João Cezar de Castro Rocha Profile picture
Professor Titular de Literatura Comparada (UERJ), pesquisador do CNPq, Cientista do Nosso Estado (FAPERJ). Autor de 14 livros e organizador de 32 títulos.

Sep 5, 2021, 7 tweets

0. Aperte o cinto e siga o fio. “A nação que se salvou a si mesma” é um panfleto da revista Seleções, lançado em novembro de 1964, a fim de celebrar o golpe de estado, que originou a ditadura militar. Documento que oferece paralelos surpreendentes com o atual cenário brasileiro.

1. Destaco ressonâncias na linguagem: é como se nas últimas quase 6 décadas certas palavras e expressões mantivessem sua vigência, embora às vezes com o sinal invertido. Eis o “plano comunista”: produzir caos, levando à guerra civil para arriscar a tomada do poder. Lembra algo?

2. Veja este exemplo. 1964: “A questão não é mais saber se a revolução virá, mas de quando virá”. Maio de 2020, eduardo bolsonaro, em live no YouTube do Terça Livre: “não é mais uma opinião de se, mas quando a ruptura vai ocorrer”. Idêntica sentença; mesmo projeto autoritário.

3. Qual o centro da “doutrinação” comunista? Claro: o Ministério da Educação e, sem dúvida, as cartilhas de Paulo Freire! Repare no detalhe: os comunistas eram os “engenheiros do caos” — no livro recente de Giuliano Da Empoli, trata-se da extrema-direita! O vocabulário é o mesmo.

4. E se houver uma “tia”, não do Zap, porém do “telefone”, capaz de criar uma rede inédita de difusão de propaganda anticomunista, com o propósito de desestabilizar o governo de João Goulart? Afinal, era preciso evitar o “domínio comunista”, sua ameaça à liberdade. Lembra algo?

5. Por fim, lideranças políticas de peso, que, unidas, poderiam ter resistido ao projeto autoritário, preferiram tecer alianças para “as eleições livres ora marcadas para 1966”. Foram adiadas para 1989; como se sabe.

6. Em 1964, os militares chamaram de contrarrevolução o golpe

de abril de 1964. Hoje, o conceito de contragolpe é atualizado no delírio bolsonarista, pois o “golpe” já foi dado pela “ditadura da toga”. Eis parte do imaginário subjacente à mobilização para o 7 de setembro. Vamos desmontar essa narrativa golpista?

poder360.com.br/congresso/dita…

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