Pensar a História Profile picture
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Feb 9, 2022, 22 tweets

Herói de três nações: há 110 anos nascia Apolônio de Carvalho. Apolônio lutou na Guerra Civil Espanhola, combateu os nazistas na Segunda Guerra Mundial e lutou contra a ditadura militar brasileira. Foi membro fundador do PT e preencheu a 1ª ficha de filiação do partido.

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Apolônio nasceu em Corumbá, MS, em 9 de fevereiro de 1912, filho de um militar sergipano e de uma dona de casa gaúcha. Foi cadete da Escola Militar do Realengo, onde foi influenciado pelo movimento tenentista, passando a se interessar pelos ideais revolucionários.

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Serviu como oficial de artilharia do exército em Bagé, onde travou contato com a Aliança Nacional Libertadora (ANL) — frente política antifascista que fazia oposição ao integralismo. Em novembro de 1935, Apolônio participou do Levante Comunista.

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A insurreição foi debelada pelas forças legalistas, resultando na prisão dos militantes da ANL. Sob o comando de Filinto Müller, o governo Vargas instituiu uma brutal repressão contra os comunistas. Apolônio foi preso e enviado para a Casa de Correção do Rio de Janeiro.

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Na prisão, conheceu Luís Carlos Prestes, Olga Benário e Graciliano Ramos (que descreve a experiência no livro "Memórias do Cárcere"). Em junho de 1937, após a destituição de sua patente e subsequente expulsão do exército, Apolônio foi libertado.

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Após se filiar ao Partido Comunista do Brasil (antigo PCB), Apolônio ingressou nas Brigadas Internacionais ao lado de outros 20 brasileiros e partiu para a Europa, onde lutou contra as forças fascistas de Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola.

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Derrotadas as forças republicanas, Apolônio partiu para a França, permanecendo detido com outros brigadistas no campo de refugiados de Gurs. Com a Queda da França diante das tropas nazistas, Apolônio fugiu para Marselha. Em 1942, juntou-se à Resistência Francesa.

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Apolônio comandou uma guerrilha em Lyon e seguiu combatendo os invasores nazistas durante toda a Segunda Guerra. Em janeiro de 1944, liderou o ataque à prisão de Nîmes, libertando 23 partisans aprisionados pelos alemães.

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Em agosto do mesmo ano, combateu nas campanhas de libertação de Carmaux, Albi e Toulouse. Em reconhecimento aos seus feitos na luta contra o nazismo, Apolônio foi declarado Herói da França e condecorado com a Legião de Honra.

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Com o fim da Segunda Guerra, Apolônio retornou ao Brasil, já casado com a militante comunista Renée France Laugery, mãe de seus dois filhos. Militou clandestinamente após a cassação do registro eleitoral do PCB e em 1953, exilou-se na União Soviética.

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Retornou ao Brasil em 1957, colaborando com a formação das Ligas Camponesas. Apoiou o governo de João Goulart e as reformas de base. Após o golpe militar de 1964, Apolônio juntou-se à oposição ao regime e passou a ser perseguido pela ditadura militar.

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Incomodado com a resistência do PCB em aderir à luta armada contra o regime militar, Apolônio, Mário Alves, Jacob Gorender e outros dissidentes romperam com a agremiação e fundaram o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).

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O PCBR conduziu algumas operações, mas tornou-se alvo preferencial dos aparelhos repressivos após a promulgação do AI-5. Em janeiro de 1970, Apolônio e Gorender foram presos e torturados. Os filhos de Apolônio foram detidos no mês seguinte e Mário Alves foi executado.

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Em junho de 1970, Apolônio e outros 39 presos políticos foram libertados em troca da soltura de Ehrenfried von Holleben, embaixador da Alemanha Ocidental que havia sido sequestrado durante uma operação conjunta conduzida pela ALN e VPR. Exilou-se então na Argélia.

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Seu filho, René-Louis, foi libertado no ano seguinte, em outra operação que envolveu a libertação de 69 presos políticos em troca da soltura de Giovanni Bucher, embaixador da Suíça. Em 1972, Raul também foi libertado. Renée deixou o Brasil e a família se exilou na França.

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No mesmo ano, o PCBR foi desarticulado, após sofrer uma violenta campanha repressiva, motivada pelo envolvimento de membros do partido no ataque que matou David Cuthberg, membro da força-tarefa da marinha britânica no Rio de Janeiro.

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Em Paris, a família Carvalho se ocupou de instituir uma rede de apoio aos exilados brasileiros e manteve-se ativa na articulação da oposição à ditadura, mas só retornou ao Brasil em outubro de 1979, após a promulgação da Lei da Anistia.

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Após o regresso, Apolônio aproximou-se de Lula e das demais lideranças do Novo Sindicalismo, dando apoio às greves dos metalúrgicos do ABC Paulista. Em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e assinou a primeira ficha de filiação do partido.

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Encorajados por Apolônio, remanescentes do PCBR também ingressaram no PT no início dos anos 80, dando origem à tendência "Brasil Socialista", que tem como foco a luta pela reforma agrária e mantém vínculos com o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST).

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Apolônio integrou a campanha das Diretas Já e das mobilizações em prol da redemocratização e permaneceu ativo na direção e nas campanhas eleitorais do PT até 1987, quando se afastou das atividades partidárias por orientação médica.

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Seguiu, entretanto, vinculado à mobilização camponesa, prestando apoio ao MST. Em 1997, lançou um livro autobiográfico intitulado "Vale a Pena Sonhar", que inspirou o documentário homônimo sobre sua vida, produzido por Stela Grisotti e Rudi Böhm.

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Sua vida também inspirou Jorge Amado a escrever a obra "Os Subterrâneos da Liberdade", trilogia abordando a luta de classes e o imperialismo. Apolônio de Carvalho faleceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 2005, aos 93 anos de idade.

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