0. Aperte o cinto e siga o fio. “A nação que se salvou a si mesma” é um panfleto da revista Seleções, lançado em novembro de 1964, a fim de celebrar o golpe de estado, que originou a ditadura militar. Documento que oferece paralelos surpreendentes com o atual cenário brasileiro.
1. Destaco ressonâncias na linguagem: é como se nas últimas quase 6 décadas certas palavras e expressões mantivessem sua vigência, embora às vezes com o sinal invertido. Eis o “plano comunista”: produzir caos, levando à guerra civil para arriscar a tomada do poder. Lembra algo?
2. Veja este exemplo. 1964: “A questão não é mais saber se a revolução virá, mas de quando virá”. Maio de 2020, eduardo bolsonaro, em live no YouTube do Terça Livre: “não é mais uma opinião de se, mas quando a ruptura vai ocorrer”. Idêntica sentença; mesmo projeto autoritário.
3. Qual o centro da “doutrinação” comunista? Claro: o Ministério da Educação e, sem dúvida, as cartilhas de Paulo Freire! Repare no detalhe: os comunistas eram os “engenheiros do caos” — no livro recente de Giuliano Da Empoli, trata-se da extrema-direita! O vocabulário é o mesmo.
4. E se houver uma “tia”, não do Zap, porém do “telefone”, capaz de criar uma rede inédita de difusão de propaganda anticomunista, com o propósito de desestabilizar o governo de João Goulart? Afinal, era preciso evitar o “domínio comunista”, sua ameaça à liberdade. Lembra algo?
5. Por fim, lideranças políticas de peso, que, unidas, poderiam ter resistido ao projeto autoritário, preferiram tecer alianças para “as eleições livres ora marcadas para 1966”. Foram adiadas para 1989; como se sabe.
6. Em 1964, os militares chamaram de contrarrevolução o golpe
de abril de 1964. Hoje, o conceito de contragolpe é atualizado no delírio bolsonarista, pois o “golpe” já foi dado pela “ditadura da toga”. Eis parte do imaginário subjacente à mobilização para o 7 de setembro. Vamos desmontar essa narrativa golpista?
1. O regime de urgência do PL 1904/24 faz parte da estratégia dos dois passos da Teologia do Domínio, assumida sem disfarce pelo nacionalismo cristão de líderes “religiosos” oportunistas — não me refiro às dezenas de milhões de fiéis. Quer entender do que se trata? Leia este
ensaio como uma síntese assustadoramente explícita do projeto.
2. Primeiro passo: lançar mão da liberdade religiosa para “ganhar poder”, aumentando o número de adeptos de modo a não somente influenciar (palavra-chave), mas também determinar políticas públicas. Em quais áreas?
3. Pois é. A pauta de costumes, a guerra cultural, com ênfase para a proibição do aborto. Daí o segundo passo da estratégia: depois do crescimento e da multiplicação do número de fiéis, terá chegado a hora do domínio, isto é, de submeter a política à religião.
1. João Paulo Burnier, à época tenente-coronel, foi um dos líderes da Revolta de Aragarças, tentativa de golpe para depor Juscelino Kubitscheck. Primeira vez que um avião foi sequestrado com passageiros: terrorismo realizado por militar. Foi anistiado. Sabem o que fez depois?
2. O projeto mais hediondo da ditadura militar, como brigadeiro. Planejou o Atentado ao Gasômetro, que levaria a milhares de mortes para acusar a esquerda! Foi impedido por um herói que se recusou a obedecer: o capitão Sérgio de Carvalho. Não foi punido. Sabem o que fez depois?
3. Estimulou um terrível centro de torturas na Base Aérea do Galeão. Local do brutal assassinato de Stuart Edgard Angel Jones sob tortura. Negou o assassinato: o corpo nunca foi entregue à família. Sabem o que (se) fez depois?
1. Vocês lembram do João Vicente — tenho certeza! Em agosto de 2021, ele foi diagnosticado com autismo, suporte 2, nível moderado. Já tinha quase 4 anos, ainda não falava e não se relacionava com ninguém. Contato físico, para ele, era um suplício. Por 2 anos e meio, João Vicente
fez 6 terapias semanais, em 5 clínicas. Nossa vida era uma correria sem fim. Nessa vertigem, João Vicente virou meu herói: nunca reclamou de nada, transformando cada terapia num jogo só nosso.
2. Ontem, 5 de fevereiro de 2024, com 6 anos e quase 4 meses, João Vicente entrou no
primeiro ano do ensino fundamental. Tornou-se um político mirim, fala com todo mundo o tempo todo sobre tudo, um menino-só-abraço, com o sorriso mais lindo da face da terra — pelo menos para o pai. Voltou ao neuropediatra maravilhoso que o atende, o Dr. Giuseppe Pastura e, agora,
1. Fascinante a pesquisa de Lúcia
Granja! Graças a uma leitura sensível e inovadora de documentos relativos à história editorial da obra de Machado de Assis, a professora titular da UNICAMP esboça um perfil inédito do autor de “Dom Casmurro”.
2. “Vai mandar imprimir”: frase que
abre horizontes inesperados! Pois então foi o próprio Machado o responsável por imprimir seu romance? Sim!
3. Lúcia Granja relê com agudeza a advertência machadiana na segunda edição de “Helena”: “data em que o compus e imprimi”. O esforço foi recompensado: o livro saiu numa
“Biblioteca Universal”.
4. O que dizer do romance-pura-revolução “Memórias póstumas de Brás Cubas”? A leitura do contrato reforça a hipótese: Machado cuidou, ele mesmo, da impressão do romance: “obrigando-ME a não fazer 2 edição”. Então, a primeira foi tarefa do próprio autor!
1. Por que que o “Dia do Professor” é celebrado no dia 15 de outubro? Siga o fio!
1. Antonieta de Barros, professora, escritora e jornalista, a primeira mulher negra a ocupar um mandato parlamentar no Brasil, teve atuação destacada na vida política e cultural em Santa Catarina.
Ela propôs o “Dia do Professor”, tornado lei estadual em 1948. Eis aqui o texto da Lei N. 145:
2. O feriado só se tornou nacional em 14 de outubro de 1963, durante o governo de João Goulart. Mas o texto da Lei N. 52.682 não menciona Antonieta de Barros!leis.alesc.sc.gov.br/html/1948/145_…
Eis aqui o texto da Lei:
3. Mas por que se escolheu o dia 15 de outubro? Porque nesse dia, em 1827, Dom Pedro I promulgou a Lei que:www2.camara.leg.br/legin/fed/decr…
1. Quer entender a dinâmica da extrema direita nas redes sociais com um exemplo?
2. O deputado @nikolas_dm sentiu a possibilidade real de ser cassado. Como age? Não tem opção: se recuar, vira o Bolsonaro 2.0; precisa dobrar a aposta. Como? Por meio de duas ações combinadas. 🧶
3. Primeiro, lança mão do recurso básico da extrema direita: gerar medo para produzir ódio. @nikolas_dm é o senhor dos magos nesse item. Mas, feitiço muitas vezes usado, vira-se contra o feiticeiro. De imediato, e com provas, @AntonyJojohn revelou a mentira. E agora, Nikolas? 🧶
4. Segundo: angariar apoio para fazer muito ruído nas redes para intimidar o Judiciário. Vale tudo: @nikolas_dm implora por # : oxigênio que desesperadamente precisa para sobreviver politicamente.
5. Parceiros surfam na onda e se lançam ao mar: sabem nadar? Eis @filipebarrost