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"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Mar 4, 2022, 24 tweets

Monumento a Stepan Bandera, em Lviv, Ucrânia. Bandera foi um dos principais colaboradores da Alemanha nazista e líder da OUN, organização responsável por diversos crimes de guerra, incluindo o extermínio de judeus de Lviv e o massacre dos poloneses de Galícia e Volínia.

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Influenciado pelas ideias nacionalistas desde a juventude, Bandera assumiu o posto de líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) no início da década de 30. A organização de extrema-direita reivindicava a criação um novo Estado ucraniano independente...

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...rechaçando as ideias marxistas e os vínculos socialistas da República Soviética da Ucrânia. Em 1934, Bronislaw Pieracki, Ministro do Interior da Polônia, foi assassinado durante uma ação armada perpetrada pela OUN, que demandava a emancipação da Ucrânia Ocidental.

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Bandera foi preso e condenado à morte, mas teve a sentença comutada em prisão perpétua. Após a eclosão da Segunda Guerra Mundial e a invasão da Polônia pela Alemanha, Bandera, conhecido por suas ideias antissemitas e anticomunistas, foi libertado da prisão pelos nazistas.

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Bandera passou a prestar apoio às tropas nazistas através da criação de grupos expedicionários. Ligado à Gestapo e à Abwehr, fundou os batalhões de Nachtigall e Roland e lançou as bases para criação do Exército Insurgente da Ucrânia (UPA), braço armado da OUN.

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Em junho de 1941, após a invasão da República Soviética da Ucrânia pela Alemanha nazista, Bandera tentou articular a fundação de um Estado ucraniano unificado, comprometendo-se a torná-lo uma nação vassala do Terceiro Reich, "sob a liderança de Adolf Hitler".

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O governo alemão, entretanto, suspeitou das intenções de Bandera, presumindo que o líder da OUN pretendia substituir o domínio nazista na Ucrânia. Bandera teve sua prisão domiciliar decretada e foi posteriormente detido em Sachsenhausen.

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Com a reação soviética ganhando força desde a Batalha de Stalingrado, os oficiais alemães decidiram libertar Bandera, julgando que o ucraniano poderia ajudar a articular operações paramilitares e atos de sabotagem contra o Exército Vermelho.

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Bandera tornou-se então um dos principais colaboradores nazistas, recrutando nacionalistas ucranianos para os batalhões da OUN/UPA e engrossando o efetivo das operações militares conduzidas pela Wehrmacht.

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O pensamento ultranacionalista de Bandera era, na prática, uma adaptação do ideário nazista. A OUN defendia a eugenia e a criação de uma "raça ucraniana pura", argumentava em favor da subjugação de russos e poloneses, do antissemitismo e do anticomunismo.

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Bandera compartilhava a ideia de que os judeus haviam inventado o comunismo para "destruir a civilização, as tradições familiares e os valores cristãos". O programa da OUN preconizava que "russos, poloneses e judeus hostis devem ser eliminados"...

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...e defendia ações como a deportação, desapropriação das terras e erradicação da cultura das etnias consideradas "inferiores". Ao lado das tropas nazistas, a OUN conduziu diversos massacres e atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial.

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A Organização dos Nacionalistas Ucranianos participou do massacre dos poloneses de Volínia e da Galícia, que resultaram na morte de aproximadamente 100 mil pessoas, parte substancial das quais eram mulheres, crianças e idosos.

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A OUN também coordenou os chamados pogroms de Lviv — série de massacres cometidos contra a comunidade judaica ucraniana. Os judeus eram torturados, espancados e humilhados publicamente. As mulheres eram despidas à força e estupradas.

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Mais de 15.000 judeus morreram durante os pogroms da OUN e outros milhares foram deportados para campos de extermínio. Estima-se que cerca de um milhão de judeus ucranianos foram mortos pelos nazistas e colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial.

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Após o término da Segunda Guerra Mundial e a derrota da Alemanha nazista, a OUN foi convertida em uma organização associada ao MI6, o serviço secreto do Reino Unido, passando a receber financiamento do governo britânico.

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Uma facção da organização, liderada por Mykola Lebed, também passou a colaborar com a CIA. Outro ramo da OUN daria origem ao Bloco das Nações Antibolcheviques, uma das mais influentes organizações anticomunistas do Leste Europeu.

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Stepan Bandera foi eliminado em 15 de outubro de 1959, envenenado pelo agente soviético Bohdan Stashynsky, da KGB, alegadamente por ordens de Nikita Kruschev.

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Com a dissolução da URSS e o fortalecimento da extrema-direita após a Revolução Laranja, o reconhecimento da figura de Stepan Bandera como "herói nacional" e "pioneiro da libertação ucraniana" tornaram-se reivindicações cada vez mais frequentes dos ultranacionalistas.

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Em 2010, o presidente ucraniano Viktor Yushchenko chegou a conceder o título de "Herói Nacional" a Stepan Bandera. O título foi revogado pelo sucessor de Yushchenko, Viktor Yanukovich.

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Não obstante, o golpe de 2014, que derrubou Yanukovich e consolidou a ascensão da extrema-direita do Euromaidan, abriu caminho para a glorificação de Stepan Bandera e de diversos outros colaboradores nazistas.

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O líder da OUN ganhou monumentos, museus e placas decorativas em centenas de cidades, emprestou seu nome para logradouros e instituições culturais e virou tema de filmes e documentários financiados pelo governo.

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O governo ucraniano também determinou a intervenção nos livros escolares e censura editorial, ordenando a remoção de conteúdos e banindo obras que mencionassem os vínculos entre Stepan Bandera e o genocídio de poloneses e judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

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Veja também nossa thread sobre monumentos aos colaboradores nazistas reabilitados pelo governo ucraniano 👇

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