Pensar a História Profile picture
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Mar 10, 2022, 16 tweets

O historiador britânico Robert Conquest, autor de "The Harvest of Sorrow", é o principal promotor da tese de que Stalin teria matado cerca de 20 milhões de pessoas ao longo da década de trinta e um antigo proponente da tese do "Holodomor".

1/14

Conquest trabalhou para o Departamento de Pesquisa de Informação, um braço do Serviço Secreto Britânico empenhado em subsidiar ações de inteligência contra governos vistos como inimigos do Reino Unido — incluindo a União Soviética.

2/14

Também é autor de um conhecido panfleto anticomunista histérico denominado "O que fazer quando os comunistas chegarem: um manual de sobrevivência", um clássico do humor involuntário, descrevendo monstros comunistas destruindo os alicerces da civilização ocidental.

3/14

Para calcular o número de pessoas que Josef Stalin teria matado, Robert Conquest utilizou-se da projeção da taxa de crescimento demográfico da União Soviética, baseando-se nos dados da década de vinte.

4/14

Isso é, Conquest traçou uma linha de crescimento demográfico imaginária tomando por referência as taxas de natalidade e mortalidade dos anos vinte e estendeu esses valores até o fim dos anos trinta. Em seguida, comparou o resultado do seu cálculo à população efetiva.

5/14

A diferença, diz Conquest, equivaleria ao número de pessoas que Stalin teria matado. A metodologia carece de sentido, pois é baseada na contagem de indivíduos que nunca existiram, pressupondo que a taxa de natalidade teria permanecido inalterada ao longo de 2 décadas...

6/14

...mesmo em meio a conflitos e ao processo de industrialização, cenários tradicionalmente marcados pela redução da taxa de natalidade. Além disso, o levantamento atribui genocídio como única explicação possível para a redução do ritmo de crescimento populacional de um país.

7/14

Em 2008, um pesquisador russo chamado Boris Borisov publicou um artigo denominado "A Fome Americana" (“The American Famine”). O artigo afirmava que mais de 8,5 milhões de estadunidenses haviam morrido de fome durante a Grande Depressão.

8/14

Para chegar ao montante, Boris utilizou a mesma metodologia defendida por Conquest: calculou a diferença entre a tendência da taxa de crescimento demográfica dos Estados Unidos antes da Crise de 1929 e o número efetivo de habitantes que o país tinha no fim dos anos trinta.

9/14

A diferença entre a taxa projetada e o índice efetivo era de 8,5 milhões de habitantes. Como não havia registro de migração compatível com esse número, Borisov alegou que a única explicação plausível para o "sumiço" é a morte em massa de estadunidenses por fome.

10/14

Curiosamente, os mesmos acadêmicos ocidentais, ideólogos e veículos de mídia que tratam as alegações de Robert Conquest como "verdade revelada" consideraram a pesquisa de Borisov como "pseudociência" e "panfletagem política".

11/14

O próprio Borisov, na verdade, afirmou não acreditar nos números que apresentou, que não são compatíveis com as evidências historiográficas conhecidas. Afinal, assim como na Rússia, não há valas, ossadas, evidências materiais que evidenciem que tal fenômeno ocorreu.

12/14

Apesar disso, Boris decidiu publicar a pesquisa para comprovar que a metodologia utilizada por Conquest e outros acadêmicos ocidentais é um mero truque estatístico, sem qualquer confiabilidade científica, que permite, literalmente, criar milhões de mortes do nada.

13/14

A revelação causou um certo frisson nos círculos acadêmicos, mas foi abafada na imprensa ocidental. O artigo da Wikipedia anglófona sobre a pesquisa de Borisov foi deletado.

14/14

Entrevista de Boris Borisov sobre a "fome americana" no Russia Today

Artigo de Boris Borisov sobre a "fome americana" (em inglês).

northstarcompass.org/nsc0903/amholo…

Share this Scrolly Tale with your friends.

A Scrolly Tale is a new way to read Twitter threads with a more visually immersive experience.
Discover more beautiful Scrolly Tales like this.

Keep scrolling