Gabriel Boente🌾 Profile picture
Analista de Ações na Options Research | CNPI 3424 | Agro, tech e acidez em memes | Criador da melhor newsletter do mercado |

Feb 1, 2023, 16 tweets

Dificilmente, uma empresa se torna campeã nacional de seu setor sem aquela ajudinha do governo.

Normal! Faz parte do jogo!

O que muita gente não sabe é sobre a relação da Klabin (#KLBN11) com o Governo Vargas e o Paraná!

Não se preocupe! Eu vou te contar agora nessa thread!

Na virada da década de 30, a Klabin queria expandir e construir uma indústria de papel e celulose.

Mas, o período não era fácil: teve a quebra da bolsa de Nova York em 1929 e golpe de Estado da Revolução de 30.

Com a chegada da Era Vargas, o governo brasileiro mudou.

Os antigos 'Presidentes de Estado' (tipo os governadores) foram substituídos por 'Interventores Federais', que eram aliados políticos de Vargas.

Um deles era Manuel Ribas, nomeado interventor do Paraná em 1932.

Em 1932, Ribas queria implantar uma indústria de papel e celulose no Paraná.

A ideia veio após o banco estadual executar a falência de uma empresa francesa de exploração florestal.

A fazenda de pinheiros Monte Alegre, com 144 mil ha, foi um dos ativos que ficou com o governo.

Quem assumiria essa bronca?

Ribas lembrou de seu amigo Wolff Klabin, que era executivo e um dos nomes forte da empresa de papel da família.

Dps de um papo com o chefe Vargas, Ribas propôs a Wolff que a Klabin arrematasse a fazenda (com ajudinha de grana do governo, é claro)

A Klabin arrematou a fazenda em 1934.

Ali eles instalaram a primeira fábrica integrada de produção de papel, que foi a maior do país por muitos anos.

Maaaaas quem acha que a Fazenda Monte Alegre foi o único favorecimento do Governo Vargas à Klabin, está enganado.

A Segunda Guerra Mundial (2GM) estourou em 39 e prejudicou a economia BR (não só ela, mas tbm ela), pois dependíamos muito de importações.

Vargas entendia que o Brasil precisava ser autossuficiente em duas indústrias: aço (abs #CSN3) e papel de jornal.

Sobre papel de jornal, Vargas não pensou duas vezes pra quem oferecer o monopólio: Assis Chateaubriand, o Chatô.

Mas, Chatô recusou. Ele não tava interessado em assumir uma indústria (ele só dava as notícias mesmo).

Vargas então pediu que ele recomendasse alguém...

Advinha quem era amigo de Chatô? Wolff Klabin! Que foi convidado a ir no Palácio do Catete no dia seguinte (com seu primo Horácio Lafer) pra ouvir a proposta.

Apesar de não pilharem muito em fazer uma indústria no meio da guerra, um ditador como Vargas pode ser bem persuasivo...

Além de receberem várias facilidades de acesso a crédito do governo, também foi prometido um monopólio da Klabin no setor, o que não acabou acontecendo.

Mas Vargas exigiu que a Klabin cedesse 20% do novo empreendimento para a Monteiro Aranha (#MOAR3), uma galera prox a Getúlio

Chatô não soube desse lance dos 20% e foi tirar satisfação com o ditador... e aí ele entendeu!

Em plena 2GM, Vargas deu 80% de uma indústria a um grupo de origem judaica. O resto, ficou com um grupo que tinha boas relações com o governo alemão.

Vargas ia com gregos e troianos

Lenda ou não, as Indústrias Klabin do Paraná de Celulose (IKPC) S.A. saiu do papel em 1941.

5 anos depois, a IKPC S.A. começou a operar e, em pouco tempo, já era uma das principais fornecedoras de papel de jornal do Brasil.

Um bom ditador precisa da mídia ao seu favor, né?

Enquanto isso, os primos Wolff e Horácio continuaram sendo peças importantes para os novos negócios e aprimoramento da Klabin.

E uma curiosidade é que a Monteiro Aranha é acionista relevante da Klabin até hoje (e tem cadeira no Conselho de Administração)

Fontes:

Artigo - historia.uff.br/polis/files/te…

Livro - Chatô (Fernando Morais)

RI KLBN11 - klabin.com.br/nossa-essencia…

Curtiu a história? Dá aquele like e RT pra mais pessoas verem.

E considere me seguir pra acompanhar mais histórias interessantes da agroindústria brasileira (e memes do mercado)

abs e até a próxima!

Achei esse relato aqui do Israel Klabin. Muito maneiro tbm

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