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Este perfil é contraindicado para reacionários, populistas e apologistas de ditaduras. A persistirem os sintomas, uma biblioteca deverá ser consultada.

Jan 18, 2022, 20 tweets

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A ESLOVÊNIA:

Não, não estou falando da participante do Big Brother.

Estou falando da Eslovênia, o país - aquele que no fim da Segunda Guerra Mundial, junto com Bósnia e Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro e Sérvia, formava a República Socialista Federativa da Iugoslávia.

Nesse tempo, este sujeito aqui era o dono do pedaço: o Marechal Tito.

Embora as repúblicas iugoslavas até gozassem de certa autonomia, Tito detinha o poder supremo e governava ditatorialmente, sem oposição.

Em 1963, numa canetada, ele virou presidente vitalício da Iugoslávia.

Num ponto, no entanto, Tito merecia certo crédito: a Iugoslávia podia até oferecer menos direitos que as democracias, com uma polícia secreta violenta com opositores - mas o iugoslavo médio tinha mais liberdades que os habitantes de qualquer outro país comunista da Europa.

Tito, aliás, entrou em rota de choque com a União Soviética, num episódio conhecido como Ruptura Tito-Stalin.

O Marechal defendia uma Iugoslávia independente da URSS. E assim o fez.

Stalin ficou tão puto com ele que passou a ficar obcecado com a ideia de assassiná-lo.

Assim, a cortina de ferro foi desajeitadamente rompida por Tito.

Stalin reagiu com pelo menos 22 tentativas de assassinato contra o Marechal.

Stalin tentou assassinar Tito de todas as formas: com uma caixa de jóias que emitiria um gás mortal quando aberta, com um “mecanismo silencioso disfarçado de artigo pessoal” como uma caneta, e até mesmo infectando-o com a bactéria da peste bubônica.

independent.co.uk/news/world/eur…

Como revela Robert Service, Tito reagiu com uma carta a Stalin em 1948:

“Pare de enviar pessoas para me matar. Já capturamos cinco deles, um com uma bomba e outro com um fuzil. Se você não parar de enviar assassinos, enviarei um para Moscou e não terei que enviar um segundo.”

Hoje, alguns historiadores defendem a tese de que Stalin - oficialmente acometido por uma hemorragia cerebral causada por um derrame - morreu envenenado a mando de Tito.

dailymail.co.uk/news/article-2…

A ironia é que Stalin era reconhecidamente admirador desse método de assassinato.

Nesse tempo, os EUA e a URSS lideravam duas alianças militares: a OTAN e o Pacto de Varsóvia.

Em 1961, Tito foi um dos fundadores do Movimento Não Alinhado, que estabeleceu um bloco independente de nações com 120 países.

A primeira conferência do grupo aconteceu na Iugoslávia.

A Eslovênia é o único país europeu que sofreu com três regimes totalitários do século XX: fascismo, nazismo e comunismo.

Em 1941, a Itália tomou o sudoeste, incluindo Liubliana (a capital da Eslovênia), a Alemanha anexou o norte e a Hungria recuperou Prekmurje.

Com a derrota nazista, os comunistas, liderados por Tito, tomaram o poder de um bloco territorial importante dos Bálcãs, dividido em 6 estados constituintes (incluindo a Eslovênia) e 16 milhões de habitantes.

A capital ficava em Belgrado. 1/3 da população iugoslava era sérvia.

Até a década de 1980, a Eslovênia gozava de uma autonomia relativamente ampla dentro da Iugoslávia.

A Eslovênia tinha 1/10 da população total da Iugoslávia, mas era a mais produtiva das repúblicas iugoslavas, respondendo por 1/5 de seu PIB e 1/3 de suas exportações.

Em 1990, o PIB per capita da Eslovênia estava um pouco acima dos 10 mil dólares.

Ela permanece sendo a representante mais rica entre os países da extinta Iugoslávia.

Embora tenha sofrido consistentemente menos repressão que outros países comunistas, a Eslovênia teve 6.500 presos políticos durante 1948-1988 (dados oficiais), e milhares de mortos, vítimas da violência estatal (com muitos desaparecidos).

dailymail.co.uk/home/moslive/a…

Josip Tito morreu em 1980.

Após sua morte, uma série de reformas políticas e econômicas tomaram conta da Eslovênia, que conquistou a independência da Iugoslávia em 1991, com 95% de apoio popular.

Hoje o chefe de governo da Eslovênia é esse sujeito aqui: Janez Janša, de direita.

Hoje a Eslovênia é uma democracia consolidada e o país mais desenvolvido dos Bálcãs, com uma economia de alta renda (equiparável à Espanha) e um Índice de Desenvolvimento Humano alto (equiparável ao Japão e Luxemburgo).

Ela é parte da União Europeia, da OCDE e da OTAN.

A Eslovênia também aparece em destaque no bloco dos ex-países comunistas europeus, atrás apenas - mas muito próxima - da República Tcheca.

A Eslovênia é um país da Europa Central, com 2,1 milhões de habitantes (equivalente a Manaus), que faz fronteira com Áustria, Hungria, Croácia e Itália.

Entre os eslovenos que você provavelmente conhece estão Slavoj Žižek e Melania Trump.

Ah, a Eslovênia também já abrigou 5 edições do Big Brother.

A última edição teve como vencedora a enfermeira Mirela Lapanović. Ela faturou 50 mil euros.

Mirela perdeu a guarda do filho após aparecer no programa transando com um colega de confinamento.

noticias.r7.com/hora-7/fotos/m…

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