Mellanie F. Dutra Profile picture
Biomédica, Neurocientista/Bioquímica, Pesquisadora, Professora e TEDx Speaker | Saúde e Ciências | Ela/Dela | 🇧🇷 | #DefendaoSUS

Sep 18, 2021, 26 tweets

Para terminar a semana, vocês sabiam que até mesmo baixas doses de vacinas (como a da Moderna) pode gerar uma memória imunológica durável?

Vamos entender juntos esse novo trabalho publicado na @ScienceMagazine ! 💉👇🧶

Tivemos alguns estudos já demonstrando o potencial de formar uma memória imunológica durável que as vacinas contra a COVID-19 apresentam.

Tivemos esse aqui publicado na @Nature

E esse aqui trazendo mais alguns dados quanto a vacinas de RNA

Resumindo, temos indicativos de que a imunidade protetora de 💉de RNA, por exemplo, nos níveis de 91% e 93%, estão presentes ao longo do período de 6 meses após a segunda imunização (7 meses após a primeira imunização). Isso significa que podem estar em maior período também!

Em alguns indivíduos, num período pré-pandêmico, foi encontrado um conjunto de células T CD4 que tem reatividade cruzada, isto é, conseguiriam reconhecer o SARS-CoV-2, nesse caso, mesmo não tendo visto um antígeno dele, e sim outro bem parecido. ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32753554

Talvez essas células possam ter um papel interessante nisso. E uma baixa concentração de antígenos poderia ser suficiente para desencadear uma resposta que formará uma memória imunológica.

E foi o que o trabalho investigou, em relação às vacinas de RNA (Moderna)!

O estudo observou que anticorpos (IgG) anti-spike e anti-RBD foram mantidos em níveis detectáveis ​​por pelo menos 7 meses após a primeira vacinação, para 100% (33/33) dos indivíduos (estudo de fase 1).

Anti-RBD foi induzido por uma imunização em 94% (33/35) dos indivíduos.

E quanto a esses anticorpos anti-RBD, a taxa de resposta aumentou para 100% (33/33) após a segunda dose e foi mantida por pelo menos 6 meses após a segunda vacinação.

Esses níveis foram mantidos em 88% a 100% dos vacinados por pelo menos 6 meses após a segunda imunização

Quando se foi atrás dessas células T CD4 mencionadas acima, no dia 1, antes da vacinação, essas células contra a Spike de memória foram detectadas em 49% dos indivíduos do ensaio clínico (17/35), demonstrando a presença de células com capacidade de memória

A taxa de resposta de células T CD4+ específicas para Spike do SARS-CoV-2 aumentou para 100% (32/32) após a segunda vacinação e foi mantida por pelo menos mais 6 meses.

Outro conjunto de células estudado pelo grupo foram as As células T foliculares-ajudantes (Follicular Helper), que tem um papel importante de ajuda aos células B, sendo críticas para a geração de anticorpos neutralizantes

Células de TFH circulantes específicas para Spike (cTFH) foram detectadas em 71% (25/35) e 75% (24/32) dos indivíduos após a primeira e segunda vacinação, respectivamente.

6 meses após a vacinação, elas ainda estavam lá em 63% dos vacinados (20/32)

Moléculas relevantes para a construção de uma resposta anti-viral, como o interferon gama (IFNγ), e células positivas para essa molécula foram detectadas em 89% (28/33), por exemplo

O que dá pra concluir até agora: níveis robustos de células T CD4 + específicas para Spike e de memória foram geradas pela vacina da Moderna (mRNA-1723), mesmo em doses baixas, com forte polarização de células TFH e TH1, o que é vantajoso para imunidade antiviral.

Quanto as células CD8+, que são importantes na neutralização de células infectadas pelo vírus, foram observadas em 34% (12/35) e 53% (17/32) dos indivíduos após a 1ª e 2ª dose de vacina de RNA com uma baixa dose, estando presentes por pelo menos 6 meses

Em resumo, a vacinação com 25 μg de mRNA-1273 induz células T CD8 + de memória específicas para a proteína Spike do vírus, duráveis e presentes por pelo menos 6 meses.

Os autores também investigaram esses parâmetros em idosos, pois sabemos que há a imunosenescência

As células T CD4 + ou CD8 + específicas contra a Spike não foram reduzidas nos grupos de vacinados mais velhos em comparação com o grupo de idade de 18-55 anos.

As frequências dessas céls. de memória no dia 209 eram pelo menos igualmente fortes nos 2 grupos!

É relevante dizer que esse é um estudo pequeno, e embora o tamanho do estudo seja insuficiente para um exame aprofundado dos três grupos de idade, uma pequena redução nos anticorpos, mas não na memória das células T, foi observada em adultos mais velhos em comparação mais jovens

O artigo comenta que mais de 100 milhões de doses da vacina de 100 μg da Moderna foram administradas nos EUA até o momento. O trabalho, então, comparou as respostas imunológicas entre as doses de 25 μg e 100 μg da Moderna

Os títulos de anticorpos neutralizantes contra regiões específicas do vírus foram aproximadamente duas vezes maiores em vacinados de 100 μg (a que está sendo distribuida atualmente) em comparação com aqueles que receberam a dose de 25 μg, com ~2x mais céls. CD4 no grupo de 100μg

Por fim, os autores foram atrás da reatividade cruzada, que falei lá em cima. Os indivíduos foram testados e separados naqueles que apresentavam essa reatividade cruzada, e aqueles que não, para comparativo

Os autores observaram que a presença dessas células pode, de alguma forma, modular a resposta que o indivíduo faz após tomar a vacina, aumentando a resposta vacinal contra a proteína Spike, por exemplo! Além disso, após 6-7 meses, a resposta estava lá, forte, ainda!

Algumas implicações disso podem ser positivas, SE CONFIRMADAS EM UM ESTUDO MAIOR, no que tange a fabricação de futuras vacinas com uma dose menor (podendo fabricar mais).

Além disso, agrega-se um pouco mais de informação nessa questão da formação da memória

É possível que pessoas que tenham resposta a outros coronavírus possam se beneficiar dessa reatividade cruzada para modular a resposta imunológica após a vacinação. Mas vamos aguardar mais estudos, sem dúvida - e maiores :)

sanarmed.com/covid-19-a-imu…

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