

Ao passarem o dia sem conseguir falar com ou localizar Priscila, a família denunciou o desaparecimento à polícia. Dois dias depois, foi divulgado o sumiço no site de Vitor, que já havia iniciado a carreira de luta. Inicialmente, especulou-se que seria um sequestro.

Todavia, nenhum pedido de resgate foi realizado — excetuados os trotes. A polícia começou a trabalhar com a hipótese de homicídio. Várias denúncias foram feitas relatando que seu cadáver queimado e até seus ossos foram encontrados; porém, exames de DNA desmentiram as alegações.

Em 2006, foi pedida a prisão de 11 traficantes do Morro da Providência, no Centro do Rio, acusados do sequestro e homicídio de Priscila. Dois anos antes, realizaram-se escavações no terreno da comunidade em procura do corpo, mas sem sucesso.

Atualmente, embora o corpo não tenha sido encontrado e nenhuma prova cabal produzida, essa é a teoria mantida pela polícia. Durante os anos, outros relatos foram feitos. Em 2007, Elaine Paiva da Silva se entregou ao Ministério Público e confessou ter envolvimento no caso.

Em seu depoimento, ela alegou que o crime foi ordem de um bandido de Bangu I, motivada por uma dívida de R$ 9.000,00, de Priscila e do namorado, com traficantes no Morro da Mangueira. O plano inicial era assustá-la, mas teriam a matado por ela ver o rosto dos envolvidos.

Depois de ser sequestrada, Priscila teria sido estuprada, morta, esquartejada e incinerada, segundo Elaine, que apontou um sítio em São Gonçalo (RJ) como o local em que encontrariam os restos da vítima; no entanto, nada foi encontrado e a versão nunca foi confirmada.

Em 2020, o caso ganhou repercussão novamente quando fotos de uma mulher semelhante a Priscila passaram a circular pelas redes sociais; no entanto, não se tratava da moça desaparecida, conforme constatou Jovita após entrar em contato com o autor das imagens.

A mãe de Priscila nunca deixou de procurar pela filha — e pelos filhos de outrem: ela se tornou uma ativista na busca de pessoas desaparecidas. No Rio de Janeiro, em 2014, ela foi fundamental para a abertura de uma delegacia de desaparecidos — uma das seis no Brasil.

Em 2019, ela se tornou superintendente de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimento de Pessoas. No mesmo ano, entrou em vigor a Lei 13.812, de março de 2019, que instituiu a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas.

Em 2021, mais um avanço foi feito nesse sentido, mediante o Decreto 10.622, de 9 de fevereiro, que instituiu o Comitê Gestor da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas. Sobre a situação das pessoas desaparecidas no Brasil, Jovita declarou em entrevista:

“Temos uma média de 82 mil pessoas desaparecidas ao ano, como não temos uma campanha? Isso é importante até para efeitos de prevenção da sociedade. Falta conhecimento sobre as múltiplas causas do desaparecimento. O que você não conhece você não previne”, alertou.

Mas a dor da perda e do desconhecimento do destino da filha permanece: “Minha filha morre todo dia há 15 anos”, desabafou numa entrevista em 2019. Vitor, seu filho, transparece o mesmo sentimento, por meio declarações à irmã e clamando pelo esclarecimento do caso.

“Há 17 anos minha irmã Priscila desapareceu e nunca mais foi vista. Não conseguimos dar o último beijo, último abraço, o último adeus. Mas o pior disso tudo é que não é a nossa família somente. Tem milhares de famílias que passam pela mesma dor”, advertiu em vídeo no Instagram.

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