Pensar a História Profile picture
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Mar 15, 2022, 15 tweets

Nenhum país é alvo de tantos boatos quanto a Coreia do Norte. A campanha de vilificação contra a nação asiática é tão exasperada que assume contornos de caricatura. Um dos boatos mais difundidos assegura que o país reprime brutalmente os religiosos, sobretudo os cristãos.

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O boato foi fartamente replicado pela mídia brasileira, em especial pelos grupos de mídia ligados às igrejas neopentecostais, tais como a Record TV.

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A multimilionária ONG evangélica Open Doors ("Portas Abertas"), fundada pelo anticomunista Anne van der Bijl, chegou a divulgar um estudo, sem quaisquer fontes ou referências, afirmando que "ser descoberto como um cristão é uma sentença de morte na Coreia do Norte".

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A nação asiática estaria prendendo, segundo essa organização, de 50 a 70 mil cristãos todos os anos. A Bíblia seria um livro proibido e a comunidade cristã teria de manter sob absoluto sigilo a sua crença para sobreviver a execuções sumárias.

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O boato não tem qualquer fundamento. A liberdade de crença é assegurada pela Constituição da República Popular da Coreia, que garante não apenas o direito de professar uma religião, como também de constituir associação religiosa, construir templos e celebrar ritos.

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O país possui várias associações, comunidades e igrejas cristãs, incluindo denominações católicas, protestantes e ortodoxas.

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A única universidade particular existente na Coreia do Norte é justamente uma instituição religiosa, mantida por denominações evangélicas estadunidenses e missionários cristãos — a Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang.

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A afirmação de que Bíblias são proibidas na Coreia do Norte é igualmente falsa. Bíblias são regularmente impressas pelas editoras estatais, distribuídas pelas igrejas cristãs aos seus fiéis, compõem os acervos das bibliotecas e podem circular livremente.

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Missões evangélicas estrangeiras também visitam o país com frequência. O reverendo estadunidense Franklin Graham, filho do famoso pregador batista Billy Graham e CEO da Samaritan's Purse, esteve no país inúmeras vezes organizando atos e cerimônias religiosas.

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Não há restrições civis ou políticas a fiéis de quaisquer religiões, sendo plenamente facultado aos crentes o direito de filiação partidária e candidatura aos cargos eletivos. A maioria dos norte-coreanos, entretanto, são irreligiosos.

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De cada três norte-coreanos, dois se identificam como ateus ou agnósticos. Dentre os crentes, predominam as filosofias e religiões tradicionais da Ásia.

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A principal religião do país é o chondoísmo, que possui princípios alinhados à filosofia Juche, congregando 3 milhões de adeptos (ou 12% da população coreana). O país também possuí uma comunidade budista significativa (1 milhão de seguidores).

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Em conformidade com o status de Estado laico, a Coreia do Norte limita a prática do proselitismo religioso em áreas públcas. É proibido o uso da religião para obter ganhos financeiros ou para subverter a ordem política.

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A imposição de tradições religiosas sobre o conjunto da sociedade também é vetada — tanto para as crenças tradicionais asiáticas quanto para as demais. Não existem, portanto, feriados religiosos ou celebrações estatais de cunho confessional.

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Mais informações e referências no artigo do CEPS Brasil sobre o cristianismo na Coreia do Norte.

cepsongunbr.com/2019/09/17/o-c…

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